Embora 2025 seja um ano de incertezas no cenário econômico, a Panvel – que opera com 640 unidades no Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR) e São Paulo (SP), mostra que consegue superar adversidades e tem fôlego para crescer.
Os negócios de uma das principais redes de farmácias do País avançam mesmo após os prejuízos causados pelas enchentes, em 2024, no Rio Grande do Sul – aliás a sede da empresa está instalada em Eldorado do Sul, uma das cidades que foram mais afetadas.
Entre os planos, a empresa reforça sua presença digital, colhendo frutos de investimentos de R$ 40 milhões nos últimos cinco anos em tecnologia, e no sortimento de Higiene & Beleza (H&B). Além disso, expande seus territórios com a abertura recente de uma loja na Avenida Paulista, na capital paulista, onde espera ganhar visibilidade em um mercado onde vende duas vezes mais comparado com o restante da rede.
O diretor executivo de Operações da Panvel, Roberto Coimbra, conversou com o Guia da Farmácia sobre as principais iniciativas e os projetos da rede, além de planos de expansão. Confira os principais momentos da entrevista.
Guia da Farmácia • Recentemente, a Panvel inaugurou sua primeira unidade na Avenida Paulista. Qual é a importância dessa loja?
Roberto Coimbra • Estamos muitos felizes de abrir uma unidade num lugar icônico. É a nossa 13ª loja em São Paulo, onde estamos desde 2016 com um ritmo de crescimento cadenciado.
Não estamos acelerando em demasia, porque a nossa preocupação é abrir lojas que sejam relevantes, que tenham uma boa venda média e que destaquem nossos diferenciais. Entendemos que essa loja vai auxiliar muito a visibilidade da Panvel na cidade de São Paulo.
Guia • Quais são os diferenciais desta unidade?
Coimbra • Ela traz tudo o que a gente vem construindo de diferenciais nos últimos anos. Então, ela já abre com uma “pegada” digital, que a Panvel é muito forte. Podemos atender o cliente dentro da loja por aplicativo, ou se ele estiver perto e quiser comprar com o aplicativo e retirar na loja.
Também fazemos entrega turbo em até 30 minutos na região. A loja busca um equilíbrio entre ter a proposta de medicamentos, que é o essencial de uma farmácia, mas com um mix de beleza diferenciado, ou seja, temos um portfólio bastante relevante de dermocosméticos, maquiagem e um diferencial único que só existe na loja da Avenida Paulista, que são os produtos da marca Panvel.
Guia • E como está o desenvolvimento das marcas próprias?
Coimbra • São mil SKUs em mais de 40 categorias – vitaminas, farmacinha, linha facial, dermocosméticos, etc. Temos muito orgulho de falar disso, porque são poucas redes de farmácia que assinam a sua marca própria com a marca-mãe.
Hoje, a marca própria representa cerca de 7% da venda, e na parte de H&B, 18%, 19%; buscamos elevar essa participação e vamos fazer isso ampliando e aprofundando categorias. Nas marcas próprias, temos produtos baseados em primeiro preço, em acesso, e categorias que não têm uma pressão de produto massificado.
Por exemplo, na linha de proteção solar, nosso produto de marca própria, que aliás vende mais do que as marcas líderes, operamos com um preço indexado à marca líder.
Já nossa linha de presenteáveis e na linha Panvel Casa, podemos “soltar” um pouco mais e precificamos de acordo com o que o consumidor está disposto a pagar e com a margem no objetivo da categoria.
Guia • Como estão os planos de expansão da empresa em São Paulo?
Coimbra • Temos mais aberturas previstas para São Paulo neste ano, com quatro ou cinco lojas na capital. Não estamos com pressa, não queremos correr para depois corrigir alguma coisa que não tenha ficado de acordo com o nosso plano.
Hoje, a venda média das unidades de São Paulo representa o dobro da venda média da rede. Então, acreditamos que estamos conseguindo acertar a qualidade dos pontos, o atendimento e a proposta de valor.
Temos olhado outros espaços na Grande São Paulo e interior e nada nos impede de entrar pelo interior, por exemplo. Mas neste momento, estamos construindo marca, formando equipe, conhecendo o mercado, mix, preço e preferências do consumidor.
Guia • Como a empresa está trabalhando a experiência do consumidor no ponto de venda (PDV)?
Coimbra • É uma preocupação da Panvel ter uma loja que converse com o consumidor, com boa sinalização das categorias, organização e atendimento. Então, a gente vem sistematicamente, a cada ano, evoluindo o design e o layout das lojas para ajudar o consumidor na navegação, a encontrar os produtos.
E um ponto importante: vemos que há muitas estratégias para farmácias no Brasil e algumas estão apostando em conveniência ou diversificando para categorias de outros mercados, como pet e alimentação.
A Panvel tem clareza de propósito: gostamos demais do mundo da saúde e do bem-estar. Então, na Panvel, o cliente vai encontrar tudo de medicamento, e em boa parte das lojas, o serviço clínico com aplicação de vacinas e testes, e uma profundidade maior na entrega da H&B, inclusive, com um consultor de beleza para auxiliar na venda de produtos que exijam mais conhecimento.
Queremos ser excelentes na proposta de valor do medicamento, vitaminas, OTC, mas também da beleza. Que a mulher possa ir à loja e além de resolver o problema de saúde, possa se distrair e descobrir produtos novos e lançamentos da marca Panvel. A ideia é aliviar a atmosfera da doença e trazer a atmosfera do cuidado.
Guia • Nas vendas digitais, a Panvel já conquistou relevância? Como estão os números atualmente?
Coimbra • A Panvel já alcançou R$ 1 bilhão de vendas digitais, crescendo acima da venda média da rede. No ano passado, a venda digital representou 20,5% da receita bruta da companhia, que foi de R$ 5,05 bilhões.
Ou seja, existe uma crescente vontade do consumidor de interagir e comprar por meio das plataformas digitais.
Guia • Qual é o canal digital que mais cresce?
Coimbra • A principal plataforma, a que mais cresce, é o nosso app. Para o consumidor, o app traz uma série de vantagens porque ele já está logado e tem a sua forma de pagamento cadastrada.
O nosso app tem alguns diferenciais e funcionalidades, como a carteira de saúde. Se o cliente fez aplicações de vacinas, por exemplo, todo o histórico fica lá e também a recomendação de vacinas de acordo com a idade.
No app, é possível encontrar os produtos que costuma comprar, se navegou num item e não comprou, fica sabendo se um produto de que gosta baixou de preço. Cada vez mais, trazemos essa “jornada omni” para gerar recorrência, conforto e economizar tempo.
Guia • E como está o desenvolvimento da farmácia clínica da Panvel? Quais são os planos?
Coimbra • Temos orgulho de dizer que, quando foi aberta essa regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fomos a primeira farmácia em Porto Alegre (RS) que passou a aplicar para o público. Desde então, a gente vem gradualmente apostando na construção da estrutura de Panvel Clinic, que tem vacinas, testes e alguns exames.
Hoje, são 400 lojas, das 640 unidades, que possuem algum serviço clínico. É um segmento que vem crescendo. Na verdade, na pandemia, isso explodiu; no pós-pandemia, volta para um patamar menor, mas vemos um potencial grande. Recentemente, passamos a oferecer eletrocardiograma em 15 minutos, com custo baixo e laudo emitido na hora.
Guia • Quais testes e vacinas são mais procurados?
Coimbra • As vacinas mais procuradas são da gripe, herpes zoster, meningite e dengue; e os testes que dominam são de dengue e gripe, e começa também a testagem de glicemia e perfil lipídico, mas esses ainda são serviços em desenvolvimento e que dependem de ser mais conhecidos pelo consumidor.
Precisamos gerar recorrência com algumas campanhas em parceria com operadores de saúde, convênios e indústria.
Guia • No ano passado, o Rio Grande do Sul foi seriamente afetado pelas enchentes. A empresa conseguiu contornar os prejuízos?
Coimbra • Conseguimos. Nos deu muito trabalho, causou prejuízo, atrasou alguns projetos importantes, mas tivemos uma mobilização incrível. Naquele momento, a empresa se preocupou muito em cuidar das pessoas e tentar apoiar a comunidade próxima, como Eldorado do Sul, que foi uma cidade bastante afetada e que apoiamos muito.
Quando conseguimos reestabelecer o funcionamento, veio uma reação muito organizada de todas as equipes – de operações, de expansão, do comercial, para que a gente não cedesse e não desse um sinal de que aquilo fosse interferir no nosso ritmo de crescimento.
Guia • Qual é a previsão de crescimento e de investimentos do Grupo Panvel neste ano?
Coimbra • Em um ano de bastante incerteza, temos o desafio de manter o ritmo de crescimento e de abertura de lojas dos últimos anos, que é próximo de 60 lojas por ano. Pode ser um pouco menos ou mais, temos essa flexibilidade.
Diante desse cenário em que vemos vários negócios repensando, freando ou deixando de investir, nós queremos manter. Claro que isso vai exigir cautela e uma seletividade maior na escolha de pontos para aberturas, mas a notícia boa é que vamos seguir investindo, crescendo, abrindo lojas nos territórios onde estamos presentes.
Não é um ano para fazer algo muito diferente, que vá na contramão do mercado. Somos uma empresa de mais de 50 anos e muito preocupada em garantir a sustentabilidade do negócio, cuidar do caixa, do custo de capital. Então, estamos muito atentos a isso.
Este é um ano de conseguir crescer com consistência, de olho no custo, na despesa, no equilíbrio do caixa e do estoque.
Fonte: Guia da Farmacia
Foto: Panvel