A Anvisa considera que as principais redes de farmácia do Brasil cometeram irregularidades sanitárias ao fazerem propagandas do remédio Mounjaro. A caneta para tratamento de diabetes, e que tem sido muito procurada por levar a uma expressiva redução de peso, chegou ao Brasil este mês com tarja vermelha e foi amplamente divulgada nos sites e redes sociais das farmácias.
Recebem a tarja vermelha medicamentos que oferecem risco intermediário de efeitos adversos e que, por isso, têm a venda controlada mediante prescrição médica. Normas da Anvisa proíbem publicidade de remédios desse tipo.
As propagandas
Em um dos exemplos, uma médica aparece em vídeo das redes Drogasil e Droga Raia, informando sobre o novo medicamento. Nas imagens, a médica endocrinologista anuncia que o medicamento já está disponível e explica os benefícios.
Pessoal, vocês viram que o Mounjaro está começando a ser comercializado no Brasil. Sei que muita gente estava esperando essa notícia. E a Raia e a Drogasil me chamaram para contar isso aqui para vocês.
Para a assistente da Gerência de Inspeção e Fiscalização de Medicamentos da Anvisa, Diana Garcia Nunes, esses anúncios são irregulares.
“Uma vez que são medicamentos de tarja vermelha, sob prescrição médica, não pode ter nenhum tipo de publicidade. E entendemos que essa entrega via Whatsapp ou outra dizendo que o remédio vai chegar, isso é entendido como publicidade. E qual é o problema? Isso pode gerar um estímulo ao uso indiscriminado do medicamento”.
Possíveis punições
Técnicos da Anvisa já analisam possíveis punições contra as redes Drogaria São Paulo, Drogarias Pacheco, Drogasil e Droga Raia. As autuações podem chegar a um milhão e meio de reais, interdição ou cassação do alvará de funcionamento.
Nos últimos 5 anos, a Anvisa identificou ao menos 140 casos de publicidades de remédios que infringem as regras.
Alguns clientes da rede de farmácias Drogaria São Paulo receberam mensagens de Whatsapp informando sobre a venda antecipada do Mounjaro. A prática é criticada por Gonzalo Vecina, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa.
“São medicamentos que exigem receita porque o risco de tomar e ter efeitos colaterais graves é muito elevado. Não é aceitável esse tipo de comportamento das farmácias. Isso deve ser denunciado e a vigilância sanitária tem que tomar as providências cabíveis, autuando esses estabelecimentos”.
Diana Nunes, da Anvisa, afirma que essa é a primeira vez que a agência recebe relatos de pré-venda de medicamentos. E reconhece que a fiscalização da publicidade online e por Whatsapp ainda é um desafio.
O que dizem as redes
As redes Drogaria São Paulo e Drogarias Pacheco, que fazem parte do mesmo grupo, informaram que trabalham com comunicações informativas e em conformidade com as normas regulatórias.
O grupo RD Saúde, das empresas Drogasil e Droga Raia, informou que “toda a comunicação da RD Saúde atende às determinações da legislação”.
Fonte: CBN
Foto: Shutterstock
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