As últimas estatísticas sobre métodos contraceptivos no Brasil datam de 2006 e, na época, elas apontavam uma redução na taxa de esterilização: no censo de 1996, essa taxa estava em torno de 40% e, em 2006, 25,9%.
Depois disso, não houve novo censo e o que se sabe é que a pílula é o método contraceptivo mais popular entre as mulheres. De acordo com a vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 2015, dados sobre uso de métodos contraceptivos modernos.
“A taxa de uso de pílula anticoncepcional foi de 24,1%, resultado próximo ao publicado em 2006, na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), que era de 25,9%. Quanto aos Dispositivos Intrauterinos (DIUs), corresponderam a 1,9% e implantes, 0,1% apenas. Já a taxa de laqueadura foi de 28,4% e vasectomia começou a aumentar, mas ainda existem valores pífios, em torno de 5%”, conta.
As pílulas mais populares são, segundo o ginecologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Mauricio Abrão, aquelas combinadas e que acabam sendo as mais baratas, que apresentam uma associação de estrogênio e progesterona em uma dose um pouco maior. Contudo, existe uma série de opções.
“Elas podem ser combinadas ou podem ser só de progesterona, e os contraceptivos hormonais podem ser injetáveis, por anel ou por adesivo”, diz.
Conforme explica a Dra. Ilza, o uso de métodos considerados mais efetivos na prática, chamados de métodos de longa ação, que consistem em DIUs e implantes subdérmicos, continuam muito baixos.
CONHEÇA OS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Preservativos Masculinos e Femininos
Altamente eficazes contra gestação se usados corretamente e previnem Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Devem ser colocados antes do início do ato sexual e retirados imediatamente após.
Anticoncepcionais Hormonais – Progestagênicos
• Características: são de uso contínuo, isto é, sem pausa, e podem variar entre si o tipo de progesterona.
• Aplicação: pode ser oral, injetável intramuscular mensal, injetável intramuscular trimestral, DIU, implante subdérmico.
• Vantagens: extremamente seguros, não aumentam risco de trombose ou doenças cardiovasculares. Em geral, não interferem tanto na libido.
• Desvantagens: podem ocasionar sangramentos de escape (em até 10% das usuárias), não são bons para o controle da acne/oleosidade.
• Contraindicação: mulheres com câncer ginecológico prévio e doença hepática grave (para os orais).
Anticoncepcionais Hormonais – Combinados
• Características: são compostos de estrogênio e progestagênio. Variam entre si na dose (15-358 mcg) e tipo de estrogênio (etinilestradiol e valerato de estradiol) e no tipo de progestagênio.
• Aplicação: oral, adesivo, injeção mensal, anel vaginal. Podem ter pausa de 4-7 dias ou ser de uso contínuo.
• Vantagens: bom controle do ciclo menstrual e poucos escapes, melhora da oleosidade da pele e acne, melhora das cólicas e do fluxo menstrual.
• Desvantagens: para algumas mulheres, podem gerar diminuição da libido, dor de cabeça e varizes. Sua eficácia depende da forma correta de uso.
• Contraindicação: mulheres com doenças cardiovasculares, trombose prévia, amamentação, enxaqueca com aura, câncer ginecológico prévio e tabagistas com mais de 35 anos de idade.
Dispositivos Intrauterinos (dius) – Hormonais
• Características: contêm um progestagênio (levonogestrel) de liberação lenta.
• Vantagens: alta eficácia (taxa de falha 1/1.000 mulheres), longa duração (5 anos) e pouca absorção na circulação sanguínea.
• Desvantagens: podem ocasionar sangramentos de escape (em até 10% das usuárias). Não são bons para o controle da acne, Tensão Pré-Menstrual (TPM) ou tratamento de cistos ovarianos. Não podem ser colocados em mulheres virgens.
• Contraindicações: mulheres com câncer ginecológico prévio, alterações da anatomia uterina (como miomas grandes).
• Aplicação: são colocados por um profissional da saúde dentro do útero.
Dius de cobre/prata/ouro
• Características: atuam como espermicida e aumentam o muco cervical. Não são abortivos.
• Vantagens: alta eficácia (taxa de falha 1/1.000 mulheres), longa duração (3-10 anos) e não contêm hormônios.
• Desvantagens: não melhoram cólicas ou o fluxo menstrual que, em alguns casos podem ser intensificados. Não podem ser usados por mulheres virgens.
• Contraindicações: alterações da anatomia uterina (como miomas grandes).
Implantes Subdérmicos
• Características: implantes colocados no braço contendo progestagênio (levonogestrel) de liberação lenta.
• Vantagens: alta eficácia (taxa de falha 1/1.000 mulheres), longa duração (três anos) e pouca absorção na circulação sanguínea.
• Desvantagens: podem gerar sangramentos de escape (em até 10% das usuárias). Não são eficazes para o controle da acne.
• Contraindicações: mulheres com câncer ginecológico prévio.
Fonte: ginecologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Marina Andres
“Somados os DIUs e injetáveis, apenas 7% das mulheres sexualmente ativas, entre 15 e 49 anos de idade, estavam usando esses métodos. A taxa de uso de implantes foi zero, de acordo com os dados da PNDS (MS2008)”, comenta.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS
Atualmente, os métodos anticoncepcionais são divididos em grupos. Um deles corresponde aos de longa duração (LARCs, em inglês) e não dependem da lembrança da usuária. Por essa razão, são mais efetivos no uso comum, como as mulheres usam na vida real.
“Correspondem aos DIUs e aos implantes subdérmicos. Os métodos de curta duração (SHARC, em inglês) correspondem ao ACO (pílula), ao anel vaginal, ao adesivo transdérmico e aos injetáveis mensais. O mecanismo de ação dos métodos de curta ação é o bloqueio da ovulação, mas como dependem da lembrança da usuária, na prática, apresentam falha maior”, explica a Dra. Ilza.
Entre os métodos disponíveis, a pílula combinada tem uma eficácia de cerca de 99%. “Aqueles só de progesterona têm a eficácia um pouco menor, por volta de 96%”, conclui o Dr. Abrão.
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