Neuropatia Periférica: quando os nervos sofrem

Embora incômodos, nem sempre o paciente é capaz de traduzir os sintomas como formigamento e dormência para o médico, o que atrasa o diagnóstico e, consequentemente o início do tratamento

A neuropatia periférica, como o próprio nome sugere, é uma condição que afeta um ou mais nervos periféricos, exatamente aqueles que ficam nas extremidades do corpo, como os nervos dos dedos dos pés ou das mãos. Esses nervos são responsáveis por transportar mensagens do cérebro e da medula espinhal para o resto do corpo.

Entendendo tamanha importância dos nervos periféricos, qualquer lesão significa que as mensagens que transitam entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e Periférico (SNP) são interrompidas. Como consequência disso, o paciente começa a apresentar os primeiros sintomas, que vão variar de acordo com o tipo de nervo afetado.

As neuropatias podem ter evolução lenta ou progressiva, sem sintomas graves no começo do quadro, ou podem ter acometimento incapacitante e restritivo, necessitando de hospitalização desde os primeiros sinais. Os sintomas podem aparecer ao longo de dias, semanas, meses ou anos e sua duração vai depender do nervo afetado. Por isso, é fundamental diagnosticar a causa e o grau de evolução da doença para começar o tratamento correto o mais cedo possível.

Vitaminas do complexo B ajudam na redução dos sintomas da neuropatia periférica

O objetivo do tratamento da neuropatia periférica é tratar a causa que desencadeou a lesão do Sistema Nervoso Periférico (SNP), controlar os sintomas, prevenir as sequelas graves e restituir a independência funcional do paciente. Para que isso seja possível, é fundamental que o tratamento envolva suporte clínico, nutricional, psicológico e fisioterápico.

Os pacientes em tratamento da neuropatia periférica devem interromper o consumo de álcool ou outras drogas completamente e, se necessário, realizar alterações na dieta alimentar, como fazer a reposição de vitaminas do complexo B, especialmente B1, B6 e B12, importantes para a saúde dos nervos.

  • B1: facilita a propagação do impulso nervoso.
  • B6: promove a neurotransmissão.
  • B12: regenera as fibras lesadas.

“A deficiência dessas vitaminas, causadas por inúmeras condições, como dietas restritivas, síndromes de má absorção, alcoolismo crônico, pós-cirurgia do trato gastrointestinal, entre outras, pode levar a danos no SNP”, explica a neurologista e secretária do Departamento Científico de Neuropatia Periférica da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Dra. Raquel Campos Pereira.
No caso do paciente com diabetes, acrescenta a médica, é imprescindível fazer o controle rigoroso da glicemia, assim como manter o tratamento correto de outros distúrbios endócrinos, neoplasias e infecções crônicas. Recentemente um estudo comprovou que a combinação das vitaminas B1, B6 e B12 é capaz de reduzir em até 63% os sintomas da neuropatia periférica, com resultados ainda melhores nos diabéticos (-66%)1. Em alguns casos, o paciente também pode precisar de cirurgia para interromper a lesão no nervo.

1. NENOIN – Neurobion Non-Interventional Study

“Muitas vezes, a falta de sensibilidade nos pés passa despercebida pelo paciente, o que resulta em demora em diagnosticar o problema e, logo, atraso no início do tratamento”, lamenta a neurologista e secretária do Departamento Científico de Neuropatia Periférica da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Dra. Raquel Campos Pereira.

A especialista ressalta que o comprometimento do nervo pode surgir por consequência de doenças endócrino-metabólicas, entre elas, o diabetes, como também por deficiências de vitaminas do complexo B, infecções virais e bacterianas, efeitos colaterais a certos medicamentos provenientes da quimioterapia e da radioterapia, abuso no consumo de álcool, toxinas ambientais, como fumaça do cigarro, Síndrome de Guillan-Barré e até por fatores genéticos.

“Por isso, uma avaliação clínica completa com histórico de doenças pré-existentes e hereditárias, infecções recentes e crônicas, medicações de uso frequente, assim como exames físico e neurológico detalhados são o ponto inicial para o diagnóstico e reabilitação dos pacientes.”

Entenda a classificação da neuropatia periférica

Existem vários critérios para classificar as neuropatias periféricas, que podem ser divididas de acordo com o tipo de nervo afetado (motor, sensorial ou autônomo), ou também pela quantidade de nervos lesionados: mononeuropatia (apenas um nervo danificado) e polineuropatia, quando vários nervos estão comprometidos, diferencia a médica da ABN.

“Um exemplo comum de mononeuropatia é a lesão do nervo mediano no segmento do punho que corresponde a Síndrome do Túnel do Carpo”, explica a Dra. Raquel.

Ela acrescenta que, apesar de menos frequente, há ainda a mononeuropatia múltipla, que se caracteriza pela lesão de vários nervos em diferentes áreas do corpo, simultaneamente ou sequencialmente.

O início e a evolução do quadro também classificam a neuropatia como aguda ou crônica. No primeiro caso, o início é relativamente rápido, com recuperação em até 12 meses. Já em quadros crônicos, tipo mais comum da doença, o desenvolvimento é gradual, com sintomas persistentemente intermitentes por anos.

Por isso, é importante que o paciente não se acostume com os sintomas. Embora a neuropatia periférica não tenha cura, o tratamento é fundamental para controlar a evolução do quadro e proporcionar mais qualidade de vida.

Campanhas de esclarecimento são importantes para ajudar os pacientes a identificar os sintomas. Saiba mais em: www.escuteseusnervos.com.br e facebook.com/escuteseusnervos.

Foto: Shutterstock

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Edição 318 - 2019-05-15 Oferta de benefícios

Essa matéria faz parte da Edição 318 da Revista Guia da Farmácia.