Herpes Labial – Evitando o contágio e o constrangimento

O problema pode ser fator de grande incômodo entre os acometidos, devido às lesões visíveis. Conheça os métodos preventivos e formas de tratamento mais efetivas para a doença  

Dor, ardência e coceira nos lábios, acompanhadas de lesões no local, são sinais comuns de uma doença infecciosa que pode acometer boa parte da população: o herpes labial. “Trata-se de uma doença causada pelo vírus herpes 1 (HSV-1), que aparece, geralmente, na região próxima aos lábios. Mas, o herpes pode aparecer também perto do nariz ou bochecha, de um só lado da face, tendo um aspecto avermelhado com vesículas agrupadas, sendo pruriginoso e até doloroso”, descreve a dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Samantha Kelmann.

Sintomas do Herpes Labial

Conforme já citado, os sintomas são bastante incômodos, passando por dor e prurido no local, onde aparecem vesículas agrupadas sobre uma base avermelhada ou eritematosa. “O principal sintoma é o aparecimento de vesículas no lábio. Essas lesões evoluem para crostas e cicatrizam espontaneamente, após sete a dez dias”, afirma o infectologista do Laboratório Exame, de Brasília, Dr. Alberto Chebabo.

O infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. José Ribamar Branco, lembra que horas ou um dia antes do aparecimento das vesículas na pele, algumas pessoas pressentem a crise. Isto por causa dos sintomas desagradáveis de ardor, queimação ou coceira no local afetado, porque o vírus está replicando e “caminhando” pelo nervo. Além disso, ele reforça que pacientes com crises podem passar por bastante dor, o que tem um motivo. “O vírus tem afinidade pelas terminações nervosas (tropismo), onde permanece silencioso. Por isso, quando a pessoa tem uma baixa de resistência, ele começa a se multiplicar, o nervo inflama e surgem os sintomas, antes mesmo de o quadro clínico se instalar”, mostra.

Segundo o Dr. Branco, o herpes labial pode apresentar várias recorrências durante um ano ou apenas uma ou duas durante toda a vida. “A frequência é determinada por vários fatores, entre eles, a competência do sistema imune do paciente e o tipo de vida que leva. Entretanto, conforme os anos vão passando, as recorrências tendem a se tornar mais fracas e espaçadas.” 

 

Herpes Labial – Orientações indispensáveis ao paciente

1) O herpes vírus é altamente infectante. Assim, a primeira orientação que se dá aos pacientes sempre diz respeito aos cuidados locais de higiene. 

2) Lavar bem as mãos e evitar contato direto com outras pessoas. Além disso, não furar as bolhas sob nenhum pretexto.

3) É indispensável prevenir uma infecção secundária por bactéria, o que piora muito o quadro.

4) Minimizar o risco de disseminação indireta. Ou seja, lavar bem itens, como toalhas e talheres ou copos, antes de reutilizá-los.

5) De preferência, não compartilhar itens com uma pessoa infectada. Principalmente quando ela tiver lesões de herpes.

6) Evitar desencadeadores (principalmente exposição ao sol), se tiver tendência ao herpes labial.

7) Evitar o sexo oral quando estiver com lesões de herpes na boca ou perto da boca. Os preservativos podem ajudar a reduzir (mas não a eliminar totalmente) o risco.

Fontes: infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. José Ribamar Branco; e infectologista do laboratório Exame, Dr. Alberto Chebabo

Fatores desencadeantes do Herpes Labial

Sabe-se que mesmo quando uma pessoa é infectada pelo HSV-1, nem sempre isto significa que a doença vá se manifestar. “Cerca de 80% a 90% da população com mais de 40 anos de idade já teve contato com o vírus do herpes labial em algum momento da vida. No entanto, apenas 1/3 desenvolve a doença, apresentando lesões recorrentes da boca. Os outros 2/3 desenvolvem anticorpos, não apresentam sintomas e se tornam imunes ao vírus”, mostra o Dr. Branco.

Como o vírus fica latente, bloqueado pelo sistema imunológico, qualquer fator que reduza a imunidade pode levar à manifestação clínica da doença, com aparecimento de lesões. “Entre os fatores que podem desencadear a doença, estão o uso de medicações imunossupressoras, as doenças que reduzem a imunidade, como câncer, além da exposição exagerada ao sol”, enumera o Dr. Chebabo, lembrando que qualquer pessoa é susceptível ao HSV-1, desde que exposta ao vírus. No entanto, pacientes imunossuprimidos têm maior chance de apresentar lesões mais extensas. Vale lembrar, ainda, que pacientes com quadros de estresse ou ansiedade, também estão mais propensos ao problema.

A transmissão se dá como em qualquer vírus, seja pelo contato direto ou indireto. “Nos adultos, a transmissão mais comum acontece através do beijo ou de talheres e copos contaminados. Porém, a maioria das pessoas se contamina com o vírus herpes simplex tipo 1 ainda na infância, quando o contato com secreções orais é muito comum”, esclarece o especialista do Hospital São Camilo. 

Herpes Labial: Formas de tratamento

Devido ao local da lesão e seu aspecto, o herpes labial pode causar, além de dor, muito constrangimento entre os acometidos. Assim, reduzir o número de crises ou torná-las mais amenas é uma busca constante entre os pacientes.

Então, o tratamento deve ser indicado para todos aqueles com herpes labial. Assim, tornam-se reduzidas as possibilidades de contágio, segundo lembra o Dr. Branco. “Estudos demonstram que algumas pomadas de uso tópico ajudam a diminuir o período de evolução da crise herpética, mas o efeito é muito discreto, se comparado com o dos casos em que elas não foram aplicadas. Por isso, os medicamentos antivirais por via oral são os mais recomendados para o tratamento da doença”, sugere o especialista. “O quadro pode ser muito mais grave, se a imunidade estiver deprimida, e exigirá internação hospitalar e tratamento com antivirais por via endovenosa”, acrescenta o médico. 

Além dos antivirais, o mercado já oferece substâncias inovadoras que podem auxiliar na prevenção. Uma delas é o cloridrato de lisina. Alguns estudos demonstram que o uso da lisina reduz as infecções de repetição causadas pelo vírus do herpes simples, não permitindo que o vírus se multiplique novamente. A professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia-Escola da Universidade de São Paulo (FCF-USP), e professora titular do curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, lembra que o cloridrato de lisina é um aminoácido essencial e entra na composição de determinados medicamentos polivitamínicos ou poliminerais e, portanto, no País, deve ser considerado como medicamento. “Este aminoácido é encontrado em medicamentos indicados para a necessidade aumentada de vitaminas e do aminoácido essencial lisina em situações, como período de crescimento, deficiência de vitaminas decorrente de dietas restritivas, convalescença pós-cirúrgica, doenças infecciosas ou outras enfermidades”, diz

 

Dúvidas frequentes sobre Herpes Labial

1) O vírus HSV-1, responsável pela maioria dos casos de herpes labial, também pode desencadear herpes genital? 

O herpes genital é causado pelo HSV-2. Porém, existem de 10% a 20% de casos de herpes labial (HSV-1) encontrados em várias partes do corpo, inclusive na região genital.

2) O vírus herpes simples pode permanecer latente por muito tempo no organismo?

Uma vez que a infecção primária tenha desaparecido, o vírus herpes simplex tipo 1 não morre. Pelo contrário, ele permanece vivo no corpo, adormecido nas células dos nervos, à espera de uma baixa do sistema imunológico para voltar a atacar. Muitos pacientes não apresentam a infecção primária pelo herpes. Mas, isso não significa que o vírus não esteja vivo dentro das células nervosas. Se o paciente apresentar alguma queda na imunidade, e isso pode ocorrer, por exemplo, durante períodos de estresse, o herpes labial pode aparecer pela primeira vez somente anos depois da contaminação. Quando o paciente não apresenta a infecção primária, é quase impossível determinar a data em que o mesmo foi contaminado.

3) O herpes labial pode gerar complicações quando não tratado? Se sim, quais são elas?

As complicações se dão quanto maior o grau de imunodeficiência do paciente, como faringite, meningite e encefalite herpética. Mas a grande maioria dos casos de herpes labial é autolimitada.

4) A primeira manifestação do herpes labial pode ser mais grave?

Em cerca de 20% dos indivíduos que desenvolvem sintomas do herpes labial, a primeira vez em que as lesões surgem, chamada de infecção primária, costuma ser a que apresenta os sintomas mais intensos. O paciente pode apresentar febre, mal-estar, perda do apetite, dor de garganta e aumento dos linfonodos do pescoço. Nas crianças, é comum haver gengivite (inflamação da gengiva), enquanto, no adulto, uma faringite forte, com pus e úlceras na faringe e nas amígdalas, é o sintoma mais comum da infecção primária pelo vírus herpes simplex tipo 1. O quadro costuma durar até duas semanas e desaparece espontaneamente.

Fontes: dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Samantha Kelmann; e infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. José Ribamar Branco


Autor: 
Kathlen Ramos

Análise clínica

Edição 274 - 2015-09-01 Análise clínica

Essa matéria faz parte da Edição 274 da Revista Guia da Farmácia.

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