As temidas estrias

As estrias atingem até 70% da população feminina; a alta incidência se deve às múltiplas causas que provocam estiramento excessivo da derme

Em um País onde há uma prevalência de temperaturas amenas ao longo do ano, é natural que os corpos fiquem mais expostos e a preocupação com a beleza seja comum entre a população.

Com a chegada das redes sociais, que ampliaram essa exposição e permitiram uma maior comparação entre as aparências, o desejo de combater problemas estéticos parece ter ganhado força.

Entre os inimigos a ser combatidos está a temida estria, que tem incidência de 40% a 70% entre as mulheres brasileiras, principalmente as adolescentes, segundo informa a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

As indesejáveis marcas características das estrias são provocadas pelo estiramento rápido da pele, que acaba por romper as fibras elásticas de colágeno e elastina, que se encontram na derme. O problema é comum na adolescência porque uma das principais causas é o crescimento acelerado, acompanhado de aumento do peso e volume corporal, que ocorre nesta etapa da vida.

No entanto, há ainda uma série de fatores que podem ocasionar estrias, como obesidade e o tal “efeito sanfona”, exercícios de musculação realizados em excesso, cirurgias plásticas e até mesmo o uso de medicamentos corticoides e algumas alterações hormonais, capazes de interferir na elasticidade da pele. Há ainda fatores hereditários.

Tipos de estrias

Em geral, as estrias são lesões lineares, longas e paralelas, mas elas passam por diferentes fases:

Estrias recentes

Quando surgem no corpo, as estrias apresentam tom avermelhado ou arroxeado, devido à inflamação e ao fluxo sanguíneo. São mais fáceis de ser tratadas com cosméticos e procedimentos estéticos, pois o rompimento da pele ainda não cicatrizou.

Estrias antigas

Com o passar do tempo, as estrias ficam esbranquiçadas e atrofiam. Nesse estágio, são mais difíceis de ser tratadas, pois já houve a cicatrização da pele.

Fontes: gerente de marketing da Mustela no Brasil, Marina Lima; e gerente de Produtos Jr. da União Química Farmacêutica, Flaviana Silva Ferreira

“Peles com pouca elasticidade, extremamente ressecadas e sensíveis têm propensão genética para apresentar estrias. Pessoas nessas condições têm mais chances de desenvolverem o problema”, destaca a gerente de Produtos Jr. da União Química Farmacêutica, Flaviana Silva Ferreira.

Diante dessa gama variada de causas, as estrias podem ocorrer tanto em mulheres, quanto em homens, em todas as fases da vida, inclusive em crianças, de acordo com a SBD. No entanto, a prevalência é maior entre a população feminina.

“Por questões hormonais e também genéticas, as mulheres têm uma predisposição maior. Seja na adolescência, durante a fase de crescimento ou por causa do efeito sanfona, de engordar e emagrecer em um curto período de tempo. Áreas como o abdômen, quadris, coxas e seios estão entre as mais propensas para o surgimento dessas marcas”, explica a gerente de marketing da Mustela no Brasil, Marina Lima.

A gestação também ajuda a colocar as mulheres como as maiores vítimas das estrias. Devido às inúmeras mudanças fisiológicas que acontecem durante esse período, 90% das gestantes sofrem com esse problema, segundo dados da SBD.

“As pessoas que tiveram estrias na adolescência estão mais sujeitas a tê-las na gestação, ainda mais quando há uma predisposição genética associada. Elas surgem com o aspecto de cicatrizes vermelhas que se tornam esbranquiçadas com o tempo”, afirma a dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) e consultora da Libbs, Dra. Anita Rotter.

Marina, da Mustela, lembra que, quando são submetidas ao alongamento contínuo, devido ao aumento dos hormônios e do volume corporal, essas fibras não resistem ao repuxamento excessivo e se rompem, gerando as estrias. “Outros fatores, como aumento excessivo de peso, idade e predisposição genética, também contribuem para o surgimento das estrias na gravidez”, detalha a executiva.

Tratamentos disponíveis

Apesar das mulheres ainda enxergarem as estrias como um pesadelo estético, já existem inúmeras opções de tratamentos para minimizar as lesões. Em consultórios de dermatologia ou clínicas de estética, os procedimentos costumam ser mais invasivos e caros, como é o caso de microdermoabrasão, microagulhamento, peeling químico e laser. Mas nas gôndolas das farmácias, estão disponíveis opções mais democráticas.

Desenvolvidos com tecnologia e formulação inteligente, os cosméticos trazem resultados similares a tratamentos doloridos e de alto custo feitos por profissionais. “É sabido que os dermocosméticos atuam tanto nas camadas superficiais quanto nas profundas da pele e são capazes de melhorar a estrutura e funcionamento e, consequentemente, a aparência”, garante a Dra. Anita.

Para entregar os resultados esperados, os cosméticos voltados ao combate à estria são compostos de ativos hidratantes, antioxidantes e substâncias que visam à preservação das fibras de colágeno, bem como ao estímulo à sua produção.

A maioria das fórmulas tem como base extratos vegetais, tais como: Centella asiatica, Chamomilla extract, Thymus vulgaris (tomilho), Allium cepa bulb (cebola), Citrus bergamia fruit extract (laranja-cravo), Ostrea shell extract (pó de ostra), Aloe barbadensis (aloe vera), Juglans regia leaf (nogueira).

Como utilizar?

A melhor forma de evitar as estrias é a prevenção, pois uma vez instaladas são difíceis de ser eliminadas completamente. Por isso, o uso desses cosméticos é indicado a partir dos 12 anos de idade.

“Devem ser aplicados em camadas generosas sobre a pele, realizando movimentos circulares até completa absorção, três vezes ao dia, por um período de três a seis meses. São capazes de melhorar a textura, a coloração e o tamanho das estrias”, orienta Flaviana, da União Química.

As indesejáveis marcas características das estrias são provocadas pelo estiramento rápido da pele, que acaba por romper as fibras elásticas de colágeno e elastina, que se encontram na derme. O problema é comum na adolescência porque uma das principais causas é o crescimento acelerado.

No caso das gestantes, a prevenção deve começar o mais cedo possível, logo no início da gravidez. A recomendação é cuidar da pele regularmente, com produtos específicos para grávidas. As composições devem ser livres de parabenos, fenoxietanol e ftalatos, derivados halogenados desaconselháveis para uso durante a gestação.

“Produtos voltados para a prevenção de estrias em mulheres grávidas, como cremes e óleos hidratantes, devem ser aplicados de manhã e à noite, com movimentos circulares em regiões de maior incidência das estrias, como barriga, seios, glúteos e nas coxas – utilizando desde o primeiro mês de gravidez até três meses após o parto”, descreve Marina.

Já cosméticos que visam corrigir estrias já existentes devem ser massageados diretamente sobre as estrias formadas recentemente de manhã e à noite, durante, no mínimo, dois meses. Aplicar os produtos depois do banho e em quantidade abundante também é uma maneira de se obter uma melhor penetração dos ativos.

“É importante ressaltar que o sucesso do tratamento está na manutenção e no uso contínuo desses produtos: não adianta utilizar apenas uma ou duas vezes por semana. Esses cuidados devem entrar numa rotina diária para resultados mais efetivos. Os produtos antiestrias são eficazes, aliados a um estilo de vida saudável, especialmente durante a gestação, mantendo o peso adequado, ingerindo bastante líquido e praticando atividades físicas”, ressalta a executiva da Mustela.

Foto: Shutterstock

Doenças de inverno

Edição 305 - 2018-04-01 Doenças de inverno

Essa matéria faz parte da Edição 305 da Revista Guia da Farmácia.