As sete doenças mais comuns no inverno

O tempo seco, frio e a baixa umidade relativa do ar são fatores que contribuem para o aumento de alergias respiratórias. Incidência tende a crescer 40%

Com a aproximação do inverno, a combinação de temperatura baixa, ar seco e pessoas aglomeradas em ambientes fechados deixa a população mais suscetível à proliferação de vírus e bactérias das doenças mais comuns no inverno.

É sabido que os vírus e bactérias são transmitidos pessoa a pessoa por meio da inalação de perdigotos, caracterizados como gotículas contaminadas de saliva impelidas, geralmente, por meio de um espirro, e que acabam por ser depositadas na conjuntiva, mucosa nasal, boca ou pele.

Portanto, quando uma pessoa infectada espirra, podem ser encontrados vírus vivos e contagiosos nas partículas salivares. “No inverno, os ambientes fechados e amplos favorecem a não circulação desses vírus (o que propicia sua menor concentração e a não disseminação), facilitando a transmissão entre a sociedade”, explica a otorrinolaringologista especialista em crianças pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Faculdade de Medicina de Jundiaí, Dra. Viviane Pandini.

Segundo a médica, a dificuldade se dá justamente pelo poder do vírus em sobreviver após um espirro, por exemplo. Existem alguns que são mais resistentes e demoram mais a morrer, outros menos. Daí os diferentes alcances com diferentes doenças.

“Os vírus mais resistentes tendem a abranger uma geografia maior. Espalham-se mais. Os menos resistentes ficam restritos a áreas menores. Mas desenham quase sempre os mesmos sintomas com diversas intensidades de manifestação.”

A pneumologista pela Universidade de Campinas (Unicamp), membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Dra. Flávia Oliveira Magro Cardoso, lembra, ainda, que o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar são fatores que contribuem para o aumento, de uma das doenças mais comuns no inverno, alergias respiratórias devido também à alta concentração de poluentes na atmosfera.

DICAS DO GUI: Como trabalhar o mix para as doenças mais comuns no inverno nas farmácias?

NOVA ESTRATÉGIA: com troca de estações, é fundamental repensar a exposição e dar destaque aos itens que tendem a ter maior demanda no período, além dos lançamentos da nova temporada. Vale apostar em materiais de ponto de venda (PDV), ponta de gôndolas, ilhas e totens para o checkout.

ATENÇÃO AO SORTIMENTO: para que a farmácia aproveite a sazonalidade, é necessário que o estabelecimento esteja preparado para receber os clientes com o mix correto e organizado. Revisar o planograma da loja faz toda a diferença para produtos sazonais.

DICAS DE EXPOSIÇÃO: o recomendado é deixar os produtos em gôndolas bem localizadas e na altura dos olhos, o que contribui muito para o crescimento das vendas.

AÇÕES COMPLEMENTARES: algumas das ações que podem ser feitas são trabalhar as pontas de gôndolas, ações promocionais, explorar pontos extras. Além disso, é necessário treinar a equipe para atender o público que está cada vez mais bem informado. Ou seja, o mais importante é que a farmácia mostre para os clientes que tem uma variedade de produtos, preços e benefícios que atendem às suas necessidades.

Fonte: sócia fundadora da Mind Shopper, Alessandra Lima

“Outro fator importante é que com frio temos acúmulo de muco nas vias aéreas, porém com dificuldade de transporte deste muco das vias áreas inferiores para as superiores fazendo com que a proliferação de vírus e bactérias aumente com mais facilidade”, pondera.

De acordo com a Dra. Flávia, durante os meses mais frios, a incidência das doenças mais comuns no inverno, principalmente as respiratórias, aumentam entre 30% e 40%.

“Crianças, idosos e pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), são considerados os grupos com maior risco de complicações.”

Identifique as doenças mais comuns no inverno

É fundamental que os farmacêuticos estejam preparados para atender às dúvidas mais frequentes dos pacientes sobre as patologias respiratórias da estação. Acompanhe, a seguir, as sete doenças mais comuns no inverno, formas de transmissão, métodos preventivos e de tratamento.

1. Gripes e resfriados

Por definição, resfriado é diferente de gripe. O resfriado é causado principalmente pelo rinovírus e adenovírus, que traz sintomatologia semelhante, porém mais branda, com resolução por volta de cinco a sete dias. Os sintomas são: dor de garganta, coriza, espirro e febre baixa.
Já a gripe é causada por outros tipos de vírus (mais de 200). Apesar da sintomatologia ser semelhante, o período de duração é maior, variando de cinco a sete dias, e os sintomas são mais intensos, envolvendo coriza, febre alta, dor de garganta, dor de cabeça, congestão nasal e calafrios. O tratamento das duas doenças é feito com analgésicos, lavagem nasal e descongestionante nasal, se necessário.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gripe compromete de forma grave cerca de 3,5 milhões de pessoas ao ano. A cronicidade da infecção, ou seja, a não melhora do acometido, pode evoluir para quadros de sinusite e pneumonia. Aliás, graves complicações de sinusite podem ter como desfecho a meningite.


2. Rinite alérgica

A rinite é uma doença crônica que gera a inflamação da mucosa nasal com piora no inverno devido a uma maior exposição a agentes desencadeantes, como poeira domiciliar, ácaros, fungos, pólen, poluição ambiental, entre outros. Os sintomas consistem em coriza, espirros, coceira no nariz e nos olhos. O tratamento na crise pode envolver corticoide nasal, antialérgico e lavagem nasal com solução salina.

3. Sinusite

A sinusite é uma inflamação nos seios da face que causa sintomas, como dores de cabeça, dores na face, secreção nasal posterior amarelada e obstrução nasal. Alguns pacientes podem apresentar dor de cabeça, dor nos dentes superiores, tosse e febre. A sinusite viral é a mais frequente. O tratamento consiste no uso de descongestionante nasal, corticoide nasal e sistêmico, analgésicos, antialérgicos e antibióticos quando a causa é bacteriana.

4. Pneumonia

A pneumonia é uma infecção dos pulmões podendo ser causada por vírus ou bactérias com sintomas, como febre, dores no peito, tosse seca ou com catarro e mal-estar geral. O tratamento consiste em uso de analgésicos; antibióticos, quando indicado, e avaliação de gravidade para determinação da necessidade de internação hospitalar. Em alguns casos, há necessidade de uso de medicamentos inalatórios.

5. Otite

Otite é o nome da infecção do ouvido que pode se apresentar de duas formas: a otite média e a otite externa. Na otite média, a infecção decorre de acometimento da orelha média, região do ouvido que fica atrás do tímpano, onde se localizam os ossículos (martelo, bigorna e estribo). Neste caso, a infecção é causada por vírus ou bactérias associados a problemas respiratórios, como rinites, sinusites, gripes ou resfriados.

Já na otite externa, o local acometido pela infecção é o canal externo do ouvido, local onde se situa o cerúmen. Neste caso, a infecção é causada por excesso de água nos ouvidos ou trauma local com qualquer tipo de objeto inserido na região para coçar ou “limpar” (hastes flexíveis, grampos, tampas de canetas, etc.)

Os sintomas das otites são: diminuição da audição, ouvido tampado, dor de ouvido. Em alguns casos, pode ocorrer também zumbido e tontura. Sintomas como febre ocorrem associados às otites médias. O tratamento da otite média é com antibiótico oral, enquanto a otite externa requer apenas antibióticos tópicos auriculares.

6. Asma

Asma é um espasmo muscular da musculatura dos brônquios que causa dificuldade de respirar, chiado e aperto no peito, respiração curta e rápida. Os sintomas pioram à noite e nas primeiras horas da manhã ou em resposta à prática de exercícios físicos, à exposição a alérgenos, à poluição ambiental e às mudanças climáticas. Desta maneira, é causada por fatores alérgicos ou irritativos na via respiratória. O tratamento depende do quadro clínico e da frequência das crises, pode envolver o uso de corticoides e broncodilatadores inalatórios, além de medicações por via oral.

7. Meningite

A meningite é um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Os sintomas incluem dores de cabeça, febre, náuseas, dores na nuca com rigidez.

A doença pode ser causada por vírus ou bactérias sendo que no frio é comum haver mais quadros de meningite bacteriana, que pode ser transmitida pela própria respiração das pessoas, principalmente com a proximidade entre elas. Outro fator que aumenta a incidência da meningite no inverno é a circulação do vírus pneumococo, o mesmo vírus que causa a pneumonia e pode ocasionar também quadros de meningite. O tratamento pode envolver antibióticos, corticoides e penicilina.

Higienizadores nasais: entenda a atuação destes produtos

A principal função dos higienizadores nasais é fazer uma lavagem nasal efetiva.

“Eles realizam a lavagem da mucosa nasal, prevenindo sintomas como obstrução nasal e rinorreia durante o resfriado comum em adultos saudáveis”, explica a otorrinolaringologista e gerente médica da FQM, Dra. Adriana Alves.

Segundo a especialista, existem diferentes dispositivos que podem ser utilizados na higiene nasal. Eles são classificados pelo tipo de lavagem nasal que são capazes de promover, ou seja, com maior ou menor volume e pressão.

“Atualmente, os dispositivos em jato contínuo se destacam por apresentar pressões específicas e adequadas para cada faixa etária e perfil de paciente. Eles atuam fazendo uma limpeza mecânica removendo as impurezas que ficam aderidas na mucosa nasal. Os higienizadores nasais realizam a lavagem da mucosa nasal, prevenindo os sintomas nasais, como obstrução nasal e rinorreia durante o resfriado comum em adultos saudáveis”, enfatiza.

A Dra. Adriana diz, ainda, que esse tipo de produto pode atuar de maneira preventiva, já que a lavagem nasal diminui a incidência das Infecções das Vias Aéreas Superiores (IVAS), além de levar a uma melhora significativa da qualidade do sono e da respiração.

“É recomendado que os pacientes desenvolvam o hábito de higienizar o nariz diariamente, pois ele é o primeiro filtro para impurezas, como alérgenos, poeiras, poluição e diferentes patógenos. Esta ação permite que o ar chegue úmido e limpo ao pulmão”, comenta.

De acordo com a médica, a demanda por higienizadores nasais aumenta quase 50% entre os meses de maio e setembro. “Por serem Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), o ideal é que fiquem expostos fora do balão, junto dos antigripais.”

Coronavírus: a pandemia mundial assusta a população

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no dia 11 de março último, o coronavírus uma pandemia, ilustrando o agravamento da crise pelo mundo. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, observou que o número de casos fora da China subiu 13 vezes nas últimas duas semanas e o total de casos triplicou para 126 mil em 114 países.

No mundo, até o fechamento desta reportagem, em 17 de março último, a pandemia já havia matado mais de 7 mil pessoas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), o número de casos confirmados do novo coronavírus atingia 291 pessoas até a data. Uma morte foi registrada no estado de São Paulo.

O MS anunciou a liberação de R$ 432 milhões aos estados para o reforço do plano de contingência encaminhado pelas unidades da federação para o enfrentamento do Covid-19.

O recurso poderá ser utilizado em ações de assistência, inclusive, para abertura de novos leitos ou custeio de leitos existentes nos estados e municípios. Além disso, a pasta iniciou, em 17 de março último, a distribuição de 540 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para os 26 estados e o Distrito Federal, atendendo à solicitação dos secretários estaduais de Saúde. Esses leitos são do pacote de contratação de 2 mil leitos de UTI, na preparação para assistência aos pacientes, que apresentem gravidade nos casos do Covid-19.

Foto: Shutterstock

Farmácias na era da inteligência de dados

Edição 329 - 2020-04-04 Farmácias na era da inteligência de dados

Essa matéria faz parte da Edição 329 da Revista Guia da Farmácia.