Patologias mais comuns no frio

O sistema respiratório é bastante prejudicado quando as temperaturas baixam, levando muita gente às farmácias e aos hospitais. Para que o tratamento seja adequado é preciso, primeiro, entender a queixa do paciente

A temporada de inverno chegou e, junto com ela, algumas doenças tornam-se protagonistas de reclamações em prontos-socorros e nas farmácias. Ainda que diferentes, as patologias costumam atacar o sistema respiratório, bastante vulnerável nessa época do ano.

Para atender a essa demanda, a farmácia deve estar preparada para orientar os pacientes sobre as principais doenças, seus sintomas e tratamentos, além de um possível encaminhamento a um médico, caso julgue necessário.

Além disso, o ponto de venda (PDV) também precisa atender o consumidor de maneira que ele saia satisfeito não somente com o atendimento, mas com os produtos adquiridos. De acordo com a consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso, os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) devem estar fora do balcão. Essa pequena mudança aumenta, no mínimo, em 27% as vendas desses itens.

“Os produtos devem ser agrupados por indicação e separados em subgrupos para definir seu espaço e colocação nas gôndolas. Sua arrumação segue a ordem decrescente de saída, por subgrupo, fazendo, portanto, com que os de maior giro apareçam sempre mais bem colocados do que os de menos saída”, ensina ela.

Entre os subgrupos que devem estar para fora do balcão estão: dor, analgésicos e febre; gripes e resfriados; gastrointestinais; vitaminas, minerais e suplementos; cuidados com olhos e boca; cuidados com os sistemas urinário e reprodutivo; calmante e humor; perda de peso; primeiros socorros.

Confira, a seguir, as doenças mais comuns nos meses mais frios do ano e quais as principais orientações que devem ser dadas aos pacientes.

Asma e bronquite

Muitas pessoas acreditam que asma e bronquite são a mesma coisa, mas não são. De acordo com o pneumologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. José Rodrigues Pereira, bronquite é um termo genérico para inflamação nos brônquios, que pode ser aguda ou crônica (normalmente causada pelo cigarro, nesse caso), enquanto a asma é uma doença, normalmente de fundo alérgico, sem cura.

“A asma é caracterizada por um quadro de hiperreatividade. O asmático tem broncoespasmos, ou seja, contrações do músculo em torno dos brônquios, em resposta a estímulos, que podem ser alérgicos ou não, aos quais uma pessoa normal não reagiria. Após esses espasmos, acontece uma reação inflamatória, com edema do brônquio e formação de muco. Fora das crises, a pessoa que sofre com a doença leva uma vida normal”, explica o médico do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Daniel Deheinzelin.

Mas não é tão fácil diferenciá-las sem ir a um médico, já que os sintomas são os mesmos. Em geral, as pessoas sofrem com tosse, secreção (mais clara ou amarelada), chiado ao respirar, falta de ar e sensação de pressão no peito. O diagnóstico é feito somente pelo médico, que entenderá as nuances de cada uma das doenças.

Para evitar a asma é necessário manter-se afastado dos agentes desencadeantes da doença, segundo o otorrinolaringologista do Hospital Cema, Dr. Andy Vicente. Entre eles estão: poeira, pólen, cheiros, ambientes fechados e tabagismo. Além disso, é preciso realizar tratamentos que abortem as crises e usar medicamentos de controle, se necessário.

“Os tratamentos são divididos entre aqueles da crise e da manutenção, e de acordo com a gravidade da doença. Na exacerbação, costuma-se usar medicamentos inalatórios e fármacos com ação anti-inflamatória, antialérgica e dilatadora dos brônquios. Quadros leves são tratados em domicílio, já os graves podem necessitar até mesmo de UTI. Na manutenção, o mais comum é usar medicamentos inalatórios de forma diária. Podem-se utilizar medicamentos que regulam a resposta alérgica e vacinas com imunoterapia para evitar novas crises”, comenta ele.

Alerta para crianças e idosos

As crianças mais novas não têm em seu repertório imune defesas para os agentes dessas doenças e, por isso, são frequentemente acometidas. Na idade adulta, o repertório é melhor e a incidência cai. Porém com o avançar da idade as comorbidades adquiridas ao longo da vida voltam a facilitar o desenvolvimento desses quadros.Fonte: médico do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Daniel Deheinzelin

A doença acomete cerca de 5% da população mundial e 10% dos brasileiros. Ela é mais frequente na infância, por isso, não é difícil encontrar pessoas que dizem não ser asmáticas, mas que sofreram com bronquite quando eram crianças. Ou seja, apesar de a doença não ter cura, ela pode ser assintomática quando o paciente entra na adolescência ou na fase adulta.

“A asma se manifesta frequentemente na infância, podendo surgir até a terceira ou quarta década de vida. Muito raramente, ou quase nunca, se manifesta depois disso. Já a bronquite, como depende da exposição a agentes irritantes, pode aparecer mais tardiamente”, diz o Dr. Deheinzelin.

Além disso, a incidência da doença é maior no inverno. As temperaturas frias prejudicam o funcionamento adequado da mucosa respiratória, diminuindo seu mecanismo de limpeza e a imunidade local.

“Nessa época do ano, a umidade do ar está baixa e há maior poluição, decorrente da diminuição das chuvas. Essas são condições ruins para os brônquios, além de deixar as secreções mais espessas”, finaliza o médico da BP.

Rinite e sinusite

Comuns principalmente no inverno, as infecções das vias aéreas respiratórias podem incomodar – e muito – o paciente. Denominadas rinite e sinusite, as doenças agem diferentemente no sistema respiratório, mas demandam atenção para que o tratamento seja feito corretamente.

“As rinites e rinossinusites virais são muito frequentes e nada mais são do que o resfriado comum com congestão nasal, coriza e espirros, que dura de três a cinco dias. A rinite crônica (normalmente alérgica) é caracterizada por crises de obstrução nasal, coceira no nariz, espirros frequentes e coriza”, esclarece o otorrinolaringologista e médico do sono do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Renato Stefanini.

Quando não tratada, a rinite pode trazer várias consequências, e uma delas é a sinusite. Nesse caso, a doença evolui para um quadro mais prolongado de congestão nasal, com secreção nasal amarelada e abundante, tosse (principalmente noturna), cefaleia (mais comum nos adultos), em alguns casos, e febre.

Apesar de as duas doenças serem semelhantes, há algumas diferenças. O Dr. Pereira, da BP, explica que a rinite acontece mais na mucosa nasal, enquanto a sinusite ataca mais os seios nasal, frontal e maxilar. E na sinusite, além da inflamação, também há infecções por bactérias que causam a formação da secreção com pus.

“As aglomerações, a não ventilação adequada dos ambientes, a utilização de roupas que ficaram por muito tempo no armário (acúmulo de pós e ácaros), o pouco cuidado das pessoas já contaminadas para com as outras ainda sadias e a não higienização das mãos antes da alimentação são os principais motivos para o aumento da incidência das doenças no inverno”, alerta o otorrinolaringologista do Hospital Cema, Dr. Cícero Matsuyama.

Para evitar o problema, é aconselhável realizar a lavagem nasal diária com soro fisiológico 0,9% ou outras soluções salinas, assim como manter uma alimentação saudável e sono regular de cerca de oito horas por noite para manter uma boa imunidade.

Segundo o Dr. Stefanini, nos quadros de rinites alérgicas, cuidados com o ambiente são importantes para evitar o contato com causadores da alergia como ácaros, fungos e substâncias irritantes (como cigarro, produtos químicos, poluição etc.). A prevenção das rinites virais deve ser feita evitando-se ambientes fechados com aglomeração de pessoas, lavando sempre as mãos, evitando estresse e mantendo hábitos de vida saudáveis.

“A rinite crônica é tratada de acordo com a gravidade dos sintomas e sua frequência. Entre os medicamentos mais usados estão os antialérgicos via oral e os sprays nasais de corticoide. A sinusite aguda bacteriana é tratada com antibióticos e anti-inflamatórios e os sprays de corticoide também são usados frequentemente. A lavagem nasal com soro fisiológico ou outras soluções nasais é prescrita em ambos os casos”, revela o otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês.

A doença pode acometer todas as faixas etárias e, geralmente, tem início na infância. As pessoas com outros tipos de alergia, como a asma, têm mais chances de apresentar rinite alérgica. Em relação à sinusite, a população infantil costuma ser a mais afetada, além de pessoas com imunidade comprometida e idosos.

Garganta e ouvido

Como os canais da garganta e do ouvido estão ligados, é comum que uma infecção em uma dessas partes afete a outra. Não existem diferenças ao pensar nos agentes causadores das doenças, que podem ser vírus ou bactérias. Porém os sintomas e tratamentos dependem de qual parte do corpo foi acometida.

As principais doenças que afetam a garganta são as rinofaringites, as laringites e as amigdalites – cada uma delas significa inflamação em alguma parte do sistema respiratório: faringe, laringe ou amígdalas. Elas causam dor local, dificuldade de deglutição, febre, mal-estar, dores musculares e dor ao se alimentar (por conta da passagem do alimento).

“A laringite é um pouco diferente porque ela leva à rouquidão. Uma das características de quem tem a patologia é a tosse. Ainda que os acometidos pela amigdalite e pela faringite também possam ter tosse, a dor local é o sintoma mais evidente”, comenta o otorrinolaringologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Danilo Anunciatto Sguillar.

Orientações ao paciente

Mais do que se tratar, as pessoas devem evitar o contágio de quaisquer doenças mais comuns no inverno. Cabe ao farmacêutico ajudar na orientação:

• Evitar lugares aglomerados e fechados;
• Arejar a casa sempre que possível;
• Lavar casacos e cobertores antes de usar;
• Fazer higienização nasal diariamente;
• Lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel frequentemente;
• Evitar contato com pessoas já contaminadas;
• Ao tossir ou espirrar, proteger a boca e o nariz.

Já as doenças de ouvido são as otites, que podem ser externas ou médias. As médias estão mais relacionadas ao inverno, e as externas, mais ao verão. Isso porque as otites externas acontecem, comumentemente, quando as pessoas passam muito tempo em piscinas ou no mar.

Porém as otites médias ocorrem, principalmente, a partir de uma sinusite ou rinofaringite. A interligação entre a garganta, o nariz e os ouvidos faz com que o acúmulo de secreção corra para o ouvido médio, acumulando-se na região.

“Um dos nervos responsáveis pela sensibilidade da garganta inerva, também, o conduto auditivo externo, por isso, uma pessoa tem dor de ouvido, principalmente, na deglutição, quando está acometida por uma inflamação de garganta”, complementa o Dr. Matsuyama.

Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Santa Catarina, Dr. José Carlos Burlamaqui, no inverno, o muco se torna muito espesso e acaba ficando nos seios da face, piorando os quadros das infecções.

Para evitá-las e não as transmitir, é aconselhável que os pacientes lavem as mãos e protejam a boca e o nariz com lenços ou com a parte interna do braço ao espirrar e tossir. O paciente deve, também, beber bastante água, alimentar-se bem e ter um estilo de vida saudável, além de evitar o contato com pessoas doentes e manter os lugares arejados.

Quando a pessoa já está infectada, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios ajudam a diminuir o incômodo. Porém o otorrinolaringologista do Hospital Cema alerta para o uso de anti-inflamatórios sem prescrição médica, o que pode ser extremamente perigoso.

A primeira orientação para as pessoas acometidas deve ser o uso de analgésicos (dipirona ou paracetamol), pois essas afecções são autolimitadas, devendo melhorar em aproximadamente cinco dias. No caso de infecções bacterianas, é necessária a prescrição médica de antibióticos.

Gripes e resfriados

A gripe e o resfriado são dois dos grandes vilões nos meses mais frios do ano. A principal responsável pelas doenças não é somente a aglomeração de pessoas em locais fechados, mas as baixas temperaturas, que diminuem o movimento dos pelos do nariz, que filtram as impurezas, deixando passar os vírus com mais facilidade.

“Há, também, outras teorias. É possível que as temperaturas mais baixas e o clima mais seco permitam que os vírus permaneçam suspensos no ar por mais tempo. Além disso, o frio por si só promoveria uma supressão nas respostas de defesa do corpo, tornando-o mais suscetível às infecções”, observa a gerente médica de Franquias Gastro e Respiratória do Aché, Dra. Jana de Ameixa Valentim Fonseca.

Apesar de bastante semelhantes, a gripe e o resfriado são causados por diferentes vírus. Enquanto a gripe é estimulada por variantes do vírus Influenza, os resfriados podem ser originados por mais de duzentos tipos de vírus.

Variação de fármacos

A indicação do medicamento correto depende, substancialmente, da doença e dos sintomas incomodativos. Para isso, antes de orientar o paciente é preciso entender os fármacos a fundo:

  • Anti-inflamatórios: são divididos em dois grupos – esteroides (derivados de corticoides que inibem as prostaglandinas e proteínas ligadas ao processo inflamatório) e não esteroides – AINEs (diminuem o processo inflamatório e a dor). Os quadros inflamatórios surgem quando há aumento da produção de prostaglandina, gerada por meio da ação de uma enzima chamada ciclooxigenase (COX). Os anti-inflamatórios agem inibindo a ação dessa enzima.
  • Antitérmicos: a febre é uma manifestação decorrente de o corpo produzir em quantidade mais acentuada a enzima prostaglandina endoperóxido sintase. A ação do medicamento acontece no início desse processo, na inibição da enzima. Porém os antitérmicos agem no sintoma (elevação de temperatura corpórea) e não na causa do problema gerador do sintoma.
  • Antibióticos: possuem a capacidade de inibir o crescimento ou causar a morte de microrganismos e, por esta razão, são indicados somente para o tratamento de infecções microbianas sensíveis.
  • Descongestionantes: são indicados para o tratamento da obstrução nasal e os corticoides nasais (anti-inflamatórios) são indicados para as pessoas com sintomas severos e/ou persistentes de rinite alérgica.
  • Vitamina C: protege o organismo contra o estresse oxidativo, que participa em inúmeros processos como cicatrização de feridas, melhora as defesas do organismo e é nutriente essencial para várias reações metabólicas.
  • Analgésicos: são medicamentos cujos fármacos podem ser classificados como não opioides, opioides (narcóticos) e adjuvantes (que são administrados por outra razão que não dor, mas podem contribuir com a minimização da dor). Geralmente, os não opioides são os usados para as dores menos intensas e mais corriqueiras, durante um período de tempo curto; esses medicamentos apresentam propriedades analgésica, antipirética, antitrombótica e anti-inflamatória. Todos os analgésicos não opioides são anti-inflamatórios não esteroides, com exceção do acetaminofeno (paracetamol).

 

Entre os principais analgésicos estão:

  • Ácido acetilsalicílico: apresenta ação analgésica, anti-inflamatória, antitérmica e antiplaquetária. Usado para cefaleias, dores musculoesqueléticas transitórias, dismenorreia e hipertermia em adultos.
  • Paracetamol: apresenta ação analgésica e antipirética. Normalmente, é usado para idosos e é o fármaco de primeira escolha para dor leve. A suscetibilidade à hepatotoxicidade é variável e está relacionada ao indivíduo, mas é intensificada pelo consumo de álcool.
  • Ibuprofeno: mais utilizado para dores de origem inflamatória de intensidade moderada. Este fármaco pode ser comparado ao paracetamol, em crianças febris, quanto aos aspectos de início de efeito, efeito antitérmico e tolerabilidade.
  • Dipirona sódica: apresenta ação analgésica e antitérmica.

Fonte: farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti

Segundo o Dr. Matsuyama, os principais sintomas são a febre, a tosse, a congestão nasal, o mal-estar e as dores de garganta e pelo corpo. Porém as manifestações são mais exacerbadas na gripe.

“Em geral, os sintomas da gripe são mais intensos e duradouros. As pessoas com resfriados costumam ter coriza, congestão nasal e espirros. A febre é pouco comum em adultos e, quando ocorre, normalmente é baixa. Já a gripe cursa também com febre mais alta, tosse, dores intensas no corpo e fadiga”, diferencia a Dra. Jana.

A transmissão do vírus acontece por meio da saliva expelida pelas pessoas infectadas, por isso, mudar algumas atitudes é essencial para diminuir a incidência tanto da gripe quanto do resfriado. Entre elas, lavar as mãos com água e sabão frequentemente ou usar álcool em gel; cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir; não compartilhar copos, talheres e alimentos; procurar não levar as mãos à boca ou aos olhos; evitar aglomerações e contato com pessoas doentes; e manter os ambientes arejados e limpos.

Caso a pessoa já esteja sofrendo com uma das doenças, ela pode fazer uma lavagem nasal com solução de cloreto de sódio 0,9%, que alivia os sintomas por permitir a fluidificação e a remoção da secreção produzida nas vias aéreas.

De acordo com a Dra. Jana, alguns dos sintomas podem ser combatidos por meio de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) como analgésicos, antitérmicos, descongestionantes e expectorantes.

Outro fator determinante é a vacina contra a gripe. Para o pneumologista da BP, todas as pessoas deveriam se vacinar contra a doença, não somente aquelas consideradas grupos de risco. A imunização é contraindicada somente para quem tem alergia a ovo ou para quem já teve reação alérgica anterior.

Apesar de ser difícil prever quais os vírus que circularão nos próximos anos, um grupo de especialistas se reúne e avalia as maiores possibilidades. Este ano, a vacina quadrivalente imuniza contra H1N1, H3N2 e dois outros tipos de vírus Influenza B.

Pneumonia

Uma das doenças que mais causam insegurança na população, a pneumonia nada mais é do que uma infecção de um ou ambos os pulmões. De maneira mais precisa, a doença é a infecção dos tecidos pulmonares e seus alvéolos.

De acordo com o otorrinolaringologista do Hospital Cema, Dr. Leandros Constantinos Sotiropoulos, os sintomas da pneumonia incluem tosse com expectoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito ao respirar fundo, vômitos, perda de apetite, prostração e dores pelo corpo.

Para entender melhor a doença, é preciso compreender que existem pneumonias virais e bacterianas. No inverno, o tipo mais comum é a viral, já que os casos de acometidos com o vírus Influenza (causador da gripe) aumentam significativamente.

Nesse caso, segundo o Dr. Pereira, da BP, é comum que o paciente não saiba que tem uma doença mais séria do que a gripe, já que os sintomas são os mesmos. Por outro lado, ela pode provocar um quadro clínico grave, dependendo da pessoa.

“Esses vírus atacam os alvéolos, criando uma primeira inflamação intersticial. Além disso, podem-se formar membranas hialinas (ricas em fibrina), que dificultam a troca respiratória e causam a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), uma forma muito grave de insuficiência respiratória. Geralmente, afeta as crianças”, comenta o Dr. Sotiropoulos.

O curso da doença acontece da seguinte forma: normalmente, começa como uma forma viral das vias aéreas superiores. Depois, o paciente começa a se sentir pior, com tosse seca e agravamento das condições da saúde.

Já a pneumonia bacteriana é uma infecção grave dos pulmões que gera sintomas como tosse com catarro, febre e dificuldade para respirar. Normalmente, a pneumonia bacteriana não é contagiosa e pode ser tratada em casa com a ingestão de antibióticos receitados pelo médico. Porém no caso de bebês ou pacientes idosos pode ser necessária internação.

É comum que as pessoas acreditem que a pneumonia é uma gripe “mal curada”. Porém, segundo o Dr. Pereira, a gripe tem o seu próprio ciclo de cura, mas se a pessoa não se cuida nesse período, não dorme nem se alimenta bem, e não repousa, ela abre precedentes para outras doenças, já que sua imunidade está baixa.

“No frio, os sistemas de defesa, principalmente os cílios das vias aéreas, funcionam de modo mais lentificado, favorecendo a invasão de germes. Além disso, as pessoas tendem a se aglomerar em locais fechados, favorecendo a transmissão de vírus”, alerta o médico do Hospital Cema.

A prevenção da doença pode ser feita lavando-se bem as mãos, principalmente, em casos de período de contágio da doença. A boca e o nariz devem ser cobertos ao espirrar ou tossir. É aconselhável deixar crianças longe da poluição atmosférica. Se possível, amamentar até os seis meses de vida do bebê.

A prevenção da pneumonia bacteriana pode ser feita, também, por meio da vacina pneumocócica. Existem dois tipos de imunizações disponíveis: a 13-valente e a 23-valente. A 13-valente protege de um número menor de bactérias, mas é mais potente. Ela está disponível na rede pública e não precisa de mais de uma dose para ficar protegido. A segunda opção, disponível em clínicas particulares, é menos potente, mas mais abrangente. Nesse caso, o paciente deve tomar duas doses em um período de seis meses de diferença.

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Sazonalidade a favor do varejo

Edição 308 - 2018-07-01 Sazonalidade a favor do varejo

Essa matéria faz parte da Edição 308 da Revista Guia da Farmácia.