Um exame positivo e pronto! Inicia-se ali um processo de transformação no corpo e na vida de uma mulher. Novos cuidados, demandas, dúvidas e uma preocupação ainda maior com a saúde. Aliás, os cuidados necessários para uma gravidez saudável devem iniciar com uma ampla e prévia avaliação.
“Nesse momento, a futura gestante deverá ser avaliada quanto à sua condição clínica e realizará exames pré-concepcionais. Deverá ser orientada quanto à atualização da carteira vacinal e suplementação de ácido fólico, indicado para prevenção de defeitos de fechamento do tubo neural que podem acometer o concepto (meningocle, espinha bífida e outros)”, explica a vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Lilian de Paiva Rodrigues Hsu.
Segundo ela, uma vez grávida, deve-se iniciar a assistência pré-natal com consultas regulares ao obstetra, onde serão realizados todos os exames, acompanhamentos e imunizações necessárias.
DICAs DO GUI: De olho nas vitaminas
Na gestação, as necessidades de vitaminas e minerais estão aumentadas e a suplementação de determinados micronutrientes é essencial.
Ácido fólico: responsável no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina, sua deficiência pode levar a defeitos de fechamento do tubo neural, anemia megaloblástica, abortamento, prematuridade e pré-eclâmpsia.
Ferro: deficiência está relacionada ao desenvolvimento de anemia, aos fetos pequenos para idade gestacional, à prematuridade e
sepse puerperal.
Cálcio: a deficiência no período gestacional está relacionada com alterações do humor, edema, pré-eclâmpsia e menor massa óssea no feto e diminuição da massa óssea da mulher, com aumento do risco de osteoporose e fratura de quadril na vida adulta.
Ômega 3: no último trimestre da gestação, ocorre um aumento da demanda do feto por ômega 3, em 50 a 70 mg/dia, para o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC). Atua como anti- -inflamatório e imunomodulador, diminuindo o risco de prematuridade e depressão pós-parto.
Fonte: vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Lilian de Paiva Rodrigues Hsu
“O desenvolvimento do bebê será avaliado por meio do exame obstétrico da gestante realizado a cada consulta e também pela ultrassonografia. Outros exames mais específicos poderão ser solicitados de acordo com a necessidade. Por isso, é fundamental o comparecimento às consultas”, acrescenta.
Ainda durante as consultas, o obstetra irá avaliar as condições e saúde da mulher e orientá-la sobre outros cuidados, como uso de protetor solar, repelente (para evitar infecções como zika e dengue), vitaminas e vacinas necessárias no período gestacional.
“É importante lavar frutas e verduras e não consumir carnes cruas ou mal cozidas para evitar a infecção por toxoplasmose. Além disso, é recomendado não fazer uso de medicamentos, cosméticos e nem realizar procedimentos estéticos sem a liberação do obstetra”, ensina a ginecologista do Hospital Moriah, Dra. Maitê Covas, destacando que os exames de pré-natal englobam ultrassonografias para avaliar o desenvolvimento e crescimento do feto, além de exames de sangue, para avaliar presença de diabetes, distúrbios da tireoide, o tipo sanguíneo da mãe, presença de anemia e infecções, como HIV, sífilis, hepatites B e C e toxoplasmose.
Cuidados na pandemia
Com a pandemia pelo novo Coronavírus, as gestantes devem redobrar os cuidados sanitários e manter as mesmas precauções recomendadas a toda a população: lavar as mãos com água e sabão; fazer uso do álcool em gel; manter distanciamento social seguro; evitar tocar olhos, nariz e boca; usar máscaras sempre que sair de casa; cobrir a boca e nariz com o cotovelo dobrado ou com lenço quando tossir ou espirrar. Além disso, se tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar, procurar logo assistência médica.
“As gestantes, incluindo aquelas afetadas pela Covid-19, devem seguir com suas rotinas de acompanhamento médicos, inclusive as consultas de pré-natal”, comenta a vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Lilian de Paiva Rodrigues Hsu. Ela enfatiza que as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) são para que as gestantes com sintomas da Covid-19 devem ser priorizadas para testagem.
A prática de atividade física também é importante no período, pois ajuda a aliviar eventuais desconfortos pelas mudanças impostas ao organismo da gestante. “Caminhadas, natação e hidroginástica são geralmente bem-aceitas. O consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo devem ser desaconselhados”, adverte a Dra. Lilian.
Atenção aos enjoos
Os enjoos são sintomas bem comuns na gestação, acometendo cerca de 80% das mulheres e são causados pela presença de HCG, hormônio produzido pela gravidez.
Segundo a Dra. Maitê, o pico desse hormônio ocorre entre a 8ª e 10ª semanas de gestação, com redução gradual após esse período. “Dessa forma, os enjoos costumam diminuir entre a 12ª e 16ª semanas de gestação.
Se os enjoos não estiverem levando à perda de peso ou desidratação, apesar de incômodos, não costumam ser prejudiciais ao feto”, explica.
Uma estratégia bastante eficaz para tentar reduzir esse mal-estar é evitar longos períodos em jejum, ingerindo pequenas porções de alimentos leves a cada duas ou três horas. “Preferir alimentos frios ou gelados, como frutas, também costuma ajudar a enfrentar os enjoos”, comenta a Dra. Maitê.
Fonte: Guia da Farmácia
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