Ainda que muitas das brasileiras vivam em razão da ditadura da perfeição, existe um movimento para aceitação das características individuais de cada mulher
Embora não se tenha parâmetros para defini-la, a busca pela beleza perfeita é uma constância entre as brasileiras. Tanto é que nem a crise econômica do País foi capaz de conter o crescimento dessa indústria.
Mesmo com o orçamento mais apertado, os gastos com a cesta de cuidados pessoais das mulheres não retraíram. Esses itens passaram a ser considerados uma forma de indulgência e nunca deixaram de fazer parte do nécessaire.
Mas o que elas esperam da beleza? A silhueta das passarelas? A madeixa das famosas? Sim! A inspiração nessas referências ainda faz parte da realidade de muitas.
“Há uma forte onda de padrões de beleza que ‘devem’ ser seguidos. No Brasil, por exemplo, o corpo magro e malhado, seios e bumbum grandes e cabelos lisos ainda ditam as regras para a grande maioria das mulheres, que encontram essas referências, sobretudo, nas celebridades da grande mídia e, agora, nas influenciadoras digitais”, comenta a jornalista autora do blog Beleza Possível (belezapossivel.com.br), e também editora-chefe do Guia da Farmácia, Lígia Favoretto.
Preferências e demandas na hora da compra de produtos de beleza
Entretanto, em paralelo, nota-se, em ascensão, um movimento massivo – inclusive da indústria – para que esses estereótipos fiquem de lado, estimulando as mulheres a se sentirem bem como elas são, tornando a beleza algo mais simples, natural e democrático.
“Seguir padrões ainda é uma tendência forte, porém temos notado que, aos poucos, a padronagem tem deixado de ser uma regra, principalmente entre as mulheres”, afirma a diretora de marketing, comunicação e mídia da P&G Brasil, Poliana Sousa.
As novidades da indústria comprovam esse início de movimento pela liberdade. O desejo pelos cabelos extremamente lisos, por exemplo, passou a dividir espaço entre aquelas que cansaram dessa rotina para assumirem os cachos e fez a indústria criar novas fórmulas.
“Hoje, o significado de beleza para a mulher vai muito além do que ser bonita fisicamente. Envolvem-se plenitude, qualidade de vida e felicidade. Ao longo dos anos, as mulheres se tornaram múltiplas, fortes e independentes, o que também se reflete nesse conceito”, analisa Lígia.
Até mesmo a multiplicidade da mulher – que acarreta num tempo mais apertado para fazer suas tarefas e cuidar da aparência – tem sido considerada nas novas criações da indústria. São provas desse fenômeno, os autobronzeadores, os xampus a seco, os esmaltes com secagem rápida, as ampolas de tratamento dos cabelos instantâneas, entre tantos outros.
Maquiagens e cabelos: os maiores investimentos
As brasileiras são vaidosas e admitem gastar com produtos e serviços de beleza para melhorar a autoestima, segundo o levantamento Significados da Beleza: Autoimagem e Consumo, feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em todo o País, e divulgado em 2016.
Segundo o estudo, seis em cada dez brasileiras (67,7%) consideram-se vaidosas e preocupadas com sua aparência; e 69,4% concordam com a ideia de que cuidar de beleza não é luxo, mas uma necessidade.
Outro número que reforça a preocupação das brasileiras com a própria imagem é que mais da metade das entrevistadas (55,3%) acredita que gastar dinheiro com o propósito de melhorar a aparência física é um investimento que vale a pena, ao proporcionar sensação de felicidade e satisfação.
Gastos com maquiagem (49%), pintura de cabelo (48,4%), cuidados com as unhas (47%) e uso de produtos para o corpo e para o rosto (46,7%) são as medidas mais tomadas pelas brasileiras para cuidar da beleza.
O estudo descobriu, ainda, que mais da metade (66,8,4%) das entrevistadas acredita que os produtos de beleza têm a capacidade de modificar a aparência das pessoas para melhor. Quanto às motivações das que consomem produtos para ficar mais bonitas, a pesquisa indica que a principal delas é o aumento da autoestima (67%).
Em relação à escolha de marcas relacionadas aos seus cuidados pessoais, a maioria das mulheres (63,8%) afirma optar por boas marcas conhecidas e que tenham um melhor preço.
Farmácias são preferência
Na hora da escolha do canal de compras para seus produtos de beleza, bons preços (59%), qualidade do estabelecimento (47,6%), atendimento (32,5%) e variedade de produtos (26,5%) são os quesitos mais considerados pelas mulheres, segundo indica a pesquisa realizada por SPC Brasil e CNDL.
Nesse sentido, as farmácias costumam se destacar, já que as mulheres são responsáveis por cerca de 80% das decisões de compras nesses canais, conforme reforça Lígia.
“Há, obviamente, a compra mensal, de itens de uso da casa toda, que é feita em supermercados, mas, cada vez mais, as mulheres necessitam de produtos específicos, como um dermocosmético, um sabonete para a face, lenços demaquilantes, um BB Cream para o seu tipo de pele, etc., e a busca por estes itens acontecerá nas farmácias, especialmente naquelas que apostam fortemente nestas categorias e se configuram como verdadeiros centros de beleza”, diz.
Portanto, para potencializar os resultados, é preciso investir na exposição e experiência de compras, algo que pode ser mais explorado, especialmente, pelas farmácias independentes, conforme afirma a diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima.
Poliana, da P&G, considera que, cada dia mais, a consumidora busca comprar seus produtos de beleza em ambientes especializados e onde tenha a oportunidade de aproveitar um momento para pensar em si mesma, desfrutando de uma experiência diferenciada e única. O grande diferencial do canal farma quando comparado a outros é, justamente, a experiência de compra diferenciada, seja pelo atendimento do farmacêutico, pela rapidez da compra, sortimento premium ou ambiente agradável e visualmente mais atraente. “O consumidor acaba enxergando esse canal como o que mais oferece inovações, quando comparado a outros pontos de vendas (PDVs). Além disso, as farmácias recebem os lançamentos e as marcas mais premiuns no mercado e, por isto, também são consideradas como ‘vitrines’”, aponta.
Portanto, para potencializar os resultados, é preciso investir na exposição e experiência de compras, algo que pode ser mais explorado, especialmente, pelas farmácias independentes, conforme afirma a diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima.
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