Fim de ano pode aumentar crises de ansiedade

Fechamento de metas nas empresas, reforma da casa ou o planejamento da viagem de férias são algumas das situações que podem deixar a população mais suscetível a esse problema

De acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população, sofrem de transtorno de ansiedade. Pensando em dimensões populacionais, esse número é muito alto e tende a dobrar próximo às festas de fim de ano.

O período, por si só, é repleto de situações que causam ansiedade; desde os prazos de fechamento de metas nas empresas à organização das festas em família, reforma da casa, o planejamento da viagem de férias ou a compra de presentes de Natal.

De acordo com a psicóloga hospitalar da Rede D’Or São Luiz, Tatiana Tognolli Bovolini, a população vive em um período de muita ansiedade, de crianças a idosos.

“Estamos em uma era imediatista e com instabilidades e isto por si só já gera ansiedade; pensar agora no período de fim de ano e festas em que aumenta o nível de consumo quase que obrigatoriamente, sem falar no resgate e início de alguns casos de relacionamento familiar, são situações que podem intensificar o problema”, analisa.

Como explicou a psicóloga, as preocupações são as mais diversas possíveis e transitam nas relações familiares; nas lembranças mais acentuadas daqueles que já não estão mais presentes no círculo de vida; na questão econômica (se haverá dinheiro para suprir ou fazer o que realmente seria mais prazeroso nesta época); nas relações de trabalho; entre outras.

Ansiedade X problemas cardiovasculares

De tanto expor o organismo ao estresse, há o condicionamento deste para a abertura de precedentes a achados clínicos. A tensão exagerada, o excesso de ansiedade e a ocorrência de sentimentos ruins constituem o sexto lugar no ranking dos comportamentos mais prejudiciais às doenças cardiovasculares. Dessa forma, expor o organismo a esses constantes fatores é prejudicial à saúde cardíaca.

Os sintomas de crises de ansiedade são caracterizados por:

  • Medo;
  • Angústia;
  • Sensação de perigo iminente.

 

Crise de pânico

Associada a sintomas como taquicardia, dificuldade para respirar e dores no peito, a crise de pânico costuma ser confundida pelos pacientes como uma doença cardiovascular. Por isso a importância de buscar ajuda médica. Descartadas todas as hipóteses cardíacas, o paciente pode começar a adquirir consciência de que precisa cuidar mais da sua saúde mental e que a mesma está refletindo no funcionamento físico do corpo.

E sinais físicos semelhantes àqueles causados pelas doenças cardíacas como:

  • Taquicardia;
  • Aumento do suor;
  • Aperto e dor no peito; e
  • Palpitações.

Além disso, existem dados na literatura demonstrando que a crises de ansiedade pode agravar os sintomas de angina, além de desencadear hipertensão.

Fonte: psicóloga hospitalar da Rede D’Or São Luiz, Tatiana Tognolli Bovolini

“Não podemos deixar de citar, ainda, que o cansaço acumulado de um ano todo também pode aumentar os níveis de crises de ansiedade e depressão nas pessoas.”

É importante ressaltar que o fim do ano representa o fechamento de um ciclo e o início de novas oportunidades – o famoso “papel em branco”. Geralmente, nesta época, as pessoas fazem um levantamento das conquistas ao longo dos meses e, com isto, acabam entrando em contato com algumas frustrações, já que acontece a reflexão sobre alguns planos que não foram concretizados.

Tatiana explica que é muito comum as pessoas culparem a si mesmas perante fatos que não deram certo. “Quando comportamentos como esse se tornam repentinos e repetitivos, o fim do ano assume um aspecto triste e não mais festivo. Estudos comprovam que as taxas de suicídio tendem a aumentar nesta época devido a esse processo de mudanças em que o indivíduo se coloca, além de suas vivências ao longo de todo o ano”, alerta.

Segundo a especialista, quem já possui uma predisposição genética para transtornos mentais, com certeza, estará mais propenso a desenvolver ansiedade neste período, ressaltando que uma vez que a ansiedade é instalada no organismo, não tem cura. Dessa forma, o indivíduo terá de aprender a conviver com a doença.

Evolução da patologia

De acordo com o diretor adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Natulab, Olavo Rodrigues, a ansiedade é, geralmente, um mecanismo de defesa normal do indivíduo que é disparado diante de determinadas situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa.

“No entanto, quando esse conjunto de sensações persiste por longos períodos de tempo e passa a interferir nas atividades do dia a dia, a ansiedade deixa de ser natural e passa a ser motivo de preocupação, tornando-se um transtorno psíquico.”

Para a gerente médica da Aspen Pharma Brasil, Dra. Sandra Bandeira, a ansiedade e o medo são patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como normal naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo.

Rodrigues ressalta que, hoje, a incidência maior está entre as mulheres e as pessoas mais jovens. “Geralmente, são pessoas que não cuidam da sua saúde mental, pessoas ansiosas, em geral, apresentam perfis diferenciados: são aquelas que pensam em tudo e em todos e acabam se deixando em segundo plano, geralmente, são imediatistas em suas vontades, são agitadas, vivem em estresse diário constante e não têm tempo para cuidar de si próprias.”

Auxiliares no controle da ansiedade

Diversas indústrias farmacêuticas possuem, no portfólio, medicamentos voltados para o tratamento das crises de ansiedade. Entre elas, a Aspen Pharma oferece o Calman, um produto fitoterápico composto por extratos de três plantas medicinais – Passiflora incarnata L., Crataegus oxyacantha L. e Salix alba L. –, que ao serem associadas, possuem um efeito calmante leve.

Assim, Calman é indicado nos quadros de ansiedade leve a moderada e distúrbios do sono. Prakalmar (Passiflora incarnata L.) é um produto fitoterápico para o tratamento da ansiedade leve, como estados de irritabilidade, agitação nervosa, tratamentos de insônia e desordens da ansiedade.

Condições de alerta

O que acontece com o corpo?

A ansiedade é uma resposta do organismo para as diversas situações. O corpo é condicionado a se preparar para uma “guerra” e, neste momento, os hormônios são liberados na corrente sanguínea. Músculos se tensionam, o coração bate mais rápido e a boca fica seca, abrindo precedente para esse problema.

Quando é preciso pedir ajuda?

Se os sintomas físicos e as manifestações ansiosas começarem a atrapalhar o dia a dia e as atividades diárias. As queixas podem passar por:

  • Falta de sono;
  • Alterações no padrão alimentar;
  • Medos irracionais;
  • Estar em constante alerta não conseguindo relaxar por um minuto sequer;
  • Inquietações e agitação corporal;
  • Tremores;
  • Cansaço fácil;
  • Sensação de falta de ar ou asfixia;
  • Coração acelerado;
  • Suor excessivo;
  • Mãos frias e suadas;
  • Boca seca;
  • Tontura;
  • Náuseas;
  • Diarreia;
  • Desconforto abdominal;
  • Ondas de calor, calafrios;
  • Micção frequente;
  • Dificuldade para engolir;
  • Sensação de engasgo;
  • Perfeccionismo nas atitudes;
  • Intolerância;
  • Perda de prazer em atividades que antes eram prazerosas.

Fonte: psicóloga hospitalar da Rede D’Or São Luiz, Tatiana Tognolli Bovolini

A Natulab disponibiliza alternativas terapêuticas para crises de ansiedade e insônia leve ou moderada por meio de medicamentos fitoterápicos. O Seakalm, por exemplo, possui ação relaxante do Sistema Nervoso Central (SCN), podendo sentir seu efeito entre 45 minutos a uma hora do uso.

Outra opção é o Sédatif PC, da Boiron, homeopático indicado como auxiliar na crises de ansiedade e distúrbios do sono, porém sem causar sonolência. Esse medicamento ajuda a diminuir a ansiedade, os pensamentos que atrapalham o sono, a inquietude, tensão emocional e mental. É prescrito para crianças e, muitas vezes, para adultos. Possui eficácia comprovada com estudos clínicos e não há relatos de causar efeitos colaterais, começando a agir desde o primeiro comprimido.

É importante orientar ao paciente que, antes de procurar qualquer terapia, o melhor caminho é sempre procurar um médico para melhor indicação.

Foto: Shutterstock

Confiança elevada

Edição 325 - 2019-12-12 Confiança elevada

Essa matéria faz parte da Edição 325 da Revista Guia da Farmácia.