Controle do tártaro e da placa bacteriana

Uma boca saudável é aquela livre de bactérias que podem causar problemas sérios e desagradáveis. Higiene e prevenção são indispensáveis

Um belo sorriso nem sempre é sinônimo de uma boca saudável. Quando a higiene oral não é realizada de maneira eficiente, a saúde bucal pode ser comprometida em função de vários problemas, entre eles a placa bacteriana e o tártaro. A placa bacteriana, também conhecida como biofilme ou placa dental, é uma película pegajosa constituída por bactérias, resíduos alimentares, saliva e açúcares, que se aloja nos dentes e é apontada como causa de cárie e gengivite. “Os microrganismos encontrados nela nem sempre são maléficos, vivendo em harmonia com a cavidade bucal. O problema é seu excesso. Quando acontece o acúmulo de saliva, restos alimentares e microrganismos, o ambiente se torna propício para a fixação e multiplicação dos mesmos. Além disso, as bactérias utilizam o carboidrato dos alimentos e produzem ácido lático, que deteriora o esmalte dos dentes, deixando-os mais propícios ao surgimento da cárie”, explica o diretor e odontologista do Instituto Zahr, Dr. Tarcísio Zahr.

A formação de placa bacteriana é um problema odontológico que chega a atingir cerca de 35% da população na faixa etária entre nove e 30 anos, sendo que após os 40 anos esse percentual chega a 60%. A informação é do odontologista e responsável técnico da clínica OdontoCompany de São José do Rio Preto (Redentora), no interior de São Paulo, Dr. Paulo Bolfarini. Ele acrescenta ainda que essa formação é maior nas mulheres, devido a fatores como gestação e questões hormonais como menopausa e ciclo menstrual. “Na realidade, a placa bacteriana sempre está presente na boca, devido ao pH ácido e às bactérias, porém o acúmulo acontece mais rápido ainda quando há falta de higienização adequada. A má higienização da boca está ligada, na maioria das vezes, a esse acúmulo, porém ele também pode ocorrer por fatores como diabetes, pressão alta, uso contínuo de medicamentos, entre outros”, explica.

A má escovação e o acúmulo da placa bacteriana podem levar ainda a quadros mais complicados, com o surgimento de inflamações como a gengivite, que pode evoluir para um quadro de periodontite. “Quando a gengivite não é tratada, esta resposta inflamatória contra a ‘invasão’ das bactérias leva à destruição progressiva dos tecidos de suporte dos dentes – ligamento periodontal, osso e gengiva. Quando existe essa destruição dos tecidos, estamos perante uma periodontite, que pode ter graus de severidade diferentes, mas que implica uma perda irreversível de estruturas naturais importantes para a saúde dentária”, explica a odontologista e diretora do departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Dra. Helenice Biancalana.

De acordo com a especialista, a doença periodontal tem sido regularmente relatada como mais prevalente ou mais grave em homens do que em mulheres, na mesma faixa etária. “No caso das mulheres, um número cada vez maior de estudos relaciona as enfermidades gengivais com uma variedade de problemas que afetam a saúde da mulher. Como a gengivite é uma infecção causada por bactérias, estas podem entrar na corrente sanguínea e tornar-se causa de outras complicações como problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC), problemas respiratórios, gengivite gravídica (gestação), entre outros”, diz.  A Dra. Helenice relata que pacientes diabéticos com diagnóstico de periodontite, ao receberem tratamento, passam a apresentar melhora no controle da doença. “A não redução do biofilme favorece o desenvolvimento do diabetes avançado”, diz.

Da placa ao tártaro

Também chamado de cálculo dental, o tártaro é basicamente a calcificação da placa bacteriana, ou seja, quando não adequadamente removido, o biofilme endurece na superfície dos dentes, formando o tártaro. Esse é um problema que, segundo o Dr. Bolfarini, atinge cerca de 65% da população do País.

O tártaro pode ainda se formar sob a gengiva e irritar os tecidos dessa região. “Além disso, ele dá à placa bacteriana um espaço maior e mais propício para o seu crescimento, o que também pode levar a problemas mais sérios como cárie, gengivite, problemas periodontais e até à perda do dente”, alerta o Dr. Zahr. O tártaro tem uma coloração amarelada e é muito comum ocorrer sangramento na gengiva de quem está com o problema. “Muitas vezes, ao usar o fio dental, a gengiva de quem está com tártaro sangra e a pessoa acha que é o fio machucando, mas na verdade a gengiva está inflamada e sensível”, explica o especialista. Ele conta ainda que quando o tártaro e a placa são removidos através de uma limpeza profunda realizada pelo dentista, associada a uma boa higiene diária, em poucos dias a gengiva para de sangrar.

O tártaro provoca ainda halitose (mau hálito), inchaço e dores na gengiva. “A halitose está relacionada principalmente com a presença de um tipo de placa bacteriana formada sobre a língua, que fica esbranquiçada e fermenta, podendo causar mau cheiro”, conta o Dr. Zahr.

Higiene é a base da prevenção

Higienizar a boca é muito mais do que escovar os dentes. É um processo que deve fazer parte da rotina diária de cuidados.

De acordo com a Dra. Helenice, a higiene bucal deve acontecer ao menos três vezes ao dia, sendo que a escovação deve ser feita com creme dental com flúor por no mínimo dois minutos, e sempre após as refeições. Vale lembrar que a escova deve ser trocada no máximo a cada três meses e que as visitas ao dentista devem ocorrer no mínimo a cada seis meses.

Foto: Shutterstock

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Essa matéria faz parte da Edição 313 da Revista Guia da Farmácia.