Sabemos que a poluição causa vários males à saúde respiratória, mas o que um estudo alemão publicado este ano afirma é que a impureza do ar, quando sofre ação da radiação solar, também pode prejudicar a pele, potencializando o envelhecimento e a formação de melanoses, caracterizadas por manchas hiperpigmentadas e acastanhadas. Esta conclusão é baseada em evidências epidemiológicas e de acordo com o estudo, a exposição da pele ao material particulado (partículas sólidas e líquidas suspensas no ar) e ao dióxido de nitrogênio (NO2) está associado a um risco maior de desenvolver manchas pigmentadas na face.
A dermatologista Dra. Flávia Addor, revela que além da poluição, o envelhecimento da pele tem forte influência da radiação ultravioleta A (UVA), que incide de forma constante no corpo ao longo de todo o dia, não somente das 10h às 15h, período que predomina a incidência dos raios ultravioleta B (UVB). “A faixa UVA adentra profundamente a pele. Assim, chegando até a derme, e seu efeito é acumulativo pelo tempo, mesmo sem queimaduras aparentes”, alerta.
Em resposta ao que cada radiação pode provocar na pele desprotegida, a médica explica que os raios UVA causam a aceleração de danos dérmicos que levam ao envelhecimento, hiperpigmentação e doenças fotoalérgicas (alergias desencadeadas pelo sol). Já os raios UVB são os principais envolvidos no câncer de pele, queimaduras de sol e redução da função de defesa da pele.
Como proteger a pele dos raios solares e poluição
O cuidado diário em grandes centros urbanos, com maior poluição, deve contemplar um produto com filtro solar para raios UVB e UVA, assim como antioxidantes, que formam uma segunda linha de defesa contra os danos sub clínicos, que ocorrem de forma acumulada na pele. “O cosmético deve garantir a adesão diária.
Já a proteção para a exposição solar direta, como piscinas, praias, atividades ao ar livre, também deve considerar uma defesa ampla, mas deve conferir resistência à água e ao suor, por ser usado em um ambiente potencialmente mais nocivo”, aborda Flávia Addor.
Para a médica, o fator de proteção solar mínimo deve ser de 30, tanto na cidade como em climas litorâneos. FPS acima disso deve ser usado não somente em exposições diretas, mas também por grupos específicos, como crianças, pessoas com antecedentes de câncer de pele, tratamentos dermatológicos ou doenças agravadas pelo sol (fotodermatoses).
“Na exposição direta, também se deve usar FPS alto. Isso porque sabemos que, na aplicação mais descuidada, o FPS de rótulo pode ser reduzido para 30% ou mais. A proteção para o UVA deve ser pelo menos de 1/3 em relação ao UVB. E para assegurarmos a eficácia, o ideal é reaplicar a cada 2 horas, ou após exercício, mergulho e sudorese”, explica a dermatologista.
Somado a isso, para a proteger a pele das impurezas do ar, segundo o estudo citado acima, produtos cosméticos antipoluição contendo antioxidantes são eficazes na redução ou prevenção desse aumento na pigmentação da pele.
Como tratar manchas e outros sinais do envelhecimento da pele
Há vários diagnósticos para os danos causados por essa exposição solar, como melasma, melanose, hiperpigmentação pós-inflamatória, entre outros. Para a correta identificação e tratamento é fundamental buscar orientação profissional.
Atualmente os médicos podem contar com o auxílio do Skin Aging In Longevity Assessment (SAILA), para identificar os perfis de envelhecimento da pele. São eles : oxidativo, glicante, mutagênico, inflamatório e metabólico, e, com isso, direcionar um tratamento preventivo e personalizado. O software de inteligência artificial e recém lançado foi idealizado pela própria Dra. Flávia Addor.
O excesso de radiação solar na pele sem proteção solar, pode causar mutagenicidade (perfil mutagênico), que significa mutação do DNA das células. “Já os perfis oxidativo e inflamatório também tem íntima relação com a exposição solar. Isso visto que a radiação UV, visível e infravermelha são oxidativas, e os fenômenos oxidativos facilitam a instalação de uma microinflamação”, finaliza a especialista.
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Fonte: Dra. Flavia Addor