Principais problemas da pele no inverno

Saiba quais doenças geralmente acometem a pele nos meses mais frios

A pele áspera e machucada é um indício de que os dias mais frios chegaram. E os principais responsáveis pelo problema têm nome: baixa umidade do ar e temperaturas mais geladas. Mas eles não são os únicos vilões. Com banhos mais quentes, há remoção da oleosidade natural de forma mais intensa, diminuindo o manto lipídico que retém a umidade da cútis.

“No inverno, em geral, o tempo é mais seco, a ingestão de água é menor, a permanência em lugares fechados com pouca circulação do ar é maior e é comum banhos mais quentes e demorados, o que reduz a camada protetora da pele”, comenta a clínica-geral do Hospital Santa Catarina, Dra. Thais Hissami Inoue Lima.

Organização a seu favor

Durante o inverno, a busca por produtos hidratantes aumenta. Nesse momento, a exposição da categoria, facilitando acesso e conhecimento das opções oferecidas pelo mercado, é fundamental.
Pontas de gôndolas, ações promocionais, explorar pontos extras e garantir a experimentação das texturas por meio de testadores e amostras que facilitam o consumidor a encontrar o melhor produto para o seu tipo de pele, são algumas das ações que podem ser feitas.
O mais importante é que a farmácia mostre para os clientes que tem uma variedade de produtos, preços e benefícios que atendem à sua necessidade.

Fonte: gerente de trade marketing da Divisão Cosmética Ativa da L’Oréal, Juliana Valeriano

O coordenador do departamento de oncologia cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Pedro Dantas, esclarece que a hidratação da pele é importante para que ela mantenha suas funções e aparência. Uma pele desidratada, além do aspecto estético mais enrugado, pode aumentar o risco de infecções, ficar mais frágil e até dificultar o controle da temperatura do corpo.

A pele desidratada costuma ser áspera ao toque, sem viço, podendo ter um aspecto apergaminhado e, por vezes, até descamado na sua superfície. São esses sintomas que levam às pessoas a buscar produtos que ajudem a prevenir e tratar o problema. Os hidratantes presentes nas gôndolas podem gerar dúvidas no consumidor que se depara com uma infinidade de marcas, apresentações e componentes.

“Hidratantes apresentam diversas consistências, que variam de gel a loção e são apresentados em cremes ou pomadas. Têm diversos componentes, como ácido hialurônico, ureia, pantenol, silicone, entre outros, melhoram a hidratação e a proteção da pele. Já os óleos corporais têm as propriedades de formar uma camada que reduz a perda de água e deixar a pele com toque mais aveludado”, resume a Dra. Thais.

Produtos indispensáveis

A escolha correta dos hidratantes pode não ser tão fácil como parece. Primeiro, é preciso atentar-se ao tipo de pele do consumidor. Se a pele é oleosa, os produtos em forma de loções ou com toque mais seco são mais indicados para o corpo e em forma de gel ou oil-free, para o rosto. Já na pele mais seca, as opções são os cremes mais espessos, os que tenham manteiga ou óleos na composição ou balms.

Além disso, existem tipos diferentes de hidratantes de acordo com as suas ações. Há aqueles que promovem hidratação por meio da oclusão, reduzindo a evaporação, impedindo a perda de água no extrato córneo, restabelecendo a barreira cutânea. São os mais indicados para quem tem a pele seca.

“Já na hidratação por umectação, as substâncias do produto ‘captam’ a umidade do ambiente para usá-la na hidratação da região tratada. É indicado para peles oleosas. Há, ainda, a hidratação ativa, em que há uma combinação da hidratação por oclusão e umectação, em que o produto possui ativos que promovem a reestruturação da função barreira com ativos que agem na umectação da pele tratada. Normalmente indicados para peles normais a secas”, explica a gerente médica de Mantecorp Skincare, Dra. Mamy Honda Igarashi.

Cada tipo de pele

Oleosa

Apresenta características como brilho, poros aparentes e textura gordurosa. Devem ser usados produtos que têm controle de oleosidade, como os não comedogênicos (não bloqueiam os poros), de preferência com apresentação em gel, gel creme, loção ou produtos livres de óleo.

Seca

Tende à desidratação e costuma descamar com mais facilidade. Mais comum conforme o envelhecimento, por isso combina alta hidratação com fórmulas antienvelhecimento.

Atópica (mais sensível)

Tem textura fina e delicada, tornando-a mais suscetível a fatores externos. Além de hidratar, é preciso que haja ação calmante e barreira cutânea. São recomendados produtos sem perfume, sem conservantes e com texturas de fácil aplicação para evitar a irritação da pele.

Pele mista (presente somente no rosto)

Devem ser usados os mesmos hidratantes de pele oleosa, por promover hidratação e controlar a oleosidade da área T (testa, nariz e queixo).

Fonte: dermatologista sócia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Luciana Gasques

A indústria busca, cada vez mais, criar novas tecnologias que sejam mais adequadas para cada consumidor. Para a diretora médica da Pierre Fabre Brasil (laboratório da Avène), Dra. Ana Coutinho, a ideia de o hidratante ser um creme pesado que vai deixar a pele pegajosa e brilhante se tornou algo antigo. Hoje, o produto pode se apresentar de diferentes formas de acordo com a necessidade da pele e da área de aplicação.

As loções fluídas, por exemplo, são leves e fáceis de espalhar, com sensorial sedoso e rápida absorção e são indicadas para uso diário. Os cremes normalmente possuem um sensorial mais aveludado e fórmulas com maior viscosidade, ricas em ceras e agentes emolientes, normalmente preferidas em regiões de climas mais frios.

Os leites corporais são apresentações extremamente líquidas e associadas com refrescância. Os balms são loções cremosas, fáceis de espalhar como as loções, mas com sensorial de cremoso sobre a pele, geralmente ricos em ativos emolientes.

“Para a hidratação da pele da face, além dos produtos multifuncionais que estão em todos os lugares; séruns, géis e géis cremes que hidratam a pele e oferecem texturas inovadoras como ‘water breaking’ (sensação de partículas de água sobre a pele quando aplicado o produto) com rápida absorção e refrescância aliada à hidratação por 24 horas são grandes lançamentos atuais e que possibilitam a aplicação do hidratante, filtro solar e, ainda, da maquiagem”, frisa.

É comum a procura, também, por óleos corporais. Porém, nem sempre eles são o suficiente para melhorar a hidratação da pele. Segundo a dermatologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dra. Ana Paula Pierro, os óleos têm uma função de filme, ficando em cima da primeira camada da pele. Ou seja, eles servem para diminuir a perda da água, como uma barreira.

“A maioria dos óleos tem um efeito indireto na hidratação da pele. Eles acabam evitando a evaporação da água absorvida após os banhos, por isso a importância do uso de óleos e hidratantes imediatamente após o banho”, revela o Dr. Dantas.

Prevenção em primeiro lugar

A Dra. Ana Paula frisa a importância da hidratação de dentro para fora e uma alimentação balanceada para que a pele desidratada não seja um problema. Orientar os clientes da farmácia é um diferencial, entre as dicas estão:

  • Beber ao menos dois litros de água por dia;
  • Manter uma alimentação balanceada e de qualidade, rica em verduras, legumes, hortaliças e frutas, alimentos que são fontes de vitaminas e minerais que neutralizam os radicais livres, prevenindo o envelhecimento da pele. As frutas ricas em vitamina C, como o morango, a laranja, a tangerina, o limão e a cereja; e vegetais, como o brócolis, o repolho e a cenoura, são exemplos de bons alimentos;
  • Não tomar banhos muito quentes e prolongados;
  • Utilizar sabonetes de pH neutro;
  • Aplicar hidratantes, preferencialmente logo após o banho, que é quando a pele está mais úmida e os poros estão mais dilatados; e
  • Fazer uso de filtro solar para a proteção dos raios ultravioleta (UV).

“As regiões desidratadas devem ser tratadas diariamente durante e após o banho. A manutenção da hidratação dessas áreas mais espessas (áreas mais expostas ao atrito) se inicia na escolha de um sabonete mais hidratante ou um óleo de banho. Após o enxágue, a retirada do excesso de água pode auxiliar na aplicação de um hidratante que tenha propriedades oclusivas, emolientes e reparadoras. Uma esfoliação delicada, sem fricções intensas realizadas durante o banho (uma vez por semana), pode auxiliar a penetração do produto hidratante”, complementa a Dra. Ana Coutinho.

É necessário relembrar os consumidores sobre a importância da hidratação dos lábios. O uso de hidratantes labiais diariamente evita as rachaduras e possíveis machucados. Além disso, uma rotina de cuidados de limpeza, hidratação e proteção solar é essencial.

Problemas do inverno

O ressecamento da pele pode ser mais grave do que somente um problema estético. De acordo com a SBD, algumas doenças são mais comuns durante os meses mais frios. São elas:

Dermatite seborreica

Ocorre principalmente nas regiões que contenham pelos, como face e couro cabeludo. É uma descamação da pele causada pela desregulação sebácea. Os principais sintomas são a intensa produção de oleosidade, descamação e coceira.

Dermatite atópica

A principal manifestação é a coceira, que pode começar antes mesmo das lesões cutâneas aparecerem e pode atingir o rosto, o tronco e os membros. Na infância, as lesões são avermelhadas e escamam. Nos adolescentes e adultos, localizam-se preferencialmente em áreas de dobras da pele, como a região posterior dos joelhos, pescoço e dobras dos braços. A pele torna-se mais grossa, áspera e escurecida.

Psoríase

Doença da pele relativamente comum, crônica e não contagiosa. Fenômenos emocionais são frequentemente relacionados com o seu surgimento, provavelmente atuando como fator desencadeante de uma predisposição genética.

Ictiose vulgar

Pode apresentar apenas ressecamento da pele e descamação fina ou intensa de aspecto geométrico. As áreas mais atingidas são os membros, podendo afetar também a face e o couro cabeludo. Aparece após o nascimento e tende a regredir ou a ter sintomas reduzidos com o passar dos anos. 

Foto: Shutterstock

Doenças de inverno

Edição 305 - 2018-04-01 Doenças de inverno

Essa matéria faz parte da Edição 305 da Revista Guia da Farmácia.