O espaço da liderança nas organizações

Há de se estar preparado para ceder e perder, sem, no entanto, descaracterizar o que for fundamental

As organizações, por motivos sobejamente conhecidos, estão fortemente pressionadas para a incorporação de tecnologias da informação e comunicação. Quanto mais intensa a informatização, maior a visibilidade de todos os aspectos que não podem ser substituídos por software, e onde a máquina não alcança, está o espaço da liderança.

Liderar é exercer o poder. E o que é poder? É a capacidade de controlar um conjunto de recursos, geralmente, muito variado. Exemplos de recursos: conhecimento, dinheiro, capacidade de organizar, de negociar, etc.

É da natureza do poder não ser absoluto, mesmo pessoas com muito poder têm vulnerabilidades. A conhecida história do pequeno Davi que derrotou o gigante Golias, entre tantas outras, ilustra o fato. Na história das guerras recentes, lembremo-nos do pequeno e atrasado Vietnã que derrotou o poderoso e grande Estados Unidos nos anos 70 do século 20.

Não é possível estabelecer a forma ou o estilo ideal de liderança, que varia de acordo com a circunstância. Ainda assim, gostaria de destacar um recurso e uma ferramenta imprescindíveis.

O recurso é a capacidade de negociar, que pode e deve ser aprimorada por meio de estudos e técnicas. É ingênuo acreditar que é possível impor vontades, há de se estar preparado para ceder e perder, sem, no entanto, descaracterizar o que for fundamental. É muito útil ao líder conhecer-se e saber lidar com as próprias fragilidades para não se deixar controlar por afetos, como vaidade, medo e ansiedade.

A ferramenta é o projeto que orienta todas as ações, dos liderados e do líder. Sem um projeto, considero bem difícil que o líder consiga adesão e motivação dos liderados. A visão de futuro reúne corações e mentes, inclusive para a execução das atividades rotineiras.

Por fim, um ponto que considero essencial: a ética como o limite instransponível para as ações do líder. Há um princípio ético muito simples e muito eficaz: não faça ao outro o que não desejaria a si. Quem não segue padrões éticos em suas ações destrói relações, não constrói confiança, alimenta ao redor um serpentário de onde sairá, na primeira oportunidade, o bote letal.

Apesar de todos os aparatos para comunicação a distância, os encontros entre lideranças nunca foram tão frequentes, pois propiciam a oportunidade de contato pessoal, condição para a construção de relações de confiança.

Por Maria Cristina Sanches Amorim – Diretora executiva da associação brasileira de distribuição e logística de produtos farmacêuticos (Abradilan), economista, professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)


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Doenças de inverno

Edição 305 - 2018-04-01 Doenças de inverno

Essa matéria faz parte da Edição 305 da Revista Guia da Farmácia.