De cabeça na moda: novidades e tendências

Os cabelos são parte essencial para que uma pessoa exprima toda a sua identidade. Essa preocupação enche as prateleiras de farmácias e drogarias com produtos que prometem deixar os fios mais próximos do perfeito possível

A moda é uma maneira de expressar identidade e mostrar ao mundo como uma pessoa deseja ser vista pela sociedade. Muito mais do que as roupas, a moda influencia outros tantos detalhes, como os cabelos.

“Quando unimos ‘cabelo’ e ‘tendência’ em uma mesma frase, é quase que automático relacionar o quanto uma ‘cabeleira’ marcou fases, sendo o reflexo de muitas manifestações: as franjinhas da década de 20, o Black Power dos anos 1960 e os cabelos coloridos de 1980 e que, hoje, novamente, estão em alta. Isso porque a expressão por meio da moda é muito mais do que apenas o jeito de se vestir e, sim, um verdadeiro modo de ser. O cabelo vem carregado de representatividade e personalidade”, revela a coordenadora de marketing da Cless Cosméticos, Priscila Aleixo.

Se antes, por exemplo, uma mulher com a cabeça raspada era tido como uma vergonha, hoje, passa a ser símbolo de resistência. A herança das progressivas e alisamentos dos anos 2000 foi deixada para trás quando um novo momento surgiu com a aceitação dos fios como eles são, criando as transições capilares.

Alterações cronológicas

Existe muita diferença com o passar dos anos. “Estamos vivendo a inversão de métodos e quem está ditando as tendências são as madeixas, e é o mercado da moda que está se encaixando, e não o contrário, como antigamente. Sintetizando: os cabelos estão diretamente ligados às tendências nacionais e internacionais, por meio da representatividade social a qual tem sido prezada, mas já não depende do que vem das passarelas. Primeiro surgem os penteados, as cores e os cortes e só então as passarelas acompanham”, frisa Priscila.

Para que isso aconteça, existem especialistas estudando durante todo o tempo sobre a indústria, moda e suas tendências. O embaixador da Alfaparf Milano, Miró Rodriguez, explica que esses profissionais ficam de olho nas ruas e no que as pessoas estão usando.

Eles pegam referências de tribos que podem se transformar em uma grande tendência lá na frente, desde que haja uma comunicação com outros veículos e áreas (como design, moda). Por exemplo, usar um cabelo na cor cobre; para que essa tendência se torne moda, outros veículos também podem fornecer referências próximas ao cobre para que se torne algo paralelo a esse universo, como um todo na indústria.

O que não pode faltar

Se os cabelos são os queridinhos, não faltam produtos para que os fios estejam exatamente da maneira que as pessoas almejam. “As preocupações são diferentes entre homens e mulheres. Os homens pensam muito na densidade do fio e na queda, já a mulher, na qualidade. O homem veste muito aquele ‘dress code’ profissional, a mulher segue a linha de se sentir atualizada, moderna, mas que combine com seu estilo de vida (seja ele fitness, boêmio, ativo). O ideal é sempre encontrar uma maneira de se inserir dentro da importância da beleza do cabelo”, afirma Rodriguez.

Uma das grandes preocupações tem sido encontrar produtos específicos para as necessidades de cada tipo de fio. Tanto os consumidores quanto as empresas passaram a compreender que cada estrutura capilar possui deficiências distintas e que surge a necessidade de uma linha de tratamento específica para cada variação.

Primavera-verão 2019/2020

A temporada mais quente do ano pede que as cores tropicais voltem à moda. Tons como:

  • Mel;
  • Canela;
  • Caramelo; e
  • Conhaque estarão em alta, além da tendência do tom sobre tom. Os loiros platinados se transformarão em tons, como:
  • Manteiga,
  • Amarelo-areia; e
  • Pérola.

Fonte: coordenadora de Marketing da Cless Cosméticos, Priscila Aleixo

Priscila esclarece que, antes, eram apenas fios lisos, enrolados e crespos, sem distinção entre homens e mulheres. Mas não existe apenas um liso, há também o liso ondulado, o liso escorrido, o liso mecânico. Existe o cacho número 1, 2 e 3. E para cada tipo, há uma necessidade, por exemplo, do liso natural que tende a ser mais oleoso e precisa de produtos específicos para tratar a oleosidade, diferente do liso químico que precisa de tratamento pós-química.

“O mesmo vale para os homens que, nos últimos dois anos, entraram com mais força no setor de beleza, principalmente no que diz respeito à barba, ao cabelo e bigode, e se preocupam em ter produtos exclusivos para cada pelo de seu corpo, que assim como os cabelos, possuem estruturas e necessidades diferentes e merecem tratamentos adequados”, complementa ela.

Representatividade da categoria de hair care

Todo esse cuidado tem o seu preço. Pela escala nacional dos brasileiros, o consumo com produtos de hair care está estipulado entre 1,3% a 1,4% de seus rendimentos mensais. Mas para as mulheres que são as principais consumidoras do setor, esse número pode chegar até 30%, representando algo em torno de R$ 250,00 a R$ 500 (considerando até dois salários mínimos).

Se considerar as classes sociais mais altas, o embaixador da Alfaparf Milano cita um valor acima: o gasto médio mensal das mulheres é de R$ 1.000 a R$ 1.500. E o que entra nesses valores? Segundo ele, as mulheres devem fazer um corte a cada dois meses, cor global de três em três meses e, se tiver cabelos brancos, fazer o retoque todo mês. Há, também, os produtos que as mulheres precisam para dar continuidade ao tratamento e manutenção em casa.

Novidades e tendências da indústria

Cabelos Lisos

Ousar em cortes mais curtos e repicados. Sobre produtos, os lisos começam a receber uma linha de tratamento específica para cada tipo de fio. Além disso, muitas mulheres realizam muitos tratamentos antifrizz, botox capilar, entre outros.

Cabelos Cacheados

A transição capilar se manterá ainda por um tempo para aquelas que querem abandonar os fios com química. Para quem já está em fase avançada ou para quem já os tinha, os cachos receberão um olhar especial para a manutenção diária dos fios, desde o creme para pentear, hora do banho, hidratação, até tratamentos mais específicos, como umectantes, mousses e ativador de cachos. A onda do momento é Low Poo e No Poo e com fórmulas que proporcionem maciez e definição para os cachos.

Cabelos com Luzes/Mechas

Além da evolução dos tratamentos de hidratação, a tendência é surgirem produtos de proteção à estrutura do fio no momento da descoloração, evitando menos danos. Ainda, reformulação dos pós descolorantes e oxigenados com a inclusão de ativos de tratamento para que o procedimento seja menos danoso ao cabelo.

Cabelos Tingidos

A tendência é colorações de tom sobre tom em mechas em cores tropicas (mel, caramelo e variações). Novidades em produtos são as tinturas sem amônia e com tecnologia da coloração sem químicos. Uma novidade são as máscaras matizadoras que antes apenas eram disponíveis para cabelos loiros, mas surgiu a necessidade de manter a cor viva por mais tempo em tons escuros e avermelhados.

Cabelos Brancos

Para os cabelos brancos, mais cabelos brancos! A tendência é assumir os fios de prata, seja de forma natural, ou atingindo o loiro platinado ou perolado ou por de tons superclaros. Mas quem quiser manter a cor, há opção de tinturas com o poder de cobrir os brancos, ou produtos pigmentadores que cobrem as falhas de forma temporária.

Fontes: coordenadora de Marketing da Cless Cosméticos, Priscila Aleixo; e embaixador da Alfaparf Milano, Miró Rodriguez

Os homens gastam em torno de R$ 2 mil e R$ 5 mil com cabelo, considerando corte mensal, tratamento e produtos de qualidade que condizem com seu tipo de pele, couro cabeludo e forma do corte (barba também se enquadra). Eles devem manter o corte do cabelo a cada 20 ou 30 dias.

“Levando-se em consideração a diversidade de técnicas, podemos calcular uma média de quatro a seis procedimentos por mês para mulheres que apenas tendem a fazer ‘manutenções’, e de seis a dez para as que são mais vaidosas. Quase que o mesmo para os homens: de dois a quatro, sendo os menos vaidosos, e quatro a seis para os mais cuidadosos. Para entender, uma mulher pode tanto cortar, quanto pintar, hidratar, escovar, entre outros. O homem corta o cabelo com mais frequência, mas é raro hidratar, pintar, etc. No caso dos mais vaidosos, é possível incluir procedimentos relacionados a barba e bigode, como a barbaterapia”, diz Priscila.

Aumento de demanda

Os produtos de Higiene & Beleza (H&B) estão ganhando espaço nas prateleiras de farmácias e drogarias. Consequentemente, a busca por produtos também cresce no ponto de venda (PDV). Segundo o estudo Dinâmicas e Perspectivas do Mercado Farmacêutico e Consumer Health, realizado pela IQVIA, o segmento de Personal Care (Hair Care, Skin Care, Eye Care, Higiene Oral e Fragrâncias) representou cerca de 40% das vendas no canal farma em 2015, 2016 e 2017 [comparando com Nutrição, Cuidado ao Paciente e Over The Counter (OTC)].

“Pelo que percebo, os produtos mais consumidos em farmácias são os de densidade. Muita gente vem buscando em farmácia produtos antiqueda, para couro cabeludo e que resolvam estas questões. Hoje, há drogarias ‘premium’ que fornecem cosméticos de luxo, onde o consumidor tem a facilidade de encontrar produtos com alta tecnologia”, afirma Rodriguez.

Além disso, as pessoas buscam muitos produtos relacionados a tratamento mais intenso que envolva princípios ativos (por exemplo: minoxidil). Essa categoria cresce muito e as empresas já estão explorando o que é o produto intermediário, não é barato (popular), mas também não é aquele item muito técnico e específico que só se encontra no salão.

Foto: Shutterstock

O que está por vir?

Edição 322 - 2019-09-09 O que está por vir?

Essa matéria faz parte da Edição 322 da Revista Guia da Farmácia.