Gravidez: uma questão de escolha

No Brasil, aproximadamente uma em cada cinco brasileiras tem o primeiro filho antes dos 20 anos de idade

No dia 1º de fevereiro celebra-se a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência e os números relacionados ao assunto ainda são alarmantes. A taxa global de gestação nessa fase da vida é estimada em 46 nascimentos para cada um mil meninas entre 15 e 19 anos de idade. No Brasil, a taxa sobe para 68,4 nascimentos para cada um mil adolescentes.

A ginecologista, obstetra e gerente médica da área de Saúde Feminina da Bayer, Dra. Thais Ushikusa, alerta para o fato de que, no País, na adolescência, até 87% das primeiras gestações não são planejadas.

“O percentual está acima da média mundial, de 40% de gestações não planejadas”, comenta, alertando que mais de 500 mil abortos clandestinos são realizados todos os anos no Brasil.

Em paralelo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mortalidade materna é uma das principais causas da morte entre adolescentes e jovens de 15 a 24 anos de idade na região das Américas. Globalmente, o risco de morte materna duplica entre mães com menos de 15 anos de idade em países de baixa e média renda.

Como fatores mais importantes da gravidez precoce, destacam-se a pobreza e o baixo nível de escolaridade, que estão intrinsecamente entrelaçados, constituindo o pano de fundo nos países em que o panorama se repete na contramão dos países desenvolvidos.

Preservativos masculinos inovadores

Diversão: são aqueles que trazem diferenciais na cor do látex e/ou no lubrificante (sabor e/ou aroma). Coloridos, com aromas ou com nomes divertidos, sabor e sensibilidade, tendem a atrair o público jovem.

Sensações: oferecem diferenciais nos lubrificantes, que causam efeitos quando em contato com a pele, como sensação quente, fria, que retardam ejaculação, entre outros. As sensações são proporcionadas para ele ou para ela, dependendo do benefício do produto.

Texturas: nomeados como texturizados, são aqueles que possuem espessuras diferenciadas, mais fina ou mais grossa. Ou seja, preservativos que proporcionam mais sensibilidade ou diferenciação. As camisinhas com relevos/texturas no próprio látex também estão neste grupo e podem contribuir com mais prazer para a mulher.

Fonte: DKT do Brasil

“Na maioria dos casos, a gravidez na adolescência é uma situação não planejada, que deve ser tratada como problema de saúde pública, por suas implicações familiares, emocionais e econômicas na vida da adolescente, do parceiro, da criança e de suas famílias, perpetuando um ciclo de desigualdade social”, analisa a ginecologista consultora médica da Libbs Farmacêutica, Dra. Thalita Russo Domenich.

A médica revela que em um estudo realizado com adolescentes brasileiras, considerando as diferenças socioeconômicas entre elas, observou-se que, apesar de as famílias com renda mais baixa terem em um primeiro momento aceitado melhor a gravidez, o maior impacto também ocorreu entre estas famílias. Principalmente quanto ao adiamento ou comprometimento dos projetos educacionais, menor chance de qualificação profissional e dependência financeira absoluta da família.

“Os métodos contraceptivos eram conhecidos, mas não utilizados, o que demonstra o desafio de alcançar estratégias de prevenção para esse público-alvo”, diz.


Como farmacêuticos podem atuar na prevenção?

Disseminando informação: a Dra. Thalita comenta que em farmácias, por exemplo, junto aos preservativos e contraceptivos específicos para adolescentes, poderiam ser entregues folhetos informativos sobre taxas de gravidez na adolescência e sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

“Também deve ser incentivada a formação de vínculo com o ginecologista desde a primeira menstruação da menina, assim, quando ela for iniciar a vida sexual, ela terá um profissional em quem confia para tirar suas dúvidas sobre contracepção, ISTs”, acrescenta.

Estando atentos para o atendimento: para a Dra. Thais, nas farmácias, os farmacêuticos e os balconistas podem ficar atentos às mulheres que compram contracepção de emergência, pois elas talvez estejam precisando conversar com um médico e descobrir opções mais eficazes ou de longa duração.

Realizando campanhas: é igualmente importante ser comunicado em campanhas as opções existentes de métodos contraceptivos, suas indicações e como podem ser acessados (se estão no sistema público ou se são cobertos por planos de saúde).

Tipos de contraceptivos: uma infinidade de alternativas

O Brasil é um dos países com maior número de uso de contraceptivos de emergência em comparação com a média global: 51% das brasileiras já utilizaram o método pelo menos uma vez na vida.

Adesivos transdérmicos:

Colados na pele, em rodízio de lugares, por três semanas. Após uma semana de pausa, inicia-se um novo ciclo.

Anel vaginal:

É um método combinado de fácil manuseio que deverá permanecer dentro da vagina por três semanas. Após uma semana de pausa, deve-se inserir um novo anel.

Preservativos masculinos (camisinhas):

São indicados para todas as relações sexuais sem fins reprodutivos. Evitam Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Preservativo feminino:

Deve ser inserido na vagina até oito horas antes das relações sexuais acontecerem.

Dispositivo Intrauterino (DIU) hormonal:

Contraceptivo de longa duração inserido no útero que libera progesterona (levonorgestrel). Há a redução do volume menstrual, com a possibilidade de que este seja interrompido.

Pílula anticoncepcional:

Devendo ser tomada todos os dias no mesmo horário, torna a menstruação mais regular e os fluxos menos intensos.

Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre:

Contraceptivo não hormonal inserido no útero por um ginecologista. Ele evita que os espermatozoides cheguem até as trompas, tendo efeito espermicida.

Implante hormonal:

São subcutâneos, colocados sob a pele, preferencialmente logo acima dos glúteos. O procedimento não dura mais do que dez minutos e a pessoa não precisa de qualquer repouso. Basta um curativo.

Contraceptivo de emergência:

Deve ser tomado até 72 horas após uma relação desprotegida e sua eficácia é maior quanto menor o tempo entre a relação desprotegida e a tomada.

Fontes: ginecologista, obstetra e gerente médica da área de Saúde Feminina da Bayer, Dra. Thais Ushikusa; ginecologista consultora médica da Libbs Farmacêutica, Dra. Thalita Russo Domenich; e pesquisa global “Think About Needs In Contracpetion” (TANCO), realizada pela Bayer com apoio da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)

“Em paralelo, esse público precisa ser informado sobre as consequências negativas que a falta de prevenção em relações sexuais pode gerar, não só com relação à gravidez não planejada, mas também à saúde como um todo, incluindo ISTs. A ideia é de que se convençam sobre a importância de se proteger para garantir uma boa qualidade de vida e ter um planejamento familiar da forma que acharem melhor”, afirma a Dra. Thalita.

Explicando as formas de contracepção: outra discussão válida é explicar os métodos existentes e discutir com a adolescente para saber qual ela acha viável usar (o que ela acha confortável, preço acessível, que ela não se esquecerá de tomar) e, muitas vezes, que traga algum benefício extra, como melhora da pele (é muito comum nesta fase as adolescentes apresentarem acne), controle do ciclo, dor mamária, cefaleia pré-menstrual, dismenorreia, etc.

“Tanto a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) quanto a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) liberam os métodos hormonais, a partir da menarca (primeira menstruação). No entanto, deve-se lembrar de que o Dispositivo Intrauterino (DIU) – hormonal ou não – é um dispositivo inserido no interior do útero e somente deve ser colocado após o início da vida sexual”, alerta a especialista da Libbs.

Foto: Shutterstock

Líderes inspiradores

Edição 327 - 2020-02-02 Líderes inspiradores

Essa matéria faz parte da Edição 327 da Revista Guia da Farmácia.