O que muda com a incorporação da Onofre pela Raia Drogasil?

Acompanhe o histórico da transação, valores envolvidos e o que deve mudar após essa aquisição que forma uma nova gigante farmacêutica no País

Seis anos após entrar no Brasil, a gigante americana CVS deixou o País. O processo começou em fevereiro último, quando a Raia Drogasil (RD) anunciou adquirir a Drogaria Onofre, até então sob o controle da CVS.

Com R$ 479,4 milhões de receita bruta em 2018 e um total de 50 lojas, sendo 47 no estado de São Paulo, duas no Rio de Janeiro e uma em Minas Gerais, a Onofre é uma das empresas mais reconhecidas do varejo farmacêutico brasileiro e uma das referências nacionais em e-commerce.

Na ocasião da venda, anunciada em 26 de fevereiro deste ano, foi divulgado um comunicado da CEO da Onofre, Elizangela Kioko, afirmando que a rede estava confiante de que a expertise digital da empresa, combinando serviços on-line e delivery, somada à escala, capilaridade no varejo físico, experiência e inovação da RD, iriam aumentar a densidade de entregas.

Segundo a executiva, outro objetivo da operação era o de expandir a atuação do programa Onofre em Casa (e-commerce da rede), a fim de entregar uma proposta de valor única aos clientes e parceiros estratégicos.

A conclusão da operação se deu em 1º de julho último. Segundo explicou o diretor de relações com investidores da Raia Drogasil (RD), Eugenio De Zagottis, por meio de comunicado no canal de relacionamento com investidores da empresa, desde esta data, os resultados da Onofre passaram a ser consolidados pela companhia.

Benefícios, custos e riscos

De acordo com comunicado publicado no site da Raia Drogasil (RD), no canal de relação com investidores, a empresa busca com a incorporação uma maior eficiência operacional, administrativa e financeira, mediante aproveitamento de sinergias e redução de custos pela administração conjunta das sociedades.

O comunicado também revela que não há valores relevantes envolvidos na incorporação. As administrações das sociedades estimam que os custos e despesas totais, incluindo honorários de assessores jurídicos, avaliadores e auditores, somaram, aproximadamente, R$ 2,2 milhões.

Por fim, a RD informou que a administração da Raia Drogasil não vislumbra riscos relevantes na implementação da incorporação. Contudo, segundo eles, o processo de integração está sujeito a procedimentos de natureza operacional, comercial, financeira e tecnológica, cuja execução pode afetar o aproveitamento das sinergias esperadas.

No dia 1º de agosto próximo, será convocada uma assembleia geral extraordinária da Raia Drogasil, às 8 horas, para examinar, discutir e aprovar os termos e condições do protocolo e justificativa de incorporação da Drogaria Onofre.

A RD, responsável pela compra, foi formada em 2011 a partir da fusão entre a Droga Raia e a Drogasil, que combinam 193 anos de história no varejo farmacêutico brasileiro.

Hoje, a empresa possui 1.850 drogarias em 22 estados, que representam em torno de 97% do mercado farmacêutico brasileiro. A Raia Drogasil inaugurou, em 2018, 240 unidades e espera abrir outras 240 em 2019. A RD apresentou uma receita bruta de R$ 15,5 bilhões e um EBITDA de R$ 1,195 milhão nos últimos 12 meses encerrados em dezembro de 2018.

Já a CVS Health Corporation, responsável pela venda, é uma gigante norte-americana de farmácia e saúde que acumula um faturamento aproximado de US$ 200 bilhões anuais e detém cerca de dez mil pontos de venda (PDVs) nos Estados Unidos.

A CVS havia comprado a Drogaria Onofre em 2013 por aproximadamente R$ 700 milhões (US$ 187 milhões). Na época, o presidente executivo da CVS, Larry Merlo, disse à Reuters que enxergava o Brasil como um mercado atraente, uma vez que “a saúde e a farmácia devem crescer dois dígitos para a próxima década”, projetou. Para ele, esse era um setor “altamente fragmentado”, por isso via “uma boa oportunidade para expandir o negócio ao longo do tempo”.

O que acontece na prática?

Segundo informou a RD por meio de comunicado à revista Guia da Farmácia, a compra foi de oportunidade, visando reestruturar a Onofre, com potencial de criação de valor absorvendo a empresa à atual estrutura.

“A Onofre possui pontos comerciais complementares e de qualidade, o que nos permitirá aumentar a capilaridade. Em adição, estamos adquirindo uma marca líder em e-commerce que mais que duplicará nossa venda digital e nos permitirá aumentar a escala da operação e a densidade de entregas”, disse a empresa.

A RD reforçou, ainda, que a marca Onofre não será mais usada em lojas físicas, apenas no e-commerce. “O modelo é complementar. Enquanto a Onofre será 100% on-line e mais focada em preço, Raia e Drogasil são multicanais, mais focadas em conveniência”, justificou.

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Edição 321 - 2019-08-08 Hilab está permitido

Essa matéria faz parte da Edição 321 da Revista Guia da Farmácia.