Fiocruz projeta pico de internados pela Covid-19 com mais de 80 anos no Rio e em São Paulo

Capital fluminense vê alta de 10% de hospitalizações. Variante Delta, queda da proteção vacinal e relaxamento de restrições são hipóteses para mudança

Novo estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)revela que estão subindo os indicadores de casos e mortes pela Covid-19 entre idosos no Rio de Janeiro.

O número de pessoas com mais de 80 anos internadas no Estado atingiu o maior patamar desde o início da pandemia: 848 em uma semana, com 175 mortos.

É a primeira vez, desde fevereiro, que a quantidade de mortos pela doença aumenta entre as pessoas com mais de 60 anos.

Dessa maneira, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio contabiliza alta de 10% nas hospitalizações, em todas as faixas etárias, e já reabre leitos Covid-19 que haviam sido fechados.

Em São Paulo

Os pesquisadores da Fiocruz ainda estão trabalhando nos dados de São Paulo.

Adiantam, porém, que a tendência de aumento de casos e mortes entre idosos paulistas é similar à do Rio. O governo paulista apontou queda de 8% nas hospitalizações, sem detalhar os dados por faixa etária.

Hoje, o Estado elimina as restrições de horário e ocupação em estabelecimentos comerciais, o que preocupa, portanto, especialistas diante do risco de aumento do contágio.

O governo diz que a retomada segue parâmetros de segurança.

De acordo com os pesquisadores, três fatores, contudo, podem explicar a escalada da Covid-19 entre os idosos.

Um dos motivos é o relaxamento das medidas restritivas e o outro é a perda gradativa da proteção vacinal entre os mais velhos.

Fator Delta

Outro problema é a variante Delta, mais transmissível, que se espalha com rapidez no Rio.

De acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa cepa já é responsável por 56,6% dos casos.  

Para o pesquisador Marcelo Gomes, da Fiocruz, que também participou do levantamento, o aumento do número de casos não significa que as vacinas sejam ineficazes.

“Se não tivesse a vacina, esses números seriam ainda maiores”, afirmou o pesquisador.

“Se a gente reduz as medidas de restrição, facilita a transmissão do vírus e acaba afetando também a população já vacinada”, adverte.

E acrescenta: “Junte-se a isso uma variante mais transmissível, e temos um cenário preocupante.”

Certamente, os dados da Fiocruz foram calculados com base em um método estatístico, o “nowcasting”.

Ele faz uma projeção baseada nos números das semanas anteriores para compensar o atraso nas notificações e ter indicadores em tempo real.

Preocupação da Fiocruz no RJ

O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, afirmou na última segunda-feira (16) que já reabriu 60 leitos da rede municipal para Covid-19 que haviam sido fechados.

“A gente já tinha a expectativa de um aumento no número de casos de Covid no inverno, que é uma época de maior número de doenças gripais, mas tivemos outro fator agravante, que é a entrada da Delta”, afirmou Soranz.

“Houve portanto aumento no número de casos, mas também aumento de internações. Precisamos reforçar o uso de máscara, o respeito às medidas restritivas, e à vacinação.”

De acordo com a secretaria, 93% dos idosos já estão vacinados com as duas doses.

Todavia, o governo do Estado e a Prefeitura já avaliam a possibilidade de uma terceira dose de reforço para os maiores de 60 anos.

“Se a perda da imunidade for confirmada, então teremos que vacinar o pessoal mais velho, não tem jeito”, disse Leonardo Bastos. “Mas isso ainda não está totalmente estabelecido. A explicação para o aumento de internações pode ser porque relaxamos medidas de restrição ou pela chegada da Delta, mais transmissível”, acrescenta.

O avanço da nova cepa também já fez a prefeitura do Rio de Janeiro pedir, então, mais doses de vacina ao governo federal.

Estudo: anticorpos de quem teve Covid-19 não protegem contra variante 

Fonte: Estadão

Foto: Shutterstock

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