A vida é como um jardim: à medida que as estações mudam, as plantas precisam de cuidados diferentes. O que funcionava bem na primavera, com calor e abundância, já não é suficiente no inverno, quando o frio exige novas estratégias. O mesmo acontece com as necessidades contraceptivas das mulheres. À medida que o tempo passa e o corpo se transforma, é essencial ajustar os cuidados para acompanhar essas mudanças.
“Na juventude, os métodos anticoncepcionais geralmente se concentram em preservar a fertilidade futura”, afirma a ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Anne Pereira.
“Porém, após os 40 anos de idade, as mulheres começam a enfrentar condições de saúde, como hipertensão, diabetes e obesidade, que podem contraindicar o uso de métodos hormonais combinados.”
Assim como uma planta precisa de novos cuidados para se adaptar às mudanças climáticas, as necessidades contraceptivas da mulher também devem ser revisadas e ajustadas conforme a fase da vida.
A transição para a perimenopausa, por exemplo, reflete um período de profundas mudanças hormonais e que pode ser comparado ao entardecer de uma estação: há uma sensação de transformação e, com isso, a necessidade de novos cuidados.
Nessa fase, os hormônios flutuam constantemente e os ciclos menstruais se tornam irregulares, fazendo a escolha do método contraceptivo mais desafiadora.
“Muitas mulheres, nessa fase, já não desejam mais engravidar, buscando métodos mais práticos e de longa duração, como o Dispositivos Intrauterinos (DIUs) ou implantes”, afirma Dra. Anne.
Ao mesmo tempo, a ginecologista do Fleury Medicina e Saúde, Dra. Tatiane Boute, explica que “o principal desafio na escolha do contraceptivo nesse período é garantir a eficácia enquanto lidamos com essas flutuações hormonais”.
Métodos como as pílulas combinadas, embora possam aliviar sintomas da perimenopausa, exigem um acompanhamento médico cuidadoso, especialmente à medida em que a saúde das mulheres passa a exigir uma abordagem mais personalizada.
Histórico da saúde
À medida que as mulheres envelhecem, as necessidades contraceptivas devem considerar o histórico de saúde de cada uma. «Os DIUs, tanto hormonais quanto de cobre, são extremamente eficazes e seguros para mulheres com condições médicas», explica a ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
No entanto, o cenário muda para aquelas com histórico de trombose ou problemas cardiovasculares. “Mulheres com essas condições devem optar por métodos sem estrogênio”, alerta a Dra. Anne.
Além disso, a diminuição dos níveis de estrogênio durante a perimenopausa pode alterar as escolhas contraceptivas. “Métodos que contêm estrogênio podem aliviar sintomas da menopausa, como secura vaginal e ondas de calor, mas seu uso deve ser cauteloso em mulheres com fatores de risco cardiovascular”, adverte a ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Para esses grupos, alternativas como o DIU hormonal ou os implantes de progestágeno isolado são mais seguros. “A escolha do método deve sempre ser discutida de forma individualizada, considerando os sintomas e as condições clínicas de cada paciente”, acrescenta a ginecologista do Fleury Medicina e Saúde.
Já mulheres com histórico de câncer hormônio-dependente devem evitar métodos hormonais. “O DIU de cobre é a opção mais segura, pois não interfere no equilíbrio hormonal. Métodos de barreira também são indicados”, explica a Dra. Anne.
As opções de contracepção devem sempre considerar a individualidade das pacientes, levando em conta seu histórico familiar e as particularidades de saúde. Isso deve ser discutido de forma cuidadosa com o ginecologista, que ajudará a definir a melhor abordagem.
Qualidade de vida
Mudanças na libido e alterações de humor são comuns durante o envelhecimento e podem ser influenciadas por flutuações hormonais, estresse e até pelos efeitos colaterais de certos métodos contraceptivos.
“Algumas mulheres relatam diminuição do desejo sexual com métodos hormonais, como pílulas combinadas”, afirma a ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Nesse caso, alternativas como DIU ou métodos não hormonais podem ser consideradas.
Além disso, alguns métodos hormonais, especialmente os que contêm progestágeno, podem estar associados a alterações de humor, ansiedade ou sintomas depressivos.
A Dra. Anne orienta que “para minimizar esses impactos, é importante monitorar os sintomas e ajustar o método, se necessário. Métodos não hormonais, como o DIU de cobre, são opções viáveis para mulheres sensíveis às variações hormonais”.
Tratamentos alternativos
Felizmente, a medicina e a indústria farmacêutica têm avançado no desenvolvimento de novas alternativas.
“Avanços incluem DIUs de cobre com liberação controlada de íons para reduzir efeitos colaterais e dispositivos de barreira mais confortáveis e práticos”, explica a médica do Hospital Oswaldo Cruz.
Esses métodos se tornam boas opções para mulheres que não podem ou não desejam usar hormônios. No entanto, a ginecologista reforça que “as opções terapêuticas devem sempre considerar as individualidades de cada paciente e ser discutidas com um médico ginecologista.”
E sobre os métodos naturais, como a tabelinha e a temperatura basal? Embora pareçam alternativas mais “naturais”, a Dra. Anne explica que eles são menos eficazes em mulheres na perimenopausa, devido às irregularidades hormonais e à imprevisibilidade dos ciclos menstruais.
“Além disso, esses métodos exigem disciplina e monitoramento rigoroso, o que pode ser um desafio nessa fase da vida. São mais indicados como complementares e não como método principal”, acrescenta a médica.
Fonte: Guia da Farmacia
Foto: Guia da Farmacia