Conforme a temperatura abaixa, crescem as reclamações com dores no corpo. Segundo o coordenador do setor de Ortopedia do Hospital São Lucas Copacabana, que faz parte da Dasa, Dr. Daniel Ramallo, o frio traz a diminuição da vascularização periférica. Ou seja, menos sangue e menos nutrientes chegam aos músculos, principalmente aqueles mais periféricos e superficiais. A demanda energética aumentada com uma atividade física, ou mesmo com o movimento em ambientes muito frios, pode gerar dor e desconforto.
O frio também tem outras consequências. O ortopedista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Fabiano Nunes Faria, explica que, nesse período, há uma tendência natural e involuntária de ficar encolhido e com a musculatura mais contraída.
Essa contração ajuda a desviar o sangue para áreas mais importantes do corpo. Por si só, essa condição é suficiente para gerar uma certa rigidez nos membros, uma diminuição de movimentação e, consequentemente, uma dor maior quando for estender a musculatura.
“A temperatura mais baixa também torna os músculos mais rígidos e menos flexíveis. Isso aumenta o risco de lesões musculares, como contraturas e estiramentos, durante atividades físicas ou movimentos bruscos. E pessoas com sensibilidade ao frio ou condições reumáticas, como artrite reumatoide e fibromialgia, podem sentir dores musculares mais intensas em temperaturas baixas. Isso ocorre porque o frio intensifica a dor e a inflamação nessas condições”, complementa o ortopedista e médico do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. João Polydoro.
Dicas para evitar as dores do inverno
1. Praticar atividades físicas
De acordo com o Dr. Ramallo, a atividade física aumenta o metabolismo muscular, melhorando a circulação do sangue. Também aumenta a captação de oxigênio e nutrientes. Torna as fibras mais fortes e resistentes, evitando dores e proporcionando mais qualidade do tecido.
O Dr. Faria complementa ao dizer que quando exercícios físicos são realizados, há um aporte sanguíneo maior para a musculatura, fazendo com que o músculo funcione melhor, com que ele receba mais nutrientes e tenha uma função melhor.
Além disso, quanto mais movimentam-se as articulações, melhor é a lubrificação articular. E, por fim, as atividades regulares aumentam a produção de neurotransmissores que ajudam a ter uma ação analgésica e anti-inflamatória articular.
2. Fazer alongamento
“O alongamento ajuda bastante na prevenção de dores musculares. O músculo quando está mais encurtado e contraído, tende a apresentar um pior funcionamento. O alongamento ajuda muito na função muscular que vai diminuir a dor”, explica o médico ortopedista, especialista em cirurgia do quadril do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Leandro Ejnisman.
Além disso, comenta o Dr. Polydoro, o alongamento antes e depois dos exercícios aumenta a amplitude de movimento das articulações e dos músculos, diminuindo o risco de lesões e dores musculares.
Também ajuda a relaxar os músculos tensos, diminuindo a dor e a rigidez. E, por fim, uma boa postura previne o desalinhamento da coluna vertebral e das articulações, o que pode causar dores musculares.
3. Manter uma boa alimentação
A alimentação, diz o Dr. Ramallo, é a forma que o corpo obtém os nutrientes. Uma boa alimentação significa uma boa nutrição dos músculos e ossos. Tecidos bem nutridos têm uma função melhor e uma capacidade de cicatrização mais ágil, evitando dores e outros sintomas.
Uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e proteínas magras fornece os nutrientes necessários para a recuperação muscular e a prevenção de dores.
“A água é essencial para o bom funcionamento dos músculos. Beber bastante água ajuda a prevenir a desidratação, que pode causar fadiga muscular e dores. E alimentos com propriedades anti-inflamatórias, como gengibre, açafrão e curcumina, podem ajudar a reduzir a dor e a inflamação muscular”, revela o Dr. Polydoro.
Ademais, a ingestão de alimentos quentes ajuda a aumentar a troca de calor desse alimento com o corpo, consequentemente, ajuda a aquecer o corpo e todas as alterações diminuem, segundo o Dr. Faria.
4. Descansar o suficiente
De acordo com o Dr. Ejnisman, descansar é importante, principalmente quando existem dores mais difusas, como a dor do corpo inteiro que pode estar relacionada ao cansaço físico. Então, o paciente precisa descansar e tem de ter um sono reparador. Muitas vezes, ele dorme as horas adequadas, mas se não existe um sono profundo, eventualmente pode ter dores.
“O descanso é o momento de hemóstase do corpo, quando ele se reequilibra, absorve e distribui líquidos e nutrientes. O sono é fundamental para a recuperação dos tecidos corporais”, complementa o médico do Hospital São Lucas Copacabana.
Além disso, comenta o especialista da BP, quando se pratica uma atividade física que exige acima do tolerado pelo corpo, podem acontecer microlesões benéficas para a hipertrofia muscular. Entretanto, se não há o descanso devido, essas lesões não são reparadas, causando dor.
5. Controlar o estresse
O estresse crônico pode levar à tensão muscular, que pode levar à dor e à rigidez. Técnicas de relaxamento, como yoga, meditação e respiração profunda, podem ajudar a reduzir o estresse e aliviar a dor muscular.
“O controle do estresse contribui para um sono mais tranquilo e reparador, o que é essencial para a recuperação muscular e a prevenção de dores. O estresse crônico também pode aumentar a inflamação no corpo, o que pode contribuir para a dor muscular. Técnicas de relaxamento podem ajudar a reduzir a inflamação e aliviar a dor”, revela o Dr. Polydoro.
Por fim, comenta o Dr. Ramallo, o estresse leva ao aumento de uma substância chamada cortisol. O cortisol em altas dosagens, e quando cronicamente aumentado, prejudica a recuperação muscular e a absorção de nutrientes, predispondo a fadiga tecidual. Por isso, controlar o estresse é fundamental para a saúde do corpo.
Fonte: Guia da Farmacia
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