Mulheres unidas para transformar

Mais do que benefícios e facilidades, as profissionais do varejo almejam igualdade em todos os tipos de relações

O que diz o shopper do futuro e o que isso tem a ver com as características da liderança das mulheres?

Por que ligar características da liderança feminina com o shopper? O que isso tem em comum?

Explico. Em pesquisa on-line realizada entre outubro e novembro de 2018 pela Connect Shopper e Youpper, com mais de dois mil consumidores e shoppers, novos atributos foram apontados como relevantes no processo escolha, compra e decisão.

Questionados de forma espontânea sobre quais os atributos mais relevantes para uma marca se destacar e se manter forte no futuro (seja de varejo ou produto e serviço), citaram: ter propósito claro e veracidade (entregar o que promete) – para 72% “cumprir aquilo que promete” e “não oferecer riscos” (saúde, ambiente) é hoje obrigação. Além de temas como acolhimento, proximidade; diversidade citados por 68%; forte apelo a praticidade e conveniência para mais de 80%; feito pra mim; simplicidade; entre outros. O fato é que, entre os cinco principais atributos, nenhum faz referência a aspectos funcionais.

Soma-se a isso que mais de 60% das shopper do canal farma são mulheres. Mas apesar desta grande presença de mulheres – consumidoras e shoppers – no dia a dia do varejo, na alta gestão, ainda temos um ambiente, predominantemente “masculino”.

Além de ter a preferência pelo shopper nos quesitos atendimento, conexão com saúde e qualidade de vida, beleza, o canal farma também sai na liderança no que diz respeito à liderança feminina e possui um percentual do dobro da média de demais setores. Sondagem da Connect Shopper mostra uma proporção de 5% versus 2,5% da média geral do varejo.

Preconceito, discriminação, desequilíbrio, um nível alto de exigência.

E o que diz respeito a mulheres e homens sobre temas relevantes do universo feminino no mundo corporativo:

  • 80% das mulheres dizem que o esforço para alcançar cargos de direção é alto, muito superior.
  • 94% não estão satisfeitas com o tratamento dado ao papel da mulher no varejo.
  • 62% declaram estar insatisfeitas com sua relação com os homens.
  • 84% das mulheres e 79% dos homens afirmam que as profissionais sofrem preconceito no mundo corporativo quando engravidam. Cerca de 70% das mulheres acreditam que elas têm mais dificuldades para se recolocar no mercado depois que se tornam mães, e 65% dos homens entrevistados concordam.
  • 64% afirmam que para alcançar os cargos mais altos da organização, elas precisam desenvolver um estilo de liderança mais masculino.

Se isso é fato, como poderemos mudar essa realidade?

Estamos falando de uma era pautada por valores como acolhimento, proximidade, orientação às pessoas, atenção ao ambiente, forte tendência à cooperação, ações inclusivas, empatia, entre outros.

Características estas, inerentes ao universo feminino. Não se trata de gênero, mas sim, de estilo de liderança.

E é aí que entra o Mulheres do Varejo, um grupo de mulheres, todas atuantes direta ou indiretamente no varejo. Com o propósito de promover, construir e disseminar estratégias, ações e boas práticas que propiciem as condições necessárias para fortalecer o papel e ampliar a participação e liderança da mulher no varejo, construindo laços, trazendo mais equilíbrio e inovação à gestão e resultado ao varejo, à economia e a sociedade.

Não queremos “facilidades”, e sim, equidade! Que tal sermos nós os agentes das mudanças que almejamos?

Efeito otimizado

Edição 320 - 2019-07-07 Efeito otimizado

Essa matéria faz parte da Edição 320 da Revista Guia da Farmácia.

Sobre o colunista

Fátima Merlin, fundadora da Connect Shopper, consultora de varejo e shopper marketing, especialista em gerenciamento por categoria, palestrante e autora do livro “Meu cliente não voltou, e agora?”.