Atenção ao couro cabeludo

Apesar de crônicas, a caspa e a seborreia podem ser controladas se os hábitos diários forem mudados, principalmente a higienização e a escolha correta de xampus e condicionadores. Problemas merecem maior atenção no inverno

A pele e os cabelos oleosos, predominantes na população brasileira, não são uma coincidência. O clima tropical e os fatores genéticos são os principais responsáveis por essa característica que não só incomoda esteticamente, como pode causar dois problemas bastante conhecidos pela população: caspa e seborreia.

A caspa é facilmente identificada como a descamação do couro cabeludo que, às vezes, suja a roupa, mas é muito mais do que isto, é uma inflamação crônica que deixa a região sensível e manifesta a descamação em uma fase mais tardia. O que poucos sabem é que a caspa é o nome popular para a dermatite seborreica, uma afecção da pele caracterizada por descamação e vermelhidão.

“Ela ocorre principalmente no couro cabeludo, mas pode surgir, também, na face, nas orelhas e no tronco. Já a seborreia é o aumento da produção de sebo, ou seja, o aumento da oleosidade que surge na face e no couro cabeludo”, explica a dermatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Ana Paula Pierro.

Inverno é vilão

As dermatites apresentam melhora, normalmente, na presença do sol. Por isso, no período de outono e inverno, cresce a quantidade de reclamações. O clima mais frio e seco é responsável pelo aumento da descamação, piorando a dermatite seborreica.
Além disso, as pessoas tendem a lavar a cabeça com menos frequência. Esse fator, combinado com a redução da transpiração e menor exposição solar, contribui para que o problema apareça com mais frequência.

Fontes: dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), Dra. Luciana Gasques; assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Fabiane Mulinari Brenner; e dermatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Ana Paula Pierro

A dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), Dra. Luciana Gasques, complementa dizendo que a dermatite seborreica é multifatorial e, além do fator genético, tem outras causas como estresse, oleosidade e infecção fúngica. Geralmente, manifesta-se com o couro cabeludo avermelhado e soltando escamas finas, podendo haver coceira associada.

Entre os principais sintomas da doença estão a oleosidade na pele e no couro cabeludo; escamas brancas que descamam (as famosas caspas); escamas amarelas que são oleosas e ardem; coceira, que pode piorar caso a área seja infectada; leve vermelhidão; e possível perda de cabelo.

Já a seborreia acontece mais facilmente quando a pele é oleosa e é mais comum na adolescência e em jovens adultos. As temperaturas muito quentes podem agravar o problema, sendo mais fácil observar o rosto e o couro cabeludo “brilhando” devido à produção aumentada do sebo.

“Em geral, surgem na adolescência em pacientes geneticamente predispostos ou com estímulos hormonais como ovários policísticos, outras doenças ou com a ingestão de certos medicamentos”, diz a assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Fabiane Mulinari Brenner.

Controle necessário

As duas doenças são crônicas, ou seja, não têm cura. “Não são como uma amigdalite, que se trata com antibiótico e cura, mas possuem tratamento e podem ficar sem sintomas por muito tempo. Porém o problema está lá, dormente e pode voltar”, frisa a Dra. Luciana.

Um dos pontos que merecem atenção é o estresse. Ele costuma ser um gatilho em muitas doenças dermatológicas, incluindo a caspa e a seborreia. É um fator que agrava certas patologias pela liberação de citocinas e desencadeamento de reações inflamatórias.

Além do controle do estresse físico e mental, o acometido deve, preferencialmente, evitar tomar banhos muito quentes, enxugar-se bem antes de se vestir e retirar completamente o xampu e o condicionador dos cabelos nas lavagens. Mudar hábitos e eliminar fatores reguladores, como má alimentação, tabagismo e consumo de bebida alcoólica, diminui a incidência dos problemas.

Contra as patologias

Xampus anticaspa: atuam realizando uma limpeza mais intensa do couro cabeludo e possuem antifúngicos na sua composição. Hoje, já existem xampus com efeito “peeling”, ou seja, limpeza mecânica do couro cabeludo.

Loções anticaspa: são a melhor opção, pois ficam muito mais tempo em contato com o couro cabeludo (os xampus são enxaguados em poucos minutos). Geralmente, são aplicadas na noite anterior e removidas no dia seguinte. Possuem efeito de combate fúngico, mas também ajudam a acabar com a inflamação.
Condicionadores: são importantes para desembaraçar e hidratar, uma vez que uma limpeza profunda acaba ressecando os fios.

Tempo de melhora: cada organismo responde de uma forma diferente. Porém quando os cuidados são feitos regularmente a melhora acontece. Quando o problema reaparece, todo o tratamento deve ser feito novamente.

Fonte: dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), Dra. Luciana Gasques

Os produtos usados no banho também devem ser levados em consideração. De acordo com a SBD, o uso de xampu adequado ao tipo de cabelo ajuda no tratamento. A decisão de qual é o item mais apropriado depende do nível e da rotina do paciente. Graus leves a moderados podem ser tratados com xampus, no caso de acometimento do couro cabeludo, ou sabonetes e pomadas, nos casos que acometem o rosto, os cílios e as sobrancelhas.

A Dra. Ana Paula acrescenta dizendo que os medicamentos orais à base de zinco e derivados da vitamina A ajudam a controlar os problemas, pois eles atuam nas glândulas sebáceas, diminuindo a produção do sebo.

“As medicações orais são reservadas para os casos mais severos, pois geralmente necessitam de seguimento com exames laboratoriais para avaliação do fígado e dos rins. Alguns medicamentos são antifúngicos e podem ser usados em casos reincidentes. Há, também, a isotretinoína, que atua reduzindo a ação das glândulas sebáceas”, finaliza a Dra. Luciana.

Foto: Shutterstock

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Edição 308 - 2018-07-01 Sazonalidade a favor do varejo

Essa matéria faz parte da Edição 308 da Revista Guia da Farmácia.