Exportações de medicamentos recuam 20% em dois anos

Já as importações recuaram 13,5% no mesmo período

Uma combinação de atividade econômica fraca domesticamente – e nos principais parceiros comerciais – e lentidão no desenvolvimento de pesquisa científica está provocando desempenho negativo da balança do setor farmacêutico brasileiro – importações, exportações, corrente de comércio e saldo – desde o início da recessão, em 2014, revertendo trajetória positiva em anos anteriores.

A partir do início da crise, há dois anos, até o fim do primeiro semestre de 2016, as exportações de medicamentos tiveram queda de quase 20%. Já as importações recuaram 13,5% no mesmo período. E a corrente de comércio do segmento caiu 15%, para US$ 7,58 bilhões, o que explica a redução também do déficit comercial em 12%, para US$ 5,05 bilhões.

Importante indicador industrial e referência para o governo controlar o abastecimento de medicamentos, a balança comercial da saúde em processo de deterioração preocupa, pois sugere problemas de produtividade da indústria farmacêutica e risco de desabastecimento no Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo em cenário de câmbio desvalorizado.

“A melhor coisa que podia acontecer é termos redução do déficit comercial com aumento das exportações, mas a indústria farmacêutica vem perdendo espaço. Está mais difícil exportar e mais fácil importar, mas com o desaquecimento econômico até as importações estão caindo”, diz o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo. “Além disso, países com peso importante na nossa pauta comercial estão comprando menos, estão enfrentando dificuldades econômicas enormes”, afirma. 

Outro fator que contribui para o déficit é a lentidão que as empresas enfrentam no processo de inovação e desenvolvimento de pesquisa. “Competitividade, carga tributária, infraestrutura. Tudo isso conta, mas é inovação que pesa mais. O mercado interno será sempre pequeno para o setor, então temos que nos colocar no mercado global de maneira mais dinâmica. É muito demorado aprovar pesquisas clínicas no Brasil”, diz Bernardo.

 

Foto: Shutterstock 

 

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