Atenção ao câncer de pele

Melanoma é o câncer mais agressivo ao maior órgão do corpo e, ainda assim, é bastante negligenciado. Exposição solar é principal responsável pela doença

Nada na oncologia é melhor do que a prevenção. Apesar de essa máxima ser uma verdade na vida das pessoas, a prática é um pouco diferente e as atitudes preventivas ainda são falhas. 

O câncer de pele é visto, muitas vezes, como uma doença de soluções simples, mas nem sempre isto é verdade, como o melanoma, tipo mais agressivo e que, se não descoberto e tratado precocemente, traz grandes chances de metástase e óbito.

O melanoma ocorre devido ao crescimento anormal dos melanócitos (células responsáveis pela produção de melanina, que dá a cor e pigmentação à epiderme) e, apesar de ser o menos comum, é o mais agressivo entre os cânceres de pele. No Brasil, são registrados todos os anos, 5.560 novos casos da doença e 1.547 mortes, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

“É fundamental que a preocupação com a saúde da pele aconteça desde o início da vida. Há estudos que mostram que determinadas alterações genéticas relacionadas ao melanoma são derivadas de exposição solar excessiva e repetitiva, ou seja, significa que a exposição ao sol foi inadequada diversas vezes”

“As pessoas ainda confundem uma pinta comum, que pode ser retirada no consultório, com câncer. O melanoma é uma doença grave que pode avançar para os nódulos linfáticos e outros órgãos do corpo, como cérebro, pulmões, ossos e fígado. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante”, explica o oncologista especialista em melanoma do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Dr. Rodrigo Munhoz.

Segundo o médico, os principais sinais de alerta são manchas e/ou pintas assimétricas, com bordas irregulares, colorações escuras, diâmetro acima de seis milímetros e elevação. Menos comuns, mas também possíveis de estarem presentes, são sangramentos, coceira, queimação, dor e ulceração.

Para evitar a doença, o mais importante é a exposição solar correta. “Incorporar o protetor solar no dia a dia, com o Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo de 30. Ele deve ser usado de manhã e na hora do almoço, além de ser adequado de acordo com a exposição (se se estiver dentro da água, deve ser aplicado mais vezes, por exemplo)”, comenta o Dr. Munhoz.

O grande problema é que a falta de proteção passa pela falta de conscientização da população. A proteção é ainda mais importante na fase infantil e adolescente, apesar de ser raro ver pais que protegem seus filhos diariamente.

“Hoje, existem opções terapêuticas voltadas para pacientes com melanoma que apresentam essa mutação, incluindo terapia-alvo e imunoterapia. São terapias que atuam em um alvo específico dentro do gene, oferecendo mais chances de sucesso no tratamento. Por isso, é fundamental que o paciente, ao receber o diagnóstico, faça também o teste genético para verificar a existência de alguma mutação. Assim, o tratamento mais efetivo pode ser descrito”

Um estudo publicado na Cancer Epidemiology, Biomakers & Prevention (CEBP) revelou que, em uma população de mais de 108 mil mulheres brancas analisadas nos Estados Unidos, aquelas que sofreram ao menos cinco incidentes de queimaduras solares graves entre 15 e 20 anos de idade apresentaram risco 68% maior de desenvolver carcinoma basocelular ou espinocelular e 80% maior de desenvolver melanoma.

A maior parte dos casos (65%) está relacionada à exposição solar excessiva. Por isso, a prevalência da doença é maior em pessoas brancas, de peles e olhos claros, com muitas sardas. Porém, há tipos específicos de melanoma mais comuns em pessoas negras ou em áreas do corpo não expostas ao sol, como couro cabeludo ou solas dos pés.

“É fundamental que a preocupação com a saúde da pele aconteça desde o início da vida. Há estudos que mostram que determinadas alterações genéticas relacionadas ao melanoma são derivadas de exposição solar excessiva e repetitiva, ou seja, significa que a exposição ao sol foi inadequada diversas vezes”, diz o oncologista.

Além da proteção, é importante evitar a exposição – principalmente no horário de pico, quando o sol está mais forte. Os horários menos prejudiciais são antes das 9 e 10 horas da manhã e após às 15 horas e 16 horas, apesar do oncologista frisar que não existem estudos que provem que haja exposição solar totalmente segura.

Novos tratamentos

Atualmente, os tratamentos contra melanoma estão bastante avançados e, se descoberto precocemente, a chance de cura é bastante alta. Antes, com quimioterapia, a cura alcançava somente 10% dos acometidos pelas doenças, mas a imunoterapia e a terapia-alvo aumentaram esse número para 70%.

Para que a terapia-alvo possa ser usada, é preciso que haja alteração genética, sendo a mutação V600, ocorrida no gene BRAF, a mais comum (cerca de 50% dos casos apresentam a modificação).

“Hoje, existem opções terapêuticas voltadas para pacientes com melanoma que apresentam essa mutação, incluindo terapia-alvo e imunoterapia. São terapias que atuam em um alvo específico dentro do gene, oferecendo mais chances de sucesso no tratamento. Por isso, é fundamental que o paciente, ao receber o diagnóstico, faça também o teste genético para verificar a existência de alguma mutação. Assim, o tratamento mais efetivo pode ser descrito”, finaliza.

Foto: Shutterstock

Brasileiro deixa a desejar

Edição 297 - 2017-08-01 Brasileiro deixa a desejar

Essa matéria faz parte da Edição 297 da Revista Guia da Farmácia.

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