Depressão bipolar: alteração de humor prejudicial

O transtorno bipolar faz com que os pacientes oscilem entre episódios de extrema excitação e outros de tristeza profunda. Diagnóstico errôneo faz com que patologia possa se agravar e até levar ao suicídio

Parte de uma doença ainda maior, a depressão bipolar é muitas vezes confundida com a depressão unipolar. A patologia faz parte do transtorno bipolar, uma condição mental crônica caracterizada por alterações de humor radicais sem explicação aparente. Essa oscilação de humor pode ser repentina e varia da mania para a depressão.

De acordo com o Laboratório EMS, o diagnóstico depende dos sintomas, da intensidade e da frequência com que a doença se manifesta. Nas crises de mania, a pessoa tende a se sentir desinibida, impulsiva e extremamente eufórica, além de apresentar irritabilidade excessiva e um senso ampliado de si mesma. Já no quadro depressivo, ela sente-se cansada, sem apetite e tende a perder o interesse por coisas que já foram prazerosas.

O professor titular do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dr. José Alberto Del Porto, explica que os episódios maníacos são marcados por períodos distintos de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, e aumento anormal e persistente das atividades do paciente.

Já a fase depressiva apresenta sintomas como tristeza profunda, apatia, insônia, fadiga, perda de peso, dificuldade de concentração, baixa autoestima, pensamentos recorrentes de morte e pensamentos suicidas.

“Embora não existam sintomas patognomônicos (que possam determinar determinada doença), alguns ajudam na análise clínica feita pelo psiquiatra: idade de início das crises; maior número de episódios, com curtos períodos de recuperação; presença de delírios; e histórico de depressão pós-parto”, comenta.

O que é esquizofrenia?

Assim como a depressão bipolar, a esquizofrenia é um transtorno mental que merece atenção. A doença acomete entre 0,4% a 0,7% da população em geral, 70% têm entre 18 e 25 anos de idade quando descobrem a patologia e 80% não voltam às suas atividades anteriores.

Entre os principais sintomas estão os delírios, as alucinações (principalmente auditivas) e as psicoses. Além disso, o paciente passa a ter desorganização de pensamento e comportamento; prejuízos cognitivos como falta de memória, atenção e perda das funções executivas; embotamento afetivo (dificuldade em expressar emoções ou sentimentos); alogia (falta de conteúdo pessoal em discurso ou conversa); entre outros.

O diagnóstico é clínico, sendo que os exames ajudam somente a excluir outras doenças, como um tumor, por exemplo. É preciso que o paciente apresente ao menos cinco dos sintomas, sendo um deles delírios ou alucinações que durem pelo menos seis meses e causem sofrimento e/ou prejuízos.

Fonte: psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dr. Ary Gadelha

A doença, que acomete cerca de 2% da população (dados da Revista Brasileira de Psiquiatria), tem três variações: tipo I, tipo II e misto. Segundo o EMS, o primeiro se dá pela variação de humor entre depressão e mania profunda, o segundo entre depressão profunda e hipomania (mania leve), e, por fim, o transtorno misto engloba ambos os tipos.

O transtorno bipolar II é mais comum em mulheres, enquanto os homens costumam apresentar sintomas bipolares mais pelo abuso de álcool e drogas. Além disso, as mulheres têm três vezes mais chances de apresentar transtorno bipolar de ciclagem rápida.

Nesse caso, o Dr. Del Porto esclarece que o paciente tem quatro ou mais episódios de depressão, hipomania ou mania por ano, sofrendo as alterações de humor mais frequentemente que outros acometidos pela doença.

Em geral, os ciclos depressivos são mais comuns do que os de mania, o que leva a erros de diagnóstico da depressão bipolar. Os pacientes e os médicos acreditam que a pessoa sofra de depressão unipolar e que os episódios de mania são momentos de felicidade dentro deste quadro. O diagnóstico correto pode levar até dez anos.

Se há erro, normalmente, são prescritos antidepressivos comuns a esses pacientes. Por mais que os medicamentos possam diminuir os sintomas da depressão, eles podem aumentar as chances da pessoa sofrer com o ciclo misto, aumentando as possibilidades de suicídio.

“Além da medicação, é importante que as pessoas que convivem com o paciente consigam ler os sinais. Quando ele está hipomaníaco, por exemplo, tende a não perceber, mas quem está em sua volta, sim. É importante saber que as mudanças de hábito podem ser passíveis de atenção médica e que a depressão não é causada por preguiça, falta de caráter, entre outras crenças”, alerta o professor da Unifesp.

Para o paciente

Com foco no difícil diagnóstico e controle da depressão bipolar e da esquizofrenia, a Daiichi-Sankyo Brasil lançou um antipsicótico atípico (cloridrato de lurasidona) aprovado para o tratamento de episódios depressivos associados à perturbação da depressão bipolar e para o tratamento da esquizofrenia em adultos.

“O lançamento no Brasil é uma opção terapêutica para pacientes que atualmente enfrentam depressão bipolar I e esquizofrenia. A lurasidona constitui uma nova opção de tratamento que, além de eficaz, é bem tolerado”, explica o diretor médico do laboratório, Dr. Allyson

Nakamoto. “O medicamento é uma alternativa para os médicos que tratam as duas doenças crônicas. No caso da depressão bipolar, por exemplo, o fármaco não apresentou alterações clinicamente significativas no peso, impactando diretamente na melhor adesão ao tratamento”, diz.

Conscientização geral

Para ajudar não somente os pacientes, mas todos os profissionais de saúde, a Daiichi-Sankyo lançou uma campanha chamada “Depressão bipolar: está na hora de falar sobre isso”. O objetivo é alertar sobre a importância da conscientização a respeito da doença, que atinge mais de quatro milhões de brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

A campanha alerta para a importância de se falar sobre a depressão bipolar e, para isso, desenvolveu vários canais de comunicação para explicar tudo detalhadamente. O projeto quer informar o público leigo, influenciadores, profissionais de saúde e demais interessados.

Depressão não é tudo a mesma coisa

Existem vários tipos da doença

A depressão bipolar não é a mesma coisa que a depressão que muita gente já ouviu falar. A depressão que a maior parte das pessoas conhece é a chamada depressão unipolar.

Depressão bipolar

Refere-se exatamente à fase depressiva do transtorno bipolar. Embora o paciente também tenha alguns episódios eventuais de mania, o portador de depressão bipolar apresenta episódios predominantemente depressivos.

Sintomas: tristeza profunda, apatia, insônia, fadiga, perda de peso, dificuldade de concentração, baixa autoestima, pensamentos recorrentes de morte e pensamentos suicidas.

Costuma surgir entre os 15 e os 25 anos de idade, mas pode se manifestar em qualquer fase da vida.

2,2% dos brasileiros têm a doença.

15% dos pacientes tiram a própria vida.

Diagnóstico:
• Episódios prévios de alterações de humor;
• Episódios atuais ou passados de depressão;
• Sintomas depressivos antes dos 25 anos de idade;
• Histórico familiar de suicídio;
• Resposta negativa ao tratamento com antidepressivos.

Tratamento:
• A depressão bipolar não tem cura, mas pode ser tratada;
• O tratamento não é o mesmo aplicado a outros tipos de depressão;
• Diferentes tipos de depressão têm diferentes abordagens terapêuticas.

Fonte: Daiichi-Sankyo

Entre as ações, foi desenvolvido um site sobre a patologia (www.vamosfalarsobreisso.com.br), incluindo um vídeo animado que explica, de forma didática, quais são os sintomas e como eles afetam a vida dos pacientes, mudanças de comportamento, as reais dificuldades no diagnóstico e tratamentos disponíveis.

A campanha tem, também, uma websérie inspirada em histórias reais relatadas em vídeo por pacientes que, em quatro episódios, contam suas vidas com a depressão bipolar antes e depois do início do tratamento adequado. Além disso, conta com o apoio de influenciadores digitais com foco em saúde mental para divulgar mais sobre depressão bipolar nas redes sociais.

Foto: Shutterstock

Contra o tabagismo

Edição 309 - 2018-08-01 Contra o tabagismo

Essa matéria faz parte da Edição 309 da Revista Guia da Farmácia.