Cada vez mais as tecnologias em relação aos dispositivos médicos promovem maior conforto aos usuários para a administração de medicamentos. Entretanto, sua utilização requer aprendizados específicos para que possam ser utilizados de maneira a estarem asseguradas a efetividade e a segurança do medicamento ou de outras situações.
A classe das tecnologias assistidas envolve produtos que podem ser usados tanto por profissionais de saúde como pelos usuários de medicamentos, podendo também ser empregados pelo paciente no ambiente doméstico. Considerando-se que o farmacêutico está em contato direto com o usuário de medicamento e que esse tem acesso para a orientação correta do uso de dispositivos médicos, particularmente, em relação às canetas para injeção de insulina para o diabetes, quando injetada de maneira incorreta poderá gerar crises de hipoglicemia ou hiperglicemia, e a insulina está inserida na lista de Medicamentos de Alto Risco pela Organização Mundial da Saúde.
Aplicação da injeção de insulina
A via usual para a injeção de insulina é a subcutânea (SC). A extensa rede de capilares possibilita a absorção gradativa da insulina e garante o perfil farmacocinético descrito pelo fabricante. A velocidade de absorção das insulinas humanas é discretamente maior quando elas são injetadas no abdome e, seguidamente, em braços, coxas e nádegas.
Quanto aos análogos de insulina humana, a absorção é semelhante em todas as regiões de aplicação recomendadas. Estudos evidenciam a importância da educação em saúde ao paciente diabético no uso correto das canetas.
Os principais erros associados à injeção de insulina podem ser: falta de rodízio de locais de aplicação, reutilização de agulhas, injetar insulina por cima de roupas, falta ou incorreta realização de calibração do dispositivo antes de sua utilização, seleção incorreta de dose, vazamento de doses após as injeções, ângulo de injeção incorreto, agulha entupida, desacoplamento incorreto de agulha após injeção, compartilhamento de canetas e o tempo incorreto de espera para a remoção do dispositivo.
Portanto, a educação da prática correta pelo farmacêutico é fundamental para os usuários não terem comprometimento da efetividade, além da segurança do medicamento.
Erros na aplicação
Dentre os inúmeros problemas, podemos destacar que a falta de rodízio de locais de aplicação que poderá desencadear inúmeras consequências como a lipo-hipertrofia, ou seja, um espessamento do tecido subcutâneo que poderá interferir na quantidade da insulina sistêmica. Lipodistrofia é uma alteração no tecido subcutâneo, nos locais utilizados para aplicar insulina, sendo as suas principais manifestações a lipoatrofia e a lipo-hipertrofia. Nesta última, há acúmulo de gordura nos locais em que mais se aplica insulina por via SC, formando nódulos endurecidos sob a pele. É o tipo mais comum de lipodistrofia.
Um dos grandes desafios segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes é educar para o autocuidado e manejo da terapia com insulina que requer considerar as características únicas e peculiaridades da criança, adolescente, adulto, idoso e gestante. Além disso, devem-se considerar o impacto e o momento emocional de cada pessoa em relação à terapia com insulina.
Todos devem ser encorajados a expressarem seus sentimentos sobre aplicar insulina, principalmente os medos, frustações e todos os tipos de dificuldades.
Após explicar e/ou demonstrar as técnicas de preparo e aplicação de insulina, o profissional deve solicitar ao paciente, ao familiar ou ao cuidador a repetição do que foi apresentado, para avaliar o aprendizado.
Um material educativo escrito poderá ser elaborado e deverá acompanhar as ações de educação em saúde e entregue para que as orientações possam ser seguidas corretamente.
Fontes consultadas:
– SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020.
– SPOLLETT et al. Improvement of insulin injection techinique: examination of current issues and recommendations. Diabetes Education, v.42, n.4, p.379-394, 2016.
– WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication safety in High-risk Situations. Geneva: World Health Organization; 2019 (WHO/UHC/SDS/2019.10). Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
Qual a importância da farmacovigilância para a saúde da população?
Foto e fonte: Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Maria Aparecida Nicoletti
Foto: Maria Aparecida Nicoletti