A temporada de primavera-verão está aí

As estações chegam antes para o varejista do que para o consumidor para que ele possa pensar em seu estoque e em como trabalhar a loja. O objetivo é dispor dos itens no prazo correto

Antes de o sol voltar a brilhar e esquentar o dia a dia dos brasileiros, o varejo já se prepara para arrumar a loja para a chegada da temporada de primavera-verão. E com o canal farma não é diferente, pois assim como outros segmentos, trabalha com produtos mais sazonais, tanto para as estações mais frias quanto para as mais quentes.

Nessa época, as pessoas tendem a expor mais o corpo e se preocupam com a beleza e com os cuidados com a pele, com o cabelo e com a boa forma, consumindo itens relacionados a esses fins. Mas não são somente os produtos ligados à beleza que fazem sucesso com os consumidores.

Para a consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso, apesar de os produtos de inverno não saírem totalmente da farmácia, eles dão lugar para os itens ligados ao verão.

No universo dos medicamentos, existem os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) como antitérmicos, analgésicos, antiácidos, laxantes, aqueles para náuseas, vômitos, diarreias e resfriados, que dispensam a ida ao médico e podem ser levados durante uma viagem, por exemplo.

Para os consumidores que têm crianças em casa, alguns itens básicos indispensáveis são:

  • Termômetro;
  • Colher medidora para preparar soro caseiro ou soro em pó;
  • Líquido bactericida ou água oxigenada para limpeza de cortes e machucados;
  • Embalagens pequenas de compressas de gaze ou rolo de atadura de gaze;
  • Esparadrapo antialérgico ou fita micropore;
  • Tesoura afiada para cortar gaze ou esparadrapo;
  • Pinça para retirar ferrões ou farpas;
  • Soro fisiológico;
  • Solução nasal à base de cloreto de sódio e sem conservantes;
  • Protetor solar;
  • Repelente de insetos;
  • Seringa, conta-gotas, colher ou copinho com medição para administrar medicamentos.

Já no universo de Higiene & Beleza (H&B), os homens buscam kits compostos por barbeadores ou aparelhos para barba e cremes ou loções para o mesmo fim, além de desodorantes, gel para cabelo e protetores solares.

“Os produtos femininos mais procurados são sabonetes, colônias, talcos, cremes hidratantes para o corpo e mãos, protetores solares, repelentes, xampus, cremes para os cabelos, desodorantes, depilatórios, entre outros”, exemplifica Silvia.

Cálculo do estoque

Para que o estoque esteja bem trabalhado, são precisos três pilares:

1. Histórico de vendas

2. Análise de mercado

3. Necessidade do cliente

Com isso, as tomadas de decisão são mais assertivas. Quando se trata de uma nova loja, é natural que não se tenha um histórico de vendas. Nesse caso, o gestor deverá buscar mais informações com seus parceiros para que ele tenha dados relevantes para a compra dos produtos.

Fonte: diretor do Instituto Pedro Dias, Pedro Dias

A consultora especializada em trade marketing, Alice Amigo, complementa dizendo que esse é um bom momento para potencializar as vendas por meio de algumas ofertas especiais que concedam algum tipo de brinde que tenha sinergia com a ocasião, ou até mesmo descontos em itens de menor giro ou lançamentos.

Para ajudar nas vendas, as farmácias podem, por exemplo, criar alguns tipos de nécessaires, de vários tamanhos, com itens disponíveis na loja, como, por exemplo, um kit com sabonete, desodorante e bucha para banho ou um contendo algodão, acetona, base, esmaltes, alicate e lixa para unhas.

“A indústria costuma ter uma ótima pesquisa e, geralmente, lança kits que agradam aos clientes e possuem preços mais atraentes do que os montados nas farmácias. Em época de crise, os kits montados pela farmácia devem levar em conta muito mais o preço final do que o número de produtos. Eles devem ser pensados para qual público se destinam”, alerta Silvia.

Estoque: amigo ou vilão?

Para que o período tenha sucesso, é necessário que os produtos estejam disponíveis para o cliente, mas não lotem os estoques a ponto de não ser vendidos. Os produtos que vendem muito na primavera-verão e não tanto no inverno, por exemplo, devem ter sua exposição priorizada, além da realização de promoções e descontos no fim da temporada, para queimar os itens restantes.

“É muito importante ajustar os estoques de acordo com a demanda do período para que não haja ruptura e nem excesso de produtos em loja. Itens de maior giro devem ganhar mais espaço nos estoques e os produtos que vendem menos devem ser comprados em menor quantidade, apenas para garantir a reposição e evitar a ruptura”, diz Alice.

O diretor do Instituto Pedro Dias, Pedro Dias, frisa a importância de analisar o histórico de vendas no mesmo período ao longo dos últimos anos. Com a abordagem analítica, o gestor poderá prospectar dados e interpretá-los, para que sua tomada de decisão seja mais assertiva.

Com a tecnologia, novas ferramentas de gestão surgiram e podem ser usadas como recurso para realizar as avaliações de estoques. Automatizar esse gerenciamento permite a integração de diferentes setores e a otimização do fluxo de informação.

Dicas para trabalhar a sazonalidade

  • Entenda as necessidades do seu cliente;
  • Escute sua equipe de vendas;
  • Realize ações para despertar o interesse do consumidor;
  • Busque parcerias de negócios;
  • Treine sua equipe de vendas;
  • Analise a concorrência;
  • Analise o mercado;
  • Interprete os dados contidos no histórico de vendas.

Fonte: diretor do Instituto Pedro Dias, Pedro Dias

No entanto, segundo Alice, é sempre importante considerar a ação humana no processo e fazer a gestão dos estoques virtuais. Eles podem causar um problema no processo, já que o sistema pode informar que tem determinado produto em estoque quando, na verdade, o mesmo já está zerado.

“O varejista deve buscar recursos em seu software de gerenciamento de estoques analisando a compra/venda dos produtos no mesmo período em outros anos e acompanhando a tendência de consumo dos itens; por exemplo, se houve alta, queda ou estabilização do mercado de cada um. Além disso, sugiro que o gestor de compras ouça sua equipe comercial, afinal, é ela que está na linha de frente das vendas diariamente, ouvindo e entendendo as necessidades do cliente”, comenta Dias.

Já o estoque da farmácia não deve ser alterado, porque os clientes gostam de comprar em locais onde estão habituados e têm comodidade para efetuar suas compras. Já as pontas de gôndola, os cestos expositores e o checkout devem ser muito explorados com produtos de verão, bem sinalizados e com preços interessantes e ofertas tipo “leve três pague dois” ou outras.

“A loja tem que estar com muita cara de primavera e, em seguida, de verão e férias. O cliente tem que passar por ela e achar que o verão está logo ali esperando por ele ou por suas crianças; caprichar na execução do tema férias é fundamental”, finaliza Silvia.

Foto: Shutterstock

Contra o tabagismo

Edição 309 - 2018-08-01 Contra o tabagismo

Essa matéria faz parte da Edição 309 da Revista Guia da Farmácia.