Mais farmacêuticos

Espalhados pelo Brasil afora, esses profissionais ajudam a levar orientação e bom atendimento a populações diversas. Reconhecer sua importância é valorizar um trabalho fundamental 

O papel do farmacêutico para a sociedade, o desenvolvimento, a pesquisa e a promoção da saúde é inegável. O trabalho do farmacêutico é muito complexo e as responsabilidades e atividades são muitas, podendo destacar aspectos regulatóriose logísticos, além da assistência e atenção ao paciente.

Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), o Brasil possui 195.095 farmacêuticos regularmente inscritos nos Conselhos Regionais de Farmácia do País e forma anualmente 18 mil farmacêuticos. Já o IMS Health relata que existem, hoje, no País, 71.922 farmácias ativas, com cerca de 5.100 municípios ou cidades com ao menos uma farmácia ativa.

“Não temos o dado exato por cidade, mas todos os estados contam com farmacêuticos. O estado do Acre, que conta com menor número de profissionais, já tem cerca de 300 profissionais, em 22 cidades”, relata a diretora de imprensa e divulgação do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sinfar-SP), Priscila Vautier.

Segundo Priscila, estudos demonstram os benefícios à sociedade quando o profissional está cumprindo suas atividades na Atenção Farmacêutica. “Entre esses benefícios, podemos citar prevenção e resolução de resultados negativos e problemas relacionados à farmacoterapia, como a melhora na qualidade de vida do paciente e a garantia da segurança e eficácia dos produtos. Todo estabelecimento que envolve atividades relacionadas com medicamentos, seja produção, distribuição, transporte, dispensação e uso, deve ter a assistência do profissional. Sendo assim, havendo carência desse profissional, os benefícios à sociedade ficam comprometidos”, diz.

Para ela, esse profissional ainda encontra barreiras e dificuldades na profissão. No setor público, por exemplo, a maior carência refere-se ao pequeno número de profissionais. “Em alguns locais, até mesmo ausência. O serviço farmacêutico é executado por outros profissionais não habilitados”, conta. “A sensibilização do gestor em saúde, quanto à importância do profissional, na dispensação, nas atividades logísticas (controle, guarda, distribuição, etc.) e, principalmente, no acompanhamento do paciente é um caminho que está sendo trilhado para que se garanta o direito da sociedade de se beneficiar dos serviços farmacêuticos”, completa Priscila.

Já no setor privado, Priscila afirma que mesmo com o farmacêutico presente na maioria dos estabelecimentos, o aspecto comercial contribui para o baixo índice do número de profissional por estabelecimento, comprometendo, assim, as condições de trabalho do farmacêutico. “Para melhores condições de trabalho e valorização, o aumento de farmacêuticos por estabelecimento e a autonomia profissional são fundamentais”, completa.

O presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, afirma que a Atenção Farmacêutica deve ser prestada por tantos farmacêuticos quantos forem necessários, cumprindo o que estabelece a legislação vigente. “Ter o que chamamos de uma Atenção Farmacêutica plena confere a todo estabelecimento farmacêutico um caráter social importante e atende ao objetivo principal do mesmo, que é bem atender a população. A população ganha com a qualificação do estabelecimento farmacêutico”, diz.

Para ele, hoje, o maior desafio a ser vencido pelo varejo farmacêutico é conscientizar-se da importância da farmácia e da drogaria como estabelecimento de saúde, conforme prevê a Lei 13.021/14. “Felizmente, essa compreensão já está se materializando e uma prova é que já existem grandes redes investindo no cuidado ao paciente, por meio de serviços clínicos, como fator agregador de qualidade no atendimento e mesmo de rendimentos. Para o farmacêutico, essa mudança é sinônimo de valorização”, diz.

Remuneração praticada

O valor dos salários pagos, seja no setor comercial, público ou privado, é sempre alvo de discussões e reivindicações, seja qual for a área de trabalho, e com os farmacêuticos não é diferente.

Jorge João, explica que o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia foram criados com a atribuição de regulamentar e fiscalizar o exercício profissional na área (Lei 3.820/60). “As questões levantadas são atribuição dos sindicatos e federações. Mas por acreditar que uma remuneração digna e condições adequadas de trabalho são fundamentais ao exercício ético da profissão, os conselhos não estão inertes e procuram apoiar, respeitando suas atribuições originais, as ações que visam às mudanças necessárias e urgentes”, comenta.

É importante esclarecer que o piso salarial é o menor salário que pode ser pago a uma determinada categoria profissional por sua jornada de trabalho. “O Brasil é um país enorme. Não temos um piso nacional. O piso salarial é instituído em convenção coletiva de trabalho, fruto de acordo com os sindicatos patronais. Os sindicatos, entidades responsáveis pelas negociações coletivas de trabalho, têm jurisdição estadual. Sendo assim, é muito difícil os valores dos pisos nos estados serem semelhantes, pois os muitos fatores que influenciam nas negociações – tamanho de empresas, valorização profissional e oferta de profissional no mercado, por exemplo – são defendidos por interesses, muitas vezes, diferentes”, explica Priscila.

Ainda segundo ela, a área de atuação profissional do farmacêutico é muito grande e a remuneração é muito variada, definida pela ocupação. “Existem profissionais muito bem remunerados em todas as áreas. Se compararmos o início de carreira, hoje não temos grandes diferenças salariais entre as áreas de atuação. O que observamos é a existência de planos de carreira mais atrativos em algumas áreas de atuação”, comenta.

Vale reforçar que toda farmácia deve ter um farmacêutico responsável técnico e farmacêuticos prestando assistência durante todo o período de funcionamento do estabelecimento. “Sendo assim, caso a farmácia tenha atividade por 24 horas, existe a necessidade de contar, no mínimo, com a prestação de assistência de três profissionais”, afirma Priscila.

Segundo a diretora de imprensa do Sinfar-SP, existem farmácias que apenas dispensam medicamentos nas embalagens originais (drogarias) e farmácias que preparam medicamentos (farmácia com manipulação). “Nas drogarias, a prática comum é que o número de profissionais esteja vinculado ao horário de funcionamento, enquanto que, nas farmácias que preparam medicamentos, o número de farmacêuticos sempre é maior, na média de dois farmacêuticos por estabelecimento”, diz. 

Autor: Adriana Bruno

Especial Farmacêutico

Edição 278 - 2016-01-01 Especial Farmacêutico

Essa matéria faz parte da Edição 278 da Revista Guia da Farmácia.

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