Embora as farmácias americanas pareçam ser negócios estáveis, com 70% da população tomando medicação prescrita, as grandes redes estão enfrentando dificuldades. Em 2023, o mercado farmacêutico dos EUA atingiu US$ 722,5 bilhões (R$ 4,1 trilhões), mas esse fluxo de receita não tem sido suficiente para sustentar o setor.
Na semana passada, a Walgreens anunciou o fechamento de 1.200 lojas nos próximos três anos. CVS, por sua vez, já encerrou centenas de unidades e cortou 3.000 empregos recentemente para conter custos. A Rite Aid também enfrentou dificuldades, fechando lojas após entrar em processo de falência em 2023.
Além disso, nas farmácias que permanecem abertas, consumidores encontram prateleiras vazias ou produtos trancados, refletindo a falta de funcionários.
O impacto do e-commerce e das grandes varejistas
O aumento das compras online, com gigantes como Amazon, também pressiona o setor farmacêutico. Consumidores preferem adquirir produtos como papel higiênico e medicamentos pela internet, com mais conveniência e preços mais baixos. Ao mesmo tempo, as farmácias competem com varejistas como Walmart e Dollar General, que oferecem preços mais acessíveis.
A expansão desenfreada de lojas Walgreens e CVS, muitas vezes localizadas a poucos quarteirões umas das outras, também tornou difícil a lucratividade individual de cada unidade. A redução de custos fixos, como aluguéis e funcionários qualificados, não resolve o problema.
Pressões sobre o setor farmacêutico
Outro desafio enfrentado pelas farmácias vem dos gerenciadores de benefícios farmacêuticos (PBMs). Esses intermediários, responsáveis por negociar o reembolso de medicamentos com seguradoras, têm pressionado as farmácias com valores de reembolso abaixo do custo de aquisição de medicamentos, tornando a operação menos lucrativa.
Mesmo redes maiores, como Walgreens e CVS, têm dificuldade de competir com os PBMs. Um exemplo foi quando a Walgreens tentou negociar com a Express Scripts, resultando em perdas bilionárias. CVS, que é dona do PBM Caremark, possui uma leve vantagem nesse cenário.
Queda na venda de produtos de conveniência
O impacto da crise farmacêutica se reflete também na venda de produtos de varejo dentro dessas lojas. Com menos clientes indo às farmácias buscar receitas, a compra de produtos diários, como desodorantes e papel higiênico, também caiu. Isso criou um ciclo negativo que afeta ainda mais as vendas.
Outras redes de conveniência, como 7-Eleven, enfrentam desafios semelhantes. Com menos consumidores visitando essas lojas para pequenas compras no trajeto para o trabalho, a queda no número de visitas está afetando a receita dessas empresas. O fechamento de centenas de unidades só agrava o problema.
Impacto nas comunidades e no futuro do setor
A situação é especialmente crítica para comunidades rurais e de baixa renda, onde as farmácias são essenciais para o acesso a medicamentos. Estima-se que 15,8 milhões de americanos vivam em “desertos de farmácias”, onde é difícil encontrar uma loja próxima para comprar remédios. À medida que mais lojas fecham, esse número tende a aumentar, afetando diretamente a saúde pública.
O futuro das farmácias americanas e de outras redes de conveniência é incerto. Enquanto gigantes online, como Amazon, continuam crescendo, as farmácias tradicionais enfrentam uma crise que pode transformar permanentemente o varejo nos Estados Unidos. A falta de um plano claro para lidar com essa mudança deixa os especialistas céticos sobre uma possível recuperação.
Fonte: Business Insider/Exame
Foto: Shutterstock
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