Medicamentos para as áreas de Oncologia, Cardiorrenal, Hemofilia, Saúde da Mulher e Oftalmologia são foco estratégico da Bayer, companhia alemã que opera em três áreas – agronegócio, consumo [produtos de autocuidado e Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs)]e farmacêutica – em 80 países.
Movida pela inovação, a divisão farmacêutica cresce por meio de diversas frentes, como investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e parcerias com startups e outros laboratórios para desenvolver novas moléculas, em busca de inovações mais disruptivas.
“Nos últimos cinco anos, temos investido fortemente para alcançarmos um pipeline cada vez mais inovador. Atualmente, temos cerca de 30 projetos de pesquisa em andamento”, afirma o presidente da divisão farmacêutica da Bayer na América Latina e no Brasil, Adib Jacob.
“Além disso, aproximadamente 20% do pipeline está composto por terapias celulares e gênicas, consideradas a vanguarda da ciência.”
Nesta entrevista para o Guia da Farmácia, o executivo, que possui mais de 25 anos de experiência em gestão no setor farmacêutico e há cinco lidera a área farmacêutica da Bayer, detalha os novos projetos e visão de mercado da companhia. A seguir, confira os principais momentos desse bate-papo.
Guia da Farmácia • Vemos um movimento da indústria para alcançar tratamentos e cura para diversas enfermidades. Quais os esforços da Bayer nesse sentido?
Adib Jacob • Temos o objetivo de impactar positivamente a vida de 30 milhões de pacientes ainda este ano, especialmente por meio de soluções para necessidades médicas ainda não atendidas.
Nos últimos cinco anos, temos investido fortemente para alcançarmos um pipeline cada vez mais inovador. Atualmente, temos cerca de 30 projetos de pesquisa em andamento, sendo que cerca de 40% do pipeline é dedicado à Oncologia e 30% à área Cardiorrenal, duas áreas que englobam algumas das principais doenças responsáveis pela mortalidade global.
Além disso, aproximadamente 20% do pipeline está composto por terapias celulares e gênicas, consideradas a vanguarda da ciência. Temos estudos em fase II para Doença de Parkinson e Insuficiência Cardíaca Congestiva com terapia gênica e, outros, em Fase I, dedicados a doenças raras ou neurológicas. Também seguimos estudando e buscando inovações nas áreas como Oftalmologia e Saúde da Mulher.
Guia da Farmácia • Como a Inteligência Artificial (IA) e a análise de dados estão sendo incorporadas nas estratégias da divisão farmacêutica da Bayer?
Jacob • Estamos empenhados em reforçar nossa área de transformação digital e inovação. Para isso, trabalhamos em projetos como o Digital Patient Journey, uma tecnologia para acelerar o diagnóstico e o acesso ao tratamento para os pacientes, e o BayerFlix, uma plataforma “one stop shop”, ou seja, que oferece uma série de conteúdos médicos em um só lugar, para especialistas de diversas áreas.
Com o BayerFlix, já alcançamos 64 mil downloads e 20 mil médicos. Além disso, contamos com serviços de IA proprietários que nos permitem impulsionar a inovação em nossos produtos e acelerar processos.
Guia da Farmácia • Quais áreas terapêuticas oferecem maior potencial de crescimento nos próximos anos?
Jacob • Em 2024, crescemos significativamente em áreas, como Cardiorrenal, com finerenona; Oftalmologia, com aflibercepte; Saúde Feminina, com Dispositivos Intrauterinos (DIUs) hormonais; e Oncologia, com darolutamida.
Dentro da estratégia de crescimento sustentável, destacam-se moléculas-chave, como a darolutamida, aprovada e comercializada para o tratamento do câncer de próstata, e a finerenona, cuja indicação já foi aprovada para a Doença Renal Crônica (DRD) associada ao diabetes, abrindo novas perspectivas no tratamento rim-coração.
Guia da Farmácia • Há lançamentos previstos para 2025 e 2026?
Jacob • Sim, acreditamos que o futuro da divisão farmacêutica seja muito promissor e inovador nos próximos anos. Nos últimos três anos, foram 75 lançamentos na América Latina, entre novas moléculas e novas indicações, considerando todos os países da América Latina em que atuamos, tornando a região uma máquina de lançamentos, e ainda há mais por vir.
Em Saúde Feminina, destaco a molécula elinzanentant – já submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o alívio dos sintomas vasomotores da menopausa, como as ondas de calor e os distúrbios do sono – e em Oncologia, darolutamida, que, recentemente, no estudo ARANOTE, apresentou um potencial de nova indicação para câncer de próstata metastático hormônio-sensível. A molécula está em análise pelos órgãos regulatórios na América Latina, com expectativa de aprovação nos próximos 12 a 18 meses.
Outro estudo importante é o FINEARTS-HF, apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia de 2024 e que mostrou a finerenona reduzindo o risco de eventos cardíacos em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (HFpEF).
Guia da Farmácia • Poderia falar um pouco mais sobre esse novo medicamento para a menopausa?
Jacob • Elinzanetant é uma molécula não hormonal voltada para o tratamento de sintomas vasomotores (ondas de calor e distúrbios do sono) durante a menopausa.
Nos estudos clínicos de fase III, OASIS 1 e OASIS 2, elinzanetant demonstrou eficácia significativa na redução da frequência e intensidade desses sintomas em comparação ao placebo.
As participantes relataram melhorias na qualidade do sono e na qualidade de vida relacionada à menopausa. A expectativa é de que o FDA seja o primeiro a aprovar seu uso nos próximos meses.
Guia da Farmácia • Na área de prevenção de doença renal, como estão os estudos da companhia e os resultados obtidos até o momento?
Jacob • A área Cardiorrenal é uma das nossas prioridades estratégicas e representa 30% do nosso pipeline de P&D. Em 2023, lançamos a molécula finerenona, voltada para o tratamento da Doença Renal Crônica (DRC) associada ao Diabetes tipo 2 (DM2). Mas além de atender a essa necessidade, a finerenona demonstrou eficácia no tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, uma condição para a qual não há novidades terapêuticas há anos.
No momento, nossos esforços estão destinados em avançar com a aprovação dessa nova indicação de finerenona no Brasil e aumentar o acesso ao tratamento.
Finerenona já está disponível para venda, tanto no varejo quanto no mercado institucional, e estamos trabalhando para que também seja disponibilizado no sistema público.
Guia da Farmácia • Quanto a Bayer espera crescer em 2025?
Jacob • A divisão farmacêutica da Bayer na América Latina teve um crescimento de 10,8% em 2024 vs. 2023, atingindo € 825 milhões em vendas. Esperamos manter essa curva ascendente para 2025, com uma expectativa de crescimento de duplo dígito.
Temos uma visão ambiciosa e esperamos que, até 2027, possamos comemorar a conquista de € 1 bilhão em vendas na região.
Guia da Farmácia • A companhia está presente hoje em quantos países? Qual a relevância do Brasil no contexto global e na América Latina?
Jacob • Globalmente, estamos presentes em aproximadamente 80 países. Na América Latina, em mais de 30 países. A região demonstrou sua relevância sendo a segunda com maior crescimento percentual da divisão farmacêutica da Bayer no mundo em 2024, atrás apenas dos Estados Unidos.
O Brasil, certamente, é um mercado de extrema importância dentro deste cenário. O País tem papel de liderança nas vendas regionais de alguns produtos-chave e está entre os principais mercados globais para alguns deles.
Isso é confirmado quando vemos que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a lançar a darolutamida e que tem sido um protagonista nos avanços do tratamento do câncer de próstata.
Guia da Farmácia • Quais são os planos e expectativas da Bayer Brasil no curto/médio prazo?
Jacob • Nossos planos para o Brasil no curto e médio prazo envolvem manter o crescimento sustentável com foco em nossas áreas prioritárias, ampliar o leque de alternativas terapêuticas para os pacientes e o acesso a essas tecnologias.
Como comentei, temos uma grande expectativa em torno dos próximos lançamentos, incluindo novas indicações para moléculas já estabelecidas, como darolutamida e finerenona.
Guia da Farmácia • A falta de acesso a medicamentos ainda é um problema significativo no Brasil, por uma série de razões. Como indústria, de que forma a Bayer atua para reduzir esse problema?
Jacob • Na Bayer, trabalhamos continuamente para ampliar o acesso de cada vez mais pacientes ao nosso portfólio, tanto via sistema privado quanto público de saúde.
Encerramos 2024 com um equilíbrio entre vendas no retail (49%) e institucional (51%) e, hoje, temos focado em ampliar nossa atuação no mercado institucional para alcançar mais pessoas.
Também firmamos parcerias para ampliar o acesso a parte do nosso portfólio de marcas maduras, como as que realizamos com a Megalabs e a Biolab, e investimos em campanhas de conscientização e de empoderamento, tanto de médicos quanto de pacientes, para promover o que há de mais novo na medicina, incentivar o autocuidado e a busca por diagnósticos cada vez mais precoces e tratamentos adequados para os pacientes.
Fonte: Guia da Farmacia
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