Falar de maneira precisa onde e quando surgiu o comércio é, praticamente, uma tarefa impossível. Neste contexto, a única certeza que temos é de que as primeiras trocas comerciais ocorreram nos primórdios da civilização. À medida que o tempo foi passando, essas negociações foram se tornando cada vez mais complexas. A partir do momento em que o homem descobriu o valor dos metais, o comércio, de certa maneira, passou a ser realizado de forma menos amadora.
No decorrer do tempo, surgiram os bancos, as financeiras, as bolsas de valores e as grandes lojas atacadistas e varejistas. Para termos uma ideia da importância do varejo na economia, nos últimos anos, mais de 40 milhões de brasileiros passaram a fazer parte do mercado de consumo. Na última década, ele cresceu acima do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A previsão para 2015 é de que ele apresente uma expansão de 5,5% a 6%.
E não é importante apenas para a economia nacional. Desde 1911, a National Retail Federation, dos Estados Unidos, realiza anualmente o Retail’s BIG Show, considerada a maior feira de varejo do mundo. O evento promove a discussão das tendências do setor varejista e do mercado de consumo, bem como as diretrizes para o futuro.
A edição de 2015 contou com a presença de, aproximadamente, 1.800 empresários brasileiros, além de representantes de países, como a Alemanha, França e, claro, os Estados Unidos. Um dos destaques deste ano foi a palestra “New Digital Divide”. Nela, executivos da Deloitte, JCPenney e GameStop Corporation apresentaram dados de uma recente pesquisa, desenvolvida pela primeira vez, sobre como o mundo digital impacta o varejo. Mesmo com uma grande influência do e-commerce nos dias de hoje, pudemos perceber o quão importante ainda é a loja física.
Em sua apresentação, o presidente da GameStop Corporation (loja especializada no mercado de games), Tony Bartel, contou a história da empresa e como eles se reinventaram dentro do segmento. E ressaltou a loja física como peça estratégica fundamental para fortalecer o relacionamento pessoal e, a partir dele, impulsionar o engajamento digital.
Essa foi a tônica da maior parte das palestras. Mais do que sobreviver, ao se reinventarem, as lojas físicas poderão prosperar. Além de vender, elas precisam estar conscientes de que também podem promover encontros, oferecer entretenimento e se preocupar com o bem-estar e a segurança de seus consumidores. Sobretudo, no que se refere à invasão da privacidade. Os produtos devem ser vendidos, sim, mas não de maneira invasiva por meio de mensagens via smartphones, e-mails e afins. Apesar das facilidades oferecidas pelo avanço da tecnologia, nada substituirá a interação real entre o cliente e o produto.
Outro ponto a ser considerado são as estratégias que deverão ser utilizadas para estimular a fidelização dos clientes. Por meio da interação entre a tecnologia e os espaços físicos, a participação dos próprios vendedores será imprescindível para ajudar a conquistar a confiança e, consequentemente, a lealdade dos consumidores. Se há algum tempo eram considerados concorrentes, hoje, devem convergir para uma total integração. Portanto, vida longa às lojas, pois o tijolo não morreu.