Final de ano: corrida contra o tempo

Dezembro deixa as pessoas mais amáveis e cheias de expectativas, mas pode ocasionar sintomas físicos e emocionais de sobrecarga, o que pode ser prejudicial e preocupante

Festas, encontros de amigos e familiares, Natal, Ano Novo, férias escolares, metas profissionais e outros mil detalhes fazem dos últimos meses do ano um momento um tanto quanto conturbado.

Se o estilo de vida atual já é cheio de problemas e atividades que preenchem cada minuto do dia, as tarefas do fim do ano fazem com que a maioria das pessoas fique ainda mais estressada e ansiosa.

De acordo com a Aspen Pharma, todo ano, especialmente em época de festividade, é comum as pessoas vivenciarem experiências não tão agradáveis, como shoppings, supermercados, lojas cheias, trânsito caótico, entre outras situações típicas deste período. Como resultado, há um elevado grau de estresse e ansiedade.

“O estresse é uma reação normal de defesa do organismo a situações de perigo, potencialmente lesivas. Ele permite que o organismo se prepare para reagir em momentos perigosos. Um exemplo clássico de estresse é a situação que nossos antepassados passavam quando encontravam pela frente um animal selvagem. Tinham que enfrentá-lo ou fugir. A frequência cardíaca aumenta, melhora a circulação nos músculos, aumenta a pressão arterial e o corpo se prepara para a reação”, explica o gerente médico do Aché, Dr. Mauro Luis de Mello Ferreira.

O grande problema é quando o estresse se torna constante, o que ocorre com muita frequência com o modelo de vida atual. De acordo com a psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Cristina Borsari, o estresse pode se tornar  uma doença.

Neste momento, o organismo briga contra os sintomas. É quando a pessoa começa a sentir dificuldade para dormir, apresenta compulsão alimentar ou deixa de comer e tem um aumento na produção de suco gástrico, o que leva à gastrite – essa é a fase de resistência. Por fim, quando o estresse se instala de maneira crônica, a pessoa precisa mudar seu estilo de vida para melhorar o quadro.

“Os principais sintomas são: sensação de desgaste constante, alteração do sono, tensão muscular, formigamento no corpo, problema de pele, pressão alta, alteração no apetite e no humor, diminuição da atenção, ansiedade e até depressão”, revela o Dr. Ferreira.

O estresse está diretamente ligado à liberação de cortisol, um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais e liberado em momentos de maior agitação. Além disso, ele é produzido em maior quantidade em momentos de estresse, por isso é conhecido como o “hormônio do estresse”.

É ele que causa o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca e pode ajudar em outros sintomas físicos causados pelo estresse, como mãos e/ou pés frios, boca seca, aumento da sudorese, tensão muscular, aperto da mandíbula.

“O estresse é uma doença psicossomática, ou seja, tanto emocional quanto física, que causa pensamentos mais acelerados e irritabilidade. Muitas pessoas que têm estresse produzem mais suco gástrico, desenvolvendo gastrite, úlcera ou aftas na boca. A pele começa a apresentar manchas, espinhas e pode haver queda de cabelo”, alerta Cristina.

Mas o problema pode ser prevenido com algumas mudanças no cotidiano, como respiração, alimentação e boas noites de sono. Praticar regularmente atividades físicas relaxantes ajuda na liberação de hormônios que otimizam o funcionamento do corpo, proporcionando bem-estar e, consequentemente, redução do estresse. “O estresse prolongado funciona como uma agressão ao organismo. E dormir bem é uma das melhores formas do corpo se recuperar deste tipo de ataque”, frisa a Aspen Pharma.

Quem sofre

De acordo com o Dr. Ferreira, todos estão sujeitos a apresentar problemas de estresse no fim do ano. Entretanto algumas pessoas têm mais propensão a sofrer deste mal, especialmente as mais perfeccionistas ou que querem fazer tudo ao mesmo tempo.

Além disso, outros fatores externos podem aumentar a possibilidade de estresse, como: mudanças de vida em geral, troca de emprego, promoção, demissão, aposentadoria, mudança de casa, divórcio, doença ou morte de pessoas queridas. O aumento do trânsito neste período também pode ser um fator desencadeante.

Alguns estudos mostram ainda que pessoas com cargos de alta gestão apresentam níveis mais altos de estresse por trabalhar com números e metas, além de ter muitas pessoas abaixo de si. Aqueles que trabalham no trânsito ou que têm carga horária muito exagerada também sofrem com a doença.

Testes podem ajudar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes a entender seu nível de estresse, como o criado pelo Instituto de Psicologia e Controle do Stress (IPCS). A avaliação, que pode ser feita on-line por meio do site www.estresse.com.br, pede que a pessoa responda algumas questões como: quais sintomas psicológicos apresenta, quais sintomas físicos e outros sinais para, em seguida, dizer qual o nível de estresse.

Nova vida

Os que sofrem com o estresse cotidianamente precisam mudar seus hábitos para melhorar. Segundo Cristina, o ideal é que a pessoa tenha um momento para ela, para desacelerar a mente. Fazer exercícios de respiração, como yoga ou pilates, ou até uma caminhada de 30 minutos, pode ajudar o paciente.

“Todos nós temos estresses no dia a dia. O importante é administrar os fatores estressantes, identificar quais são aqueles que mais nos afetam e, quando for possível, eliminá-los”, diz o gerente médico do Aché.

Entre os hábitos que ajudam a superar os fatores estressantes do dia a dia estão:

  • Dormir adequadamente;
  • Alimentar-se de forma saudável;
  • Fazer atividades físicas;
  • Buscar momentos de prazer e relaxamento;
  • Reduzir ou evitar substâncias como café e álcool, que são estimulantes e podem piorar o quadro.

“Quando a pessoa está na fase de doença, terá alterações comportamentais que trazem prejuízo. Neste momento, é hora de buscar apoio psicológico para ajudar na mudança de comportamento. Às vezes, é necessário procurar um profissional para poder entender o quanto o problema traz malefícios à saúde”, diz ela.

O uso de sedativos e ansiolíticos, afirma a psicóloga, deve ser feito somente em casos de indicação médica. Em primeiro lugar, é preciso que o paciente entenda o que está causando o estresse – como as preocupações de fim de ano – e, assim, tente ver o fator de maneira mais positiva para passar pelo período da melhor forma possível.

Por outro lado, dentre as opções terapêuticas existentes no mercado, os fitoterápicos têm se destacado devido à segurança e eficácia. Segundo a Aspen Pharma, dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2013 e 2016, a busca por tratamentos à base de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos mais do que dobrou: o crescimento foi de 161%.

Fitomedicamentos à base de Passiflora incarnata L., Crataegus rhipidophylla Gand. e Salix alba L, por exemplo, são opções para induzir o sono próximo ao funcionamento fisiológico do corpo, não interferindo no desempenho das atividades diárias.

Foto: Shutterstock

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Edição 312 - 2018-11-01 Aceita app?

Essa matéria faz parte da Edição 312 da Revista Guia da Farmácia.