Influenciadores digitais: os donos da “parada”

Influenciadores digitais roubam a cena e se tornam os mais relevantes para indústria e consumidor ao falarem sobre um produto ou serviço. Saúde e beleza são alguns dos assuntos mais comentados na web

Redes sociais, blogueiros, vlogueiros, digital influencer, selfie, life style, stories, insta, likes, seguidores são termos que passaram a fazer parte de toda a população, consequentemente, da nova forma da indústria olhar para quem influencia diretamente o seu consumidor. Se antes as pessoas olhavam para cantores e atores com um olhar especial, esse lugar hoje é daqueles que fazem conteúdo para a internet nas mais diferentes plataformas, como YouTube, Instagram e blogs.

Eles fazem sucesso por ser “gente como a gente” e, normalmente, falam de um assunto específico, como moda, beleza, saúde, games e quaisquer outros temas que possam ser imaginados. E essa relação mais próxima com o consumidor é um dos principais motivos para que eles estejam em alta.

De acordo com a coordenadora de web marketing da Vult, Janaina Idalgo, esse movimento contribuiu para a proximidade do consumidor final com as marcas. O público se vê refletido nesses influenciadores, que mostram sua vida real, com fraquezas e fortalezas. O público gosta disso e, quando se vê identificado, cria uma relação muito maior de proximidade e verdade neste tipo de relação.

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De 5,2 milhões de posts

Fonte: Airstrip | Airfluencers, 230 mil usuários (YT, FB, IG e TW)

“Os influenciadores não são seres intocáveis, muito pelo contrário, estão diariamente dialogando com o seu público e, a partir do momento em que gostam de uma marca, um produto ou serviço, o poder de influência naturalmente é amplificado com base em uma situação real, vista pelo público seguidor com muito mais consistência e credibilidade”, revela ela.

A tendência vem ao encontro de uma mudança de paradigma na vida de todas as pessoas. Se antes elas buscavam se informar no ponto de venda (PDV), hoje, a internet é a porta de entrada para conhecer mais sobre um serviço ou produto. Segundo a coordenadora de web marketing da Vult, o comportamento do shopper foi altamente impactado pela internet. Agora, ele já chega à loja com uma opinião praticamente formada a respeito.

“Definitivamente, os influenciadores digitais mudaram o diálogo entre empresas e pessoas, fazendo com que cada vez mais anunciantes direcionem uma boa fatia de seu orçamento de comunicação para esse nicho de mercado. Agências de propaganda que, até ontem, ignoravam as celebridades digitais, hoje estão se especializando. Já existem, inclusive, ferramentas que identificam o influenciador mais adequado para cada tipo de ativação”, comenta o diretor de atendimento da agência de publicidade FAM, Bruno Petrini.

As marcas que investem nos influenciadores digitais devem, em primeiro lugar, não se deixar guiar somente por número, afinal, ter milhões de seguidores não significa que o influenciador digital em questão seja o ideal para a campanha. Muitas vezes, um microinfluenciador, que possui entre cinco e 100 mil seguidores, vai trazer mais resultado do que uma celebridade com milhões de seguidores totalmente desalinhados com a marca ou o produto.

Além disso, impor muitos limites pode ser um erro, já que a liberdade é um dos grandes trunfos desse mercado. Quanto mais leve e espontâneo, mais verossímil o post é para o consumidor. “Por fim, tenha objetivos claros. Um influenciador pode ajudar a marca a gerar awareness (notoriedade), brand linkage (relacionamento) ou conversão (vendas e leads)”, resume Petrini.

Universo de beleza e saúde

Entre os influenciadores digitais de maior destaque, estão aqueles que falam sobre beleza. Normalmente mulheres, elas fazem testes de produtos, dão dicas e se tornam conselheiras de quem quer ter um cabelo ou pele melhor ou até quer aprender uma nova maquiagem.

“Logo no início do movimento de blogs e influenciadores no Brasil, identificamos um aspecto muito positivo no trabalho desenvolvido, que foi o de ensinar os brasileiros que, antes, eram dominados apenas por profissionais”, exemplifica Janaina, da Vult.

Mas não somente a área de beleza pode – e deve – ser bem explorada. Saúde, apesar de estar em voga, ainda possui poucos profissionais e é um nicho que ainda tem muito espaço para crescer. A blogueira do Saúde Sem Neura, Fabiana Grillo, explica que poucos blogs são escritos por jornalistas especializados e os grandes portais não têm tanto espaço para as informações.

A partir dessa visão, a jornalista decidiu lançar a sua página para não desperdiçar bons resultados e, posteriormente, deixar as grandes redações para se dedicar ao blog.

“No campo da beleza, percebo que as pessoas buscam mais lançamentos, novidades em tratamentos estéticos, cuidados com os cabelos e pele. Já no quesito saúde, percebo que é um desafio diário atrair a atenção dos leitores. Quem quer ler sobre doença ou prevenção? Só quem está doente. Entretanto, percebo que alguns assuntos são mais procurados, como dietas e alimentação, maternidade e bem-estar”, exemplifica.

Quem sofre de alguma patologia está encontrando espaço para se informar mais. É comum encontrar casos de pacientes que criaram sua página na web para ajudar quem sofre do mesmo mal. É o caso da Fabiana Couto, autora do blog Divabética. Para ela, a ideia nasceu a partir das dificuldades vividas por ela no convívio com o diabetes.

“Eu vejo o blogueiro como uma pessoa que vai levar esperança, conforto, exemplo positivo, que vai motivar e que vai educar dentro da sua área de conhecimento. Então, eu falo sobre saúde emocional, por exemplo, mas eu tenho uma formação para isso. Eu tenho mestrado em Psicologia e faço curso de psicanálise que me habilita para falar”, comenta.

Esse é um detalhe de extrema importância que é frisado, também, pela jornalista Jaqueline Falcão, criadora do Página da Saúde. De acordo com ela, o leitor ainda é carente de informação confiável, já que a internet recebe de tudo e sem filtro. Por isso, o influenciador digital também deve educar e empoderar seu público.

Para ela, uma das principais vantagens é o fato do conteúdo de blogs ser de livre leitura. “Ninguém precisa pagar ou ser assinante para ler uma notícia que considere relevante. E os blogs conseguem explorar mais de um tema, sem limitação de espaço. A vivência de quem escreve também faz o leitor perceber que alguém se colocou no lugar dele. Isso em um jornal ou revista tradicional jamais irá ocorrer em saúde”, simplifica.

A dona do Divabética complementa dizendo que aqueles que acessam o blog de outro paciente, tem acesso a alguém que relata o seu dia a dia, dá dicas práticas e traz um conforto, ajudando no processo do paciente. Ou seja, passa a ser um recurso complementar aos profissionais de saúde.

São esses assuntos, que ligam saúde e bem-estar, que chamam mais a atenção dos consumidores e, consequentemente, da marca. De acordo com Petrini, a vitalidade está em alta e marcas que assumem que viver bem é o primeiro passo para se ter saúde têm saído na frente. Um bom exemplo são os influenciadores digitais que crescem e conquistam, cada vez mais, uma boa fatia do mercado publicitário.

“Porém, a contextualização é fator determinante para quem pretende investir nesse nicho. É fundamental que o conteúdo produzido tenha a ver com marca, com o produto, pois assim fica tudo mais crível e o engajamento de seus seguidores tende a ser bem maior”, pontua.

Fabiana Grillo complementa dizendo que é inadmissível qualquer marca ficar fora das redes sociais, pois além de ser um canal de comunicação direto com o consumidor, o investimento com influenciadores é baixo perto do retorno para a empresa, afinal os blogueiros mostram, testam, opinam, sorteiam, comentam e interagem. Para ela, essa troca de informação com os seguidores já é uma grande propaganda com custo baixo.

Foto: Shutterstock

Inovação é chave do sucesso

Edição 304 - 2018-03-01 Inovação é chave do sucesso

Essa matéria faz parte da Edição 304 da Revista Guia da Farmácia.