Crianças são as principais vítimas de queimaduras

Pelo menos um milhão de acidentes acontecem por ano no País, de acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Queimaduras

Você sabia que a maioria dos acidentes que provocam queimaduras nas crianças, e principais vítimas de queimaduras, acontece dentro do ambiente doméstico? Mais do que isso, grande parte deles ocorre especificamente dentro da cozinha, onde ficam o fogão e as panelas.

Embora no Brasil não se tenham dados específicos sobre esse tipo de acidente, a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) estima que pelo menos um milhão de casos aconteçam por ano no País, “sendo que cerca de 30% dos pacientes podem necessitar de internação em hospitais gerais ou unidades especializadas neste tipo de trauma”, garante a cirurgiã plástica e diretora científica da SBQ, Dra. Andrea Fernandes de Oliveira.

“No Brasil e no mundo, a principal causa de queimadura é decorrente do manuseio incorreto de líquidos quentes, como óleo e água, dentro de casa ou no ambiente de trabalho, como restaurantes e padarias.”

A médica, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), acrescenta que a exposição à eletricidade e o uso indevido de líquidos inflamáveis, como álcool ou gasolina, também são muito frequentes no Brasil.

Como agir em caso de queimadura?

Passo 1

A queimadura de primeiro grau é a única que pode ser tratada em domicílio, se não for extensa! A primeira conduta é lavar o local com água corrente em temperatura ambiente até que ele seja resfriado.

Passo 2

Secar o local cuidadosamente com um tecido macio e hidratá-lo com óleo vegetal (ácido graxo essencial) ou produtos hidratantes sem álcool para acelerar o processo de cicatrização.

Passo 3

Em caso de dor no local, pode-se recorrer ao analgésico, como paracetamol e dipirona, para aliviar os sintomas.

Passo 4

Nunca usar gelo, pasta de dente, pó de café, margarina, clara de ovo e algodão no local lesionado.

Passo 5

A bolha pode aparecer em até 24 horas após o acidente. Se isso ocorrer, envolver o local em um tecido limpo, como toalha ou lençol, e procurar uma unidade de saúde. Nesse caso, o tratamento precisa ser acompanhado pelo profissional de saúde, que vai realizar curativos adequados para evitar infecção ou outras complicações.

“As famílias menos favorecidas costumam usar o etanol para aquecer e cozinhar alimentos, por conta do preço do gás de cozinha. Nas regiões periféricas das grandes cidades, existe uma quantidade maior de construções irregulares, com fiação exposta ou muito próxima da rede elétrica. Nessas duas situações, esses agentes provocam quase sempre queimaduras graves, inclusive com risco de óbito.”

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as queimaduras representam a quarta causa de morte e hospitalização por acidente de crianças e adolescentes de até 14 anos de idade.

“Já a Associação Americana de Queimaduras (ABA, sigla em inglês para American Burn Association) estima que cerca de 300 crianças são atendidas diariamente nas emergências hospitalares dos Estados Unidos por conta de queimaduras”, ressalta a diretora científica da SBQ.

“Toda queimadura pode ser fatal e isto vai depender da quantidade e do tipo de agente que causou a lesão na pele, assim como do tempo de exposição. Quanto maior a área atingida, maior também será o risco do paciente.”

Como identificar o grau da queimadura?

“As queimaduras são classificadas de acordo com a profundidade e a extensão da lesão provocada na pele. Quando ela atinge apenas a camada mais superficial da pele, é chamada de primeiro grau e pode causar vermelhidão e calor local, ardência, inchaço e dor”, explica a cirurgiã plástica.

“O exemplo mais comum de uma queimadura de primeiro grau é a exposição solar intensa e prolongada. Nesse caso, se não for extensa, ou seja, menos de 25% do corpo, é possível tratar em casa e a lesão melhora de forma espontânea entre quatro e cinco dias.”

Quando a pele apresentar bolhas, a queimadura passa a ser classificada de segundo grau e já acomete uma parte mais profunda da pele, causando também inchaço e dor intensa, com perda excessiva de água. Além disso, a médica ressalta que “devido à perda da barreira que nos protege contra microrganismos, este grau de queimadura está associado ao risco maior de infecção”.

“Por isso, precisa de acompanhamento médico. Caso o paciente não tenha complicações associadas, pode levar de dez a 15 dias para formar uma nova camada de pele.”

Por fim, a especialista alerta que “a mais grave é chamada de terceiro grau porque acomete toda a extensão da pele, podendo chegar à musculatura. Em todos os casos, o paciente precisa de internação porque será necessária a remoção da ‘pele morta’ e a reconstrução do local por meio de cirurgia”, conclui.

Foto: Shutterstock

Conhecimento é Tudo!

Edição 319 - 2019-06-06 Conhecimento é Tudo!

Essa matéria faz parte da Edição 319 da Revista Guia da Farmácia.