Oral Care: Saúde começa pela boca

Cuidar da boca não envolve só os dentes. Infecções orais que podem afetar o coração ou os rins. Como estimular a saúde bucal no PDV

Muito além de uma questão estética, cuidar da saúde bucal é mais do que ter dentes brancos e bonitos. A higiene oral é parte de uma rotina de cuidados primordiais para a manutenção da saúde como um todo.

De acordo com o cirurgião-dentista e presidente do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Braz Antunes Mattos Neto, uma parte da população brasileira tem a preocupação em se consultar preventivamente com o cirurgião-dentista.

Porém, existe uma outra grande parte que ainda está por despertar para a saúde bucal. Há, ainda, aqueles que não têm acesso, ou têm acesso com muitas dificuldades.

“Conforme o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa divulgada em 2020 em parceria com o Ministério da Saúde (MS), quase metade da população brasileira (49%) vai ao cirurgião-dentista regularmente”, adverte.

Ele destaca a importância das campanhas de orientação e conscientização para alertar a população sobre a importância das consultas odontológicas. “Acredito que estamos avançando, porém, esse trabalho é contínuo e a saúde precisa ser vista como um todo. Quando não se faz a prevenção por meio de consultas odontológicas regulares, seguindo as orientações do profissional, isto pode comprometer a saúde”, diz.

Entre os problemas mais comuns relacionados à má higiene ou falta de cuidados com a saúde oral estão as cáries, a gengivite, a periodontite e o mau hálito.

“A falta de cuidado com a saúde bucal pode causar diabetes, pneumonia, câncer e doenças no coração que podem trazer agravos sistêmicos aos pacientes. Manter a saúde da boca reflete na saúde de todo o corpo”, alerta o Dr. Neto.

O executivo do CROSP reforça que a prevenção é o principal pilar contra as doenças bucais e que um controle periódico com a higienização e consultas regulares com o cirurgião-dentista, além de seguir suas orientações, são de grande valia para a população.

“A prevenção em odontologia é crucial, pois conserva a saúde bucal, diagnosticando patologias orais. Isso torna a consulta com o cirurgião-dentista essencial, já que as enfermidades que acometem a boca podem causar complicações graves e precisam ser tratadas com seriedade.”

Alerta para o câncer bucal

Além dos problemas já citados, Neto aponta que outro perigo de não realizar consultas regulares com o cirurgião-dentista é o câncer bucal que, se diagnosticado precocemente, tem maior eficácia de tratamento e cura. Mas se detectado mais tarde, pode ser letal, como tantos outros tipos. O câncer de boca é diagnosticado pelo cirurgião-dentista e tratado pelo oncologista. Pode envolver também outras estruturas da face, como língua, mandíbula e maxilar.

“Para se ter uma ideia, 1.492 pessoas morreram vítimas da doença no estado de São Paulo (SP) em 2020, sendo 1.172 homens e 320 mulheres. Aliás, São Paulo é o estado com mais mortes em relação ao câncer de boca, segundo dados do Instituto Nacional Câncer (INCA)”, conta o Dr. Neto.

Ele reforça que não ir a consultas periódicas com o cirurgião-dentista e a falta de higiene bucal são os principais motivos que comprometem a saúde da boca, depois o fumo e consumo de álcool em excesso também, principalmente relacionado ao câncer.

Ao falar em higiene bucal, é fundamental que os pacientes sejam orientados pelos cirurgiões-dentistas a realizar a escovação com creme dental, uso de fio dental e bochechos com enxaguante bucal, entre outros acessórios, que protegem contra as doenças gengivais e periodontais.

“Também é importante ficar atento a lesões bucais que permaneçam por mais de 10 dias, como machucados ou cortes que demoram a cicatrizar. Nesses casos, é essencial marcar consulta com o cirurgião-dentista o mais breve possível”, alerta o Dr. Neto.

Além da estética

Ter dentes brancos se tornou um desejo de muitos brasileiros. A pressão por padrões estéticos e a exposição de personalidades que investiram em clareamentos acabou por impulsionar a busca pelo procedimento e por produtos que prometem dentes mais brancos e sem manchas.

“Sabemos que a sociedade sofre essa pressão estética devido aos padrões e requisitos de beleza, e sabemos também que isso mexe com a vaidade e a autoestima das pessoas. Então, é claro que a questão estética também é importante. Vale lembrar que os dentes também têm suas colorações, que variam de pessoa para pessoa, e isto precisa ser considerado quando se faz o planejamento de clareamento dental”, diz o Dr. Neto, alertando para o fato de que o clareamento sempre deve ser acompanhado pelo cirurgião-dentista.

Se por um lado ter dentes brancos, bonitos e sem manchas é um desejo, por outro, alguns hábitos podem prejudicar não apenas essa vontade, mas trazer prejuízos maiores.

“Palitar os dentes, morder a tampa de uma caneta ou usar os próprios dentes para abrir uma embalagem podem deixá-los mais sensíveis, levando à formação de trincas. Ao roer as unhas, é feita uma pressão repetitiva e contínua sobre os dentes, o que provoca o desgaste do esmalte e aumenta a possibilidade de ocorrerem pequenas fraturas ou fissuras e ainda deixando os dentes mais sujeitos à formação de cáries e sensibilidade.

Além de bruxismo, lesões nas gengivas, infecções bucais e problemas na mandíbula”, conta o presidente da OdontoCompany, Paulo Zahr.

Ele enfatiza que não escovar os dentes regularmente é uma das principais causas da perda dentária. “Quando os dentes não são limpos corretamente, há um acúmulo de resíduos alimentares que causam as cáries e outras doenças bucais. Quando o fio dental não é usado diariamente, os riscos de doenças aumentam”, diz.

Para ele, o hábito de dormir sem escovar os dentes é um problema grave, pois durante a noite a produção de saliva diminui e a proliferação de bactérias aumenta, contribuindo para o aparecimento de placa e tártaro.

Ainda sobre maus hábitos, o Dr. Neto destaca que não usar os produtos complementares regularmente pode causar doenças bucais, como a cárie, a gengivite, a periodontite, entre outras doenças. “Além disso, a escova tem um tempo útil, mas depende da escovação de cada pessoa e da forma que ela é utilizada.”

O tabagismo também é um hábito ruim que pode trazer consequências à saúde bucal. “Além de amarelar os dentes e causar mau hálito, o pior risco são as altas temperaturas que podem causar patologias bucais graves, inclusive o câncer de boca”, destaca o especialista do CROSP.

Fonte: Guia da Farmácia

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