A respiração saudável no inverno

Inaladores, umidificadores de ar e higienizadores nasais ajudam pacientes a combater doenças respiratórias, mais comuns nos meses mais frios e secos do ano. Demanda desses itens aumenta em cerca de 50% nesta época

A baixa umidade relativa do ar, companheira dos meses mais frios no Brasil, faz com que poeira, bactérias e vírus permaneçam em suspensão no ambiente, deixando a mucosa nasal mais suscetível a doenças.

“Uma mucosa desidratada tem mais predisposição a se contaminar e, portanto, desencadear um quadro alérgico ou uma infecção, fazendo com que os casos de rinite, sinusite, faringite e bronquite se tornem mais frequentes exatamente nestes períodos”, sinaliza o otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade Ribeirão Pires, da Rede D’Or São Luiz, Dr. Dilson Sebastião da Silva.

Para evitar as doenças ou diminuir o incômodo das mesmas, cresce a busca por inaladores, umidificadores de ar e higienizadores nasais. Mas ainda que eles sejam aliados na saúde respiratória, é necessário entender como cada um deles funciona e como podem atender corretamente cada paciente.

Higienização nasal

Quando o sistema respiratório está em processo inflamatório, os vasos sanguíneos do nariz se dilatam e aumentam a permeabilidade, iniciando a produção da secreção mais conhecida como coriza, explica a assessoria de imprensa de Rinosoro. Um dos sintomas comuns, nesse caso, é a obstrução nasal. Nesses casos, a higiene torna-se essencial.

“Esse processo é importante, pois limpa as cavidade nasais. Seu uso facilita a remoção de secreções, promovendo alívio dos sintomas. No caso das rinites inflamatórias e alérgicas, a higienização também ajuda a eliminar os alérgenos presentes no muco, atuando, assim, na melhora do quadro”, comenta a gerente médica da GSK, Dra. Mariana Sasse.

O Dr. Silva complementa dizendo que o procedimento é capaz de aliviar a respiração, fazendo com que se possa respirar melhor e diminuir a exposição aos alérgenos. Em casos extremos, a higienização deve ser feita a cada duas ou quatro horas, ou de acordo com a necessidade intrínseca de cada pessoa.

De acordo com Rinosoro, o hábito da lavagem nasal pode levar à melhora significativa da qualidade do sono, da respiração, da garganta seca, da tosse e na proteção contra doenças respiratórias.

Inaladores

Problemas como tosse, resfriados, rinite, sinusite e outros se agravam no inverno. Para diminuir o problema, o uso de inaladores/nebulizadores é essencial. “O produto serve para uso individual. Ele produz uma névoa fina para aliviar as vias respiratórias de irritações e ajuda a transportar determinados medicamentos aos pulmões e brônquios, provocando um tratamento mais eficaz”, explica o diretor executivo da Incoterm, Andreas Weimer.

Os inaladores podem ser usados em quadros de afecções inflamatórias agudas e crônicas das vias aéreas de formas diversas. De acordo com o CEO e presidente da Omron Healthcare Brasil, Wanderley Cunha, os inaladores são fundamentais para a transformação de medicamentos líquidos em vapor, possibilitando a chegada dos medicamentos aos pulmões e, consequentemente, sua eficácia na absorção pelos brônquios e bronquíolos.

O nariz é uma as principais portas de entrada para vírus, bactérias e fungos, além de partículas de poluição. O organismo conta com seu mecanismo de defesa, mas o frio deixa as pessoas mais vulneráveis e suscetíveis a doenças respiratórias.

Veja o que acontece dentro do nariz nessas situações e saiba como orientar a prevenção e combate de infecções:

Nariz saudável

A mucosa que reveste a cavidade nasal é dotada de milhões de cílios, que compõem uma espécie de tapete protetor. As impurezas respiradas ficam presas no muco nasal e são varridas pelos cílios, que batem para o fundo do nariz, a fim de eliminá-las.

Nariz doente

Quando a secreção nasal resseca, devido à poluição e ao ar seco, os cílios nasais têm dificuldade em remover o muco, que fica cada vez mais espesso. Assim, alérgenos e microrganismos nocivos ficam presos, causando gripes, resfriados, rinites e sinusites.

Combate

Para aliviar os sintomas dessas doenças, recomenda-se a intensificação das lavagens nasais com soluções salinas. Elas ajudam a fluidificar o muco, arrastando a “sujeira” para o fundo do nariz. No dia a dia, o hábito também tem a função de prevenir doenças respiratórias.

Fonte: Libbis

“O Brasil é o maior mercado global de inaladores por conta das variações climáticas, questões culturais e a venda sem prescrição médica. As doenças virais, como gripes e resfriados, são os principais fatores para o aumento da demanda nestes meses, somando-se as doenças respiratórias e alergias”, completa Cunha.

A gerente de marketing da Soniclear, Talita Almeida, frisa as principais características para que um produto seja eficiente. O inalador precisa oferecer uma inalação rápida, transformar o medicamento em micropartículas para oferecer um alívio rápido da crise respiratória e atribuir conforto e comodidade durante o uso.

Umidificadores de ar

Esses aparelhos fazem com que a mucosa da árvore respiratória se torne mais úmida, facilitando, ao muco natural, reter as partículas em suspensão no ar, diminuindo seus efeitos deletérios sobre o organismo.

Weimer esclarece que o umidificador serve para equilibrar a umidade do ar em ambientes fechados. Para manter um local confortável e saudável, recomenda-se uma Umidade Relativa (UR) do ar entre 40% e 70%. Valores abaixo dos 40% causam o ressecamento das mucosas.

“Os umidificadores de ar podem e devem ser usados por pacientes alérgicos, pois facilitam sua respiração e a limpeza da mucosa respiratória, pois aumentam a UR do ar”, complementa o especialista do Hospital e Maternidade Ribeirão Pires. Porém, é preciso ter cautela, evitando usá-los nos quartos o dia inteiro, porque podem aumentar demais a umidade, favorecendo o crescimento de fungos.

Oportunidades no PDV

Trabalhar as três categorias corretamente é essencial para ter sucesso de vendas nos meses mais secos do ano. De acordo com a diretora da unidade de negócio MIP do Aché, Marcia Braga, 50% do volume de vendas do mercado de higienizadores nasais está concentrado entre abril e agosto. Nos últimos cinco anos, o crescimento do mercado total foi de 5%. Se colocar somente os produtos de jato contínuo, o aumento foi de 31% no período.

Quando os higienizadores não precisam de indicação médica, como os à base de cloreto de sódio, devem ser expostos fora do balcão, na seção de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Eles podem ser alocados na categoria de descongestionantes nasais, com todas as apresentações e principais marcas do mercado. Como a congestão nasal pode ser sintoma de diversas doenças, podem estar ao lado de medicamentos antigripais, antitérmicos, analgésicos e antialérgicos.

“Ter uma gôndola organizada e com comunicação adequada auxilia o shopper a localizar e identificar com maior rapidez o produto desejado. Tendo uma melhor experiência de compra, há maior chance de o consumidor aumentar a fidelização a esse ponto de venda (PDV). Como a categoria de higiene nasal sofre grande influência da sazonalidade, é fundamental ter atenção aos estoques e às ações de merchandising”, comenta a executiva.

Por ter embalagens maiores, a recomendação é expor os produtos na primeira prateleira da gôndola, pois, em geral, não cabem nas demais prateleiras devido à altura. Por ter diversos produtos e formas farmacêuticas, sua organização deve seguir uma sequência lógica para o shopper: divisão entre apresentações (hipertônico, gotas, nebulizador, spray e jato contínuo).

Para cada um

Diferentes tipos de produtos estão disponíveis no mercado. A diversidade pode confundir o consumidor, que precisa da orientação correta para escolher o item que melhor atende às suas necessidades.

Higienizadores nasais

Conta-gotas: pode ser usado para bebês em função da fisiologia nasal dos pequenos. Essa apresentação possui conservantes para evitar a contaminação.

Seringas: existem alguns fatores a ser avaliados, principalmente pelo risco de machucar a mucosa, podendo causar sangramentos e lesões graves. Além disso, deve-se ter cuidado com soluções que ficam abertas para ser usadas por vários dias consecutivos. As soluções devem ser armazenadas sob refrigeração e as instruções do fabricante devem ser seguidas para que não se contaminem com fungos ou outros agentes.

Spray de jato contínuo: é o método mais moderno. Além de não possuir conservantes, o dispositivo fornece a quantidade necessária de solução para descongestionar, limpar e fluidificar o epitélio respiratório. Ele propicia que o jato da solução seja aplicado de forma contínua, suave e em qualquer posição.

Umidificadores de ar

Seu princípio de funcionamento é por meio de um sistema de geração ultrassônica, silencioso. Utiliza um cristal de piezoelétrico, que imerso em um reservatório de água, vibra a uma frequência muito alta (cerca de 1,6 milhões de oscilações por segundo), gerando uma fina e homogênea névoa de vapor de água fria e inodora. A escolha do equipamento deve ser feita de acordo com a capacidade de água e o tempo de funcionamento.

Inaladores

Jato de ar comprimido: utiliza o ar comprimido para gerar a névoa, que forma aerossóis por meio da passagem da solução por um pequeno orifício, que levará à queda brusca da sua pressão e ao grande aumento da velocidade, formando aerossóis de vários tamanhos.
Ultrassônico tipo Mesh: possui uma malha de metal com mil a sete mil furos a laser e, sendo vibrada a uma frequência ultrassônica superior a 140 kHz, transformando líquidos em névoa com partículas com tamanho ideal para o medicamento chegar até os alvéolos pulmonares.

Fontes: diretora da unidade de negócio MIP do Aché, Marcia Braga; e diretor executivo da Incoterm, Andreas Weimer

“Claro que a sazonalidade ainda é muito importante para a categoria de inaladores e umidificadores. Somente em inaladores, vendem-se até 40% mais produtos, porém são itens que apresentam venda considerável o ano todo”, explica o gerente de marketing da Accumed-Glicomed, Pedro Henrique Abreu.

O diretor executivo da Incoterm complementa dizendo que é interessante que esses itens estejam no autosserviço, checkout ou balcão. Quanto maior o número de peças disponíveis, melhor a influência e a segurança de compra.

A gerente de marketing da Soniclear ressalta que os produtos devem sempre estar expostos nos locais onde mais circulam os consumidores, sendo nos balcões de atendimento onde os produtos são facilmente visualizados e, se for possível, o produto fora da embalagem e em mostruário para o shopper perceber a demonstração do funcionamento.

Pontos extras de exposição são altamente recomendados, especialmente durante a sazonalidade. Assim, em período de picos de vendas, eles podem ser alocados em cima do balcão, próximo aos medicamentos de doenças respiratórias, pilhas e ilhas promocionais na seção infantil ou pontas de gôndolas sazonais.

Além disso, Weimer frisa que a orientação do atendente no estabelecimento pode influenciar muito na decisão da compra. Ele precisa dominar as informações sobre os produtos para que a abordagem seja clara, precisa e confiável.

“Para oferecer um bom atendimento, os profissionais da farmácia precisam entender a necessidade do consumidor e conhecer o funcionamento e as características principais dos inaladores e umidificadores, sabendo a diferença de cada modelo, para indicar o aparelho que melhor atenda às necessidades e expectativas desse consumidor e com isto fidelizar este cliente à farmácia”, finaliza Talita.

Foto: Shutterstock

Terceira idade em destaque

Edição 307 - 2018-06-01 Terceira idade em destaque

Essa matéria faz parte da Edição 307 da Revista Guia da Farmácia.