Um tubo oco que se estende da cavidade bucal até o ânus. Assim é o trato/aparelho gastrointestinal ou trato digestório.
Formado por boca, faringe, esôfago, intestino delgado, intestino grosso e ânus, ele ainda possui órgãos acessórios, como: dentes, língua, glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas. “O trato gastrointestinal mede cerca de dez metros, da cavidade oral ao ânus, e apresenta importantes funções como regulação da saciedade e da fome, digestão mecânica e química dos alimentos, absorção de nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo e eliminação de resíduos não aproveitados”, explica a médica proctologista do Hospital Moriah, Dra. Olga Spizel.
O aparelho gastrointestinal possui múltiplas funções, mas, de acordo com o médico gastroenterologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Dr. Rafael Addum Moraes, a mais importante delas é obter dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários às diferentes funções do organismo, como crescimento, energia para reprodução, locomoção, entre outros. “O trato gastrointestinal é a primeira ‘barreira’ que os alimentos enfrentam para adentrar o organismo; sendo assim, nossos hábitos alimentares afetam diretamente a predisposição a doenças gastrointestinais e também fora do sistema digestivo”, explica.
Ele acrescenta ainda que o Aparelho gastrointestinal apresenta problemas frequentes como, por exemplo, a doença do refluxo esofágico que afeta cerca de 20% da população e a Síndrome do Intestino Irritável (SII) que acomete de 10 a 15% da população. “Mas as queixas ou os problemas dependem do órgão acometido. Os sinais e sintomas podem incluir azia, dor abdominal, desconforto ao se alimentar, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, entre muitos outros”, comenta.
Ainda de acordo com o Dr. Moraes, cada doença possui determinados fatores de risco que aumentam a sua predisposição. “Por exemplo, uma dieta pobre em fibras e com alto teor em gorduras, além de o hábito de fumar e o sedentarismo, aumentam o risco de câncer colorretal. O fator genético também contribui para grande parte das doenças”, conta.
Principais problemas
Entre as queixas mais comuns reclamadas pelos pacientes nos consultórios médicos, estão intestino preso, azia, sensação de estufamento, distensão abdominal e queimação. A informação é do médico gastroenterologista da BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Alexandre Sakano. Segundo ele, tratam-se de situações simples, que não trazem grandes preocupações e que podem ser resolvidas até mesmo com uma simples mudança de hábitos alimentares.
“Esses sintomas são muito prevalentes e a grande maioria das pessoas pode apresentá-los em algum momento. Inclusive, uma pesquisa mostrou que sintomas, como refluxo, azia e queimação, foram relatados por 20% dos entrevistados. E eles acontecem, geralmente, porque a pessoa exagerou na alimentação ou na bebida. Agora, quando há dor intensa prevalente, presença de sangue nas fezes ou alteração severa do hábito intestinal, é preciso investigar se há outro problema mais sério envolvido”, alerta o Dr. Sakano.
E entre os campeões em prevalência, estão azia, má digestão, constipação, entre outros. Para entender um pouco mais sobre eles, o Dr. Moraes e a Dra. Olga explicam o que são e como ocorrem:
Azia
É a sensação de queimação que ocorre no peito e está relacionada à Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), conhecida popularmente como “refluxo”. Ocorre pelo excesso de acidez no interior do esôfago. Pode estar acompanhada pela sensação de retorno dos alimentos na boca, conhecida como “regurgitação”.
Má digestão
É uma sensação de mal-estar na barriga e empanzinamento, que pode ocorrer por múltiplas doenças, incluindo todos os órgãos envolvidos diretamente na digestão dos alimentos, como o estômago, intestino, fígado e pâncreas.
Constipação
É o termo médico para “prisão de ventre” e ocorre quando o paciente apresenta dificuldades ou redução no número de evacuações. Pode ter diversas causas, como baixa ingestão de fibras e água, ou até mesmo doenças intestinais mais graves.
Gases
São produzidos naturalmente pelo intestino durante o processo de digestão. O excesso de gases pode indicar algum distúrbio, como intolerância a certos tipos de nutrientes.
Epigastralgia ou dor de estômago
É a dor que surge na parte superior do abdômen, logo abaixo do tórax, região que corresponde ao local onde o estômago se inicia. Pode melhorar ou piorar com a ingesta alimentar. A principal causa é a gastrite, porém pode ocorrer na colelitíase (pedra na vesícula biliar), na pancreatite aguda, no refluxo gastroesofágico e em algumas patologias cardíacas como no Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
Distensão abdominal
Tem como principal causa a produção de gases, muitas vezes decorrentes da ingestão de alimentos e bebidas ou má digestão. Porém, o abdômen também pode ficar distendido em casos de gravidez, prisão de ventre, SII, verminoses, menstruação,apendicite, disbiose ou supercrescimento bacteriano no intestino delgado.
Para prevenir todos os sintomas listados, é preciso adotar hábitos alimentares e de vida mais saudáveis. Evitar ou reduzir a ingestão de alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas, abandonar o tabagismo, comer frutas e verduras e beber muita água são as orientações dos médicos entrevistados pelo Guia da Farmácia para evitar os desconfortos causados pelos problemas do sistema digestório.
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