O medicamento homeopático nas farmácias

Ainda que algumas pessoas não acreditem em seu resultado, o medicamento homeopático pode tratar diversas doenças. Se bem trabalhado em farmácias e drogarias, tem possibilidade de aumentar fluxo e lucro

Fruto de muitas discussões entre profissionais da saúde e cientistas, a homeopatia é um conceito de tratamento que tem como base a administração de doses mínimas de um medicamento para evitar intoxicação e fazer com que a reação a ele seja orgânica. A palavra homeopatia tem origem no grego homoispathos, sendo homóis = semelhante e pathos = sofrimento, doença.

Criada pelo médico alemão Samuel Hahnemann, em 1796, a homeopatia é fundamentada na Lei dos Semelhantes (Hipócrates – ano 450 a.C.). O pesquisador acreditava que os semelhantes se curariam pelos semelhantes. Ou seja, para tratar um paciente, é necessário aplicar um medicamento que, se aplicado a alguém sadio, produz os mesmos sintomas apresentados pelo doente.

Os tratamentos chegaram ao Brasil somente 44 anos depois (em 1840), trazidos pelos franceses. Porém seu reconhecimento como uma especialidade médica aconteceu em 1980 pela Associação Médica Brasileira (AMB) e, no ano seguinte, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

De acordo com o farmacêutico homeopata proprietário e farmacêutico responsável da Anjo da Guarda Farmácia de Manipulação e Homeopatia, Jamar Tejada Dziedzinski, o medicamento homeopático é um tratamento menos agressivo que atua por meio de estímulo energético e não por efeito químico de drogas. Por isso o homeopático industrializado vendido em farmácias pode ter menor probabilidade de intoxicação do que um medicamento alopático (tradicional).

As homeopatias mais buscadas são as para evitar hematomas pós-cirúrgicos e para tratar as consequências da vida agitada dos tempos atuais, como: insônia, estresse, ansiedade, irritação, entre outros. Mas é possível encontrar também antiácidos, laxantes, suplementos dietéticos, profiláticos de cárie, analgésicos não narcóticos e uma série de outros produtos.

Farmacêutico no centro

Como a maior parte dos medicamentos homeopáticos industrializados disponíveis é para tratamento de problemas físicos (dores, constipação, prisão de ventre, febre) – e não para tratamento psicológico, que precisaria de terapia e diagnóstico individualizados, feitos por um profissional médico ou farmacêutico homeopata –, a anamnese deve ser a mesma que se faria com um medicamento alopático.

A secretária-geral da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), Rosana Mara Ceribelli Nechar, cita a Resolução nº 634, de 14 de dezembro de 2016, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), para frisar a importância da orientação correta. De acordo com o artigo 11, cabe ao farmacêutico informar, aconselhar e orientar o usuário quanto ao consumo racional de medicamentos homeopáticos, inclusive no tocante à eventual interação com outros medicamentos e alimentos, o reconhecimento de possíveis reações e as condições de conservação, guarda e descarte de medicamentos.

As farmácias que também manipulam os medicamentos homeopáticos precisam de atenção. O artigo 12 diz que na comercialização de medicamentos homeopáticos manipulados cabe ao farmacêutico homeopata desenvolver todas as ações e serviços relacionados à dispensação de medicamentos homeopáticos.

“Dispensação é um dos componentes mais importantes da Assistência Farmacêutica, portanto o farmacêutico deve prestar orientação de qualidade, necessária e indispensável aos pacientes, assegurando o Uso Racional dos Medicamentos (URM) manipulados ou mesmo industrializados”, diz Rosana.

Para trabalhar melhor a categoria no ponto de venda (PDV), o gerente nacional de vendas da Boiron no Brasil, Gian Cruz, é necessário seguir ao menos quatro dicas: treinar a equipe para conhecer a indicação do medicamento homeopático; ter um espaço determinado para a categoria; aplicar preços alinhados; e ter variedade adequada de produtos à disposição do cliente.

Se está aumentando o número de homeopatias no Brasil, é sinal que o número de pacientes também é expressivo, levando o canal farma a uma potencial abertura de espaço para esses medicamentos, ampliando o número de PDVs em que possam ser encontrados.

“Hoje em dia, as farmácias especializadas dominam esse mercado, mas com o aumento da procura, abre-se um leque de oportunidades para as farmácias convencionais. Além disso, como os medicamentos costumam ter indicação para tratar distúrbios comuns do dia a dia, o giro de estoque é seguro”, comenta Cruz.

Orientações importantes

Além disso, segundo Dziedzinski, o profissional deve orientar o cliente para o correto manuseio da homeopatia, como, por exemplo:

  • Deve-se evitar manusear o medicamento. Se ele vier na forma de glóbulos, a quantidade necessária deve ser colocada na tampa do frasco e, em seguida, ser virada na boca;
  • Se o medicamento for líquido, nunca encostar o conta-gotas na língua;
  • Manter o medicamento longe de odores fortes e outros ambientes, como essências, perfumes, produtos de limpeza, micro-ondas, computador, celular, luz do sol etc.;
  • Recomenda-se não ingerir qualquer tipo de alimento 15 minutos antes e depois de tomar o medicamento;
  • O medicamento não deve ser misturado com chá, suco, leite ou alimento. Se necessário, diluir somente em água;
  • Se for ingerido próximo da escovação dentária, isso deve ocorrer dez minutos antes ou meia hora depois, porque a menta e os odores fortes podem anular os efeitos da homeopatia;
  • Medicamentos solicitados via telefone precisam ser conferidos com a receita antes de ser usados;
  • Entre uma medicação e outra fazer um intervalo de 15 a 30 minutos;
  • Manter o medicamento fora do alcance das crianças e animais domésticos – as crianças adoram os glóbulos.

Apesar de muitos pacientes acharem que pelo fato de os medicamentos homeopáticos serem naturais não há nenhum problema em usá-los, o ideal é que haja orientação de um profissional farmacêutico. A homeopatia, quando prescrita de maneira errônea, pode causar efeitos colaterais.

Mitos x Verdades

Homeopatia realmente funciona?

Por mais que existam profissionais que discordem do método homeopático, é sabido e visto na parte clínica uma infinidade de casos de sucesso. Há pessoas que acreditam que a homeopatia é um placebo que só funciona por causa da fé depositada pelo paciente, mas casos como os de bebês demonstram que isso não é verdade, já que eles não teriam como “crer” no resultado.

Por que o resultado dos medicamentos homeopáticos é mais demorado?

Na verdade, quanto mais desequilibrada a “energia vital” do paciente em tratamento homeopático, maior a demora.

Só as crianças usam?

Muitas pessoas acreditam que o tratamento só dê resultados em crianças, mas isso acontece porque elas têm a energia vital mais equilibrada, menos intoxicada. Há pessoas que percebem a resposta no mesmo momento que inicia o tratamento.

Homeopatia pode curar doenças?

Sim. Hoje são vistos casos onde profissionais realizam tratamentos homeopáticos até para a cura do câncer, para amenizar os efeitos da quimioterapia ou o estado emocional do paciente, que acaba ficando imunodeprimido.

Fonte: farmacêutico homeopata proprietário e farmacêutico responsável da Anjo da Guarda Farmácia de Manipulação e Homeopatia, Jamar Tejada Dziedzinski

“Assim, o farmacêutico pode garantir o uso correto, oriundo de indicação compatível com as necessidades de tratamento, na dosagem adequada às demandas de cada paciente e com tempo de tratamento definido, além das orientações sobre as condições ideais de armazenamento e de descarte ambiental adequado”, finaliza Rosana.

Foto: Shutterstock

Elas já são maiorias

Edição 315 - 2019-02-02 Elas já são maiorias

Essa matéria faz parte da Edição 315 da Revista Guia da Farmácia.