Para nós, entusiastas da digitalização da saúde e da consolidação definitiva de um ecossistema digital do setor, 2020 foi um ano contraditório. Embora muito difícil, caracterizado pelo enfrentamento de uma crise mundial por conta da Covid-19, foi também memorável do ponto de vista dos avanços notados por meio da adoção de novas tecnologias e da digitalização do setor.
Primeiro, a perspectiva pessoal. Em março de 2020, sentimos uma explosão. Fomos procurados por dezenas de instituições e players que queriam aderir à ferramenta de prescrição digital. Mais de 30 mil drogarias e farmácias nos procuraram para aderir à dispensação eletrônica de medicamentos. Foram mais de 13 milhões de receitas digitais emitidas apenas pela plataforma da Memed em 2020, um aumento superior a 100% do volume do ano anterior.
Aos números “somaram-se” também os aspectos regulatórios. A liberação em caráter de urgência da telemedicina veio juntamente com a regulamentação da prescrição digital para medicamentos controlados (aqueles que necessitam de um receituário de controle especial branco em duas vias); além da extensão da validade das receitas.
Claro que em um mundo ideal, tudo poderia ter sido mais suave. Mas tivemos de ofertar nossa tecnologia de prescrição digital para responder a esta avalanche de demandas em larga escala, e, literalmente, do dia para noite. Entretanto, não podemos negar que tudo isso propiciou uma evolução da digitalização que o setor nunca havia alcançado antes. A questão agora é: todo esse movimento foi uma apenas uma nuvem passageira ou veio para ficar?
Bom, antes de falar em pós-pandemia, é importante lembrar que ainda estamos em plena pandemia, infelizmente. E mesmo com a vacinação em massa, o mundo ainda enfrenta um desafio complexo de saúde pública. Há risco de uma segunda onda, da mutação do vírus e existem dúvidas ainda a respeito da reinfecção. O cenário, portanto, ainda é bem incerto, e muito provavelmente teremos de conviver durante o ano de 2021 com a necessidade de isolamento social.
Esse ambiente acaba impulsionando a organização de diversos serviços oferecidos à classe médica em um verdadeiro ecossistema digital de saúde: consultórios “inteligentes”, prontuários eletrônicos, serviços de telemedicina, plataformas de prescrição digital e e-commerce de medicamentos. A ponto da gigante Amazon anunciar sua entrada no varejo farmacêutico com uma subsidiária, a Amazon Pharmacy, cujo serviço de venda de medicamentos e entrega em domicílio teve início em novembro de 2020, nos Estados Unidos.
Outro indicativo de que a digitalização da saúde está se consolidando é a possibilidade concreta da telemedicina ser regulamentada em caráter definitivo no Brasil.
A verdade é que já estamos vivendo uma nova era. Um ecossistema digital de saúde se faz necessário para relacionar, conectar, validar e otimizar serviços, fazendo-os funcionar de forma única, efetiva e transparente para os usuários. A digitalização da saúde não é uma nuvem passageira. Ela veio para somar e se estabelecer definitivamente.
Fonte: Guia da Farmácia
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