Farmácia: diversas áreas de atuação para seguir carreira

Atualmente, existem 637 cursos de farmácia presenciais no país, de onde saem milhares de profissionais todos os anos com um leque de áreas de atuação para se especializar e seguir carreira

Nem só atrás de um balcão vive um farmacêutico. Esse profissional de saúde pode atuar em dez grandes áreas, além de 135 especialidades, e está presente em quase tudo, seja na indústria cosmética, alimentícia, nas farmácias propriamente ditas, entre outros. Sem que ao menos se imagine, pode haver o conhecimento e o trabalho técnico de um farmacêutico envolvido em algum produto ou serviço usado ou consumido por um número imenso de pessoas no Brasil e no mundo.

Diante de tanta importância é preciso voltar o olhar para a formação deste profissional. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), dados de 2019, levantados junto ao Ministério da Educação (MEC), revelam que existem 637 cursos de Farmácia presenciais. Desse total, 264 estão na região Sudeste, 149 na Nordeste, 96 na Sul, 74 na Centro-Oeste e 54 na região Norte. “São ofertadas 101.217 vagas. Academicamente, os cursos se organizam em 40,8% em universidades; 15,5% em centros universitários e 43,7% estão em faculdades. Dessas instituições, 81,4% são privadas e 18,6% públicas. No último ano, a média de egressos do curso de Farmácia que se formou ficou em torno de 19.500 pessoas”, conta a farmacêutica, professora e especialista na área de Educação, assessora da presidência do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e que faz parte da Comissão de Ensino (Comensino), também do CFF, Zilamar Fernandes. Segundo ela, atualmente, existem pouco mais de 218 mil farmacêuticos registrados nos Conselhos Regionais de Farmácia (CRFs), em todo o Brasil, sendo que 75% atuam em farmácias de qualquer natureza. Números que vêm crescendo rapidamente. Prova disso é que em 2016, segundo o Censo da Educação Superior, havia 115 mil estudantes matriculados em 510 cursos de Farmácia. O censo aponta ainda que o Brasil detém um quarto de todos os cursos de graduação em Farmácia do mundo.

Ainda segundo o CFF, em 2018, a profissão farmacêutica apareceu como a terceira com maior número de contratações formais no mercado de trabalho.

Qualidade comprovada

Para a professora e coordenadora da Pós-graduação Latu Sensu em Farmacologia Clínica e coordenadora do Curso de Farmácia Diurno da Universidade de Brasília (UnB), Patrícia Medeiros de Souza, o curso de Farmácia está se aprimorando e, segundo as normativas do MEC, está ocorrendo uma inserção da linha de cuidados farmacêuticos que abrange todas as áreas, fazendo com que o profissional tenha a oportunidade de atuar na prática desde o início da graduação. “Acredito que desta forma os cursos que não se adequarem serão descredenciados pelo MEC, pois o ministério tem uma preocupação de que o farmacêutico termine a graduação com a capacidade de atuar em diversas áreas, mas com atuação prática. Outro olhar do ministério está na inserção de atividades de extensão obrigatórias no curso, sendo mandatório em cada eixo que estas contemplem 10% da carga horária”, comenta.


A professora ressalta ainda que, em relação aos cursos oferecidos pelas mais de 600 instituições de ensino públicas e particulares, há que se destacar que todas devem atender à mesma demanda, principalmente para atender às solicitações do MEC para a melhoria do ensino. “Existem diversas disciplinas iniciais que servirão de suporte para que os estudantes façam as específicas, incluindo um rol enorme de matérias relacionadas à química, às disciplinas básicas de anatomia, biologia dos sistemas, dentre outras. Devido à reestruturação do currículo, a tendência é que haja uma incorporação em diversos eixos onde o farmacêutico poderá trabalhar o conteúdo dentro de um contexto prático, assimilando o conteúdo programático e se qualificando para atuar no mercado farmacêutico”, avalia.

Formação e atuação

As áreas de atuação e formação do farmacêutico são inúmeras, incluindo as de alimentos, indústria farmacêutica, clínica, pesquisa, docência, laboratório de análises clínicas, drogaria, farmácia comunitária, farmácia hospitalar, residências diversas nas áreas hospitalar, clínica, comunitária e saúde mental. Com tantas opções, Patrícia destaca que, de acordo com a experiência na UnB, praticamente 100% dos formandos conseguem ingressar no mercado de trabalho. “Dentre as áreas de atuação mais procuradas está a de atuação clínica, seja ela na parte hospitalar ou ambulatorial, incluindo desde a saúde mental até o atendimento de cuidados farmacêuticos, alta hospitalar e conciliação medicamentosa. O empoderamento do farmacêutico aumentou muito. A tendência é o atendimento multiprofissional. Acredito também que esta área foi aprimorada devido à abertura de diversas residências. Entretanto os farmacêuticos podem atuar em qualquer área e também cursar o mestrado profissionalizante, fazer pós-graduação Latu Sensu ou Stricto Senso”, diz.

Segundo ela, apesar de um leque de atuação tão extenso, entre os motivos que podem fazer com que o estudante de Farmácia desista do curso está no fato de que muitos ingressam nessa faculdade porque não passaram em Medicina, e acabam se frustrando. “Outros têm muita dificuldade em química e ficam represados no curso até desistirem”, explica.

O currículo das universidades ainda prevê o estágio obrigatório, ou não, sendo que este, além de ser uma porta de entrada para o mercado de trabalho, também é regulamentado pelo CFF, de acordo com a Resolução nº 634, de 25 de novembro de 2016.

Nova era

Há que se destacar que a revolução tecnológica 4.0 está batendo à porta, tendo em vista o aumento da expectativa de vida, mas os profissionais da área da saúde ainda continuarão a ser uma das categorias mais requisitadas e com as maiores ofertas no mercado de trabalho. A afirmação de Zilamar, do CFF, está embasada no fato de que, como todo profissional, o farmacêutico também deverá se apropriar das inovações tecnológicas, pois a própria profissão assim exige. “Os laboratórios de análises clínicas e toxicológicas estão cada vez mais automatizados; a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos biológicos exigirá o conhecimento de tecnologia de ponta”, comenta.

A especialista elenca ainda, conforme disposto nas diretrizes curriculares do curso de graduação em Farmácia, outras áreas nas quais o farmacêutico deverá estar preparado para atuar:

I – Pesquisar, desenvolver, inovar, produzir, controlar e garantir a qualidade de:

  1. Fármacos, medicamentos e insumos;
  2. Biofármacos, biomedicamentos, imunobiológicos, hemocomponentes, hemoderivados e outros produtos biotecnológicos e biológicos;
  3. Reagentes químicos, bioquímicos e outros produtos para diagnóstico;
  4. Alimentos, preparações parenterais e enterais, suplementos alimentares e dietéticos;
  5. Cosméticos, saneantes e domissanitários;
  6. Outros produtos relacionados à saúde.

II – Pesquisar, desenvolver, inovar, fiscalizar, gerenciar e garantir a qualidade de tecnologias de processos e serviços aplicados à área da saúde, envolvendo:

  1. Tecnologias relacionadas a processos, práticas e serviços de saúde;
  2. Sustentabilidade do meio ambiente e a minimização de riscos;
  3. Avaliação da infraestrutura necessária à adequação de instalações e equipamentos;
  4. Avaliação e implantação de procedimentos adequados de embalagem e de rotulagem;
  5. Administração da logística de armazenamento e de transporte;
  6. Incorporação de tecnologia da informação, orientação e compartilhamento de conhecimentos com a equipe de trabalho.

Foto: Shutterstock

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Edição 317 - 2019-04-04 Novos preços

Essa matéria faz parte da Edição 317 da Revista Guia da Farmácia.