A relação entre o consumo de probióticos e a saúde intestinal mostra-se bastante direta. Afinal, o intestino abriga bactérias boas e as ruins, também chamadas de patogênicas. E os probióticos são bactérias consideradas boas.
“O mecanismo básico de ação é a competição por espaço na mucosa gastrointestinal entre microrganismos benéficos e patogênicos. Além disso, os microrganismos administrados são capazes de produzir substâncias que comprometem o crescimento de bactérias patogênicas. Há ainda fortalecimento da barreira intestinal, reduzindo a permeabilidade do epitélio e estimulando a ação imune”, explica o gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, Dr. Rafael Bandeira Lages.
O nutrólogo e cardiologista do HCor, Dr. Daniel Magnoni, reforça que, quando o intestino tem um pool aumentado de bactérias ruins, o corpo fica suscetível à chamada disbiose, um desequilíbrio da flora bacteriana intestinal que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes e ocasiona carência de vitaminas. “Com mais bactérias boas, podemos reduzir as diarreias, a glicemia e a absorção de colesterol”, afirma.
Aliás, o Dr. Lages lembra que os benefícios podem ir além. “Eles apresentam potencial terapêutico para situações associadas à resposta imune, como alergias, eczemas, infecções virais, potencialização de respostas à vacinação e até mesmo prevenção de infecções vaginais.
DICAs DO GUI: Probióticos x Prebióticos x Simbióticos
Probióticos: bactérias boas, capazes de corrigir a disbiose intestinal. Eles interagem com o organismo por diversos mecanismos para conferir vantagens, como modificação da composição da microbiota intestinal, fortalecimento da barreira epitelial intestinal, adesão competitiva à mucosa intestinal, produção de substâncias antimicrobianas e promotoras da saúde e modulação do sistema imunológico. Eles estão presentes em alimentos como iogurte, kefir, kombucha, chucrute, picles, missô, kimchi e alguns queijos.
Prebióticos: são fibras solúveis que estimulam seletivamente o crescimento ou a atividade de bactérias do bem. Consistem em uma alternativa aos probióticos ou mesmo um cofator. São exemplos são a lactulose, a pectina (presente na casca de cítricos e maçã), as ligninas (presente nas cascas de oleaginosas, como linhaça e gergelim, bem como leguminosas, como a soja), entre outros.
Simbióticos: quando os probióticos e prebióticos são utilizados em combinação, formam-se os simbióticos. Essa associação tem efeitos sinérgicos, pois não só promovem o crescimento de bactérias já existentes benéficas ao cólon, como também atuam melhorando a sobrevivência, a colonização, o crescimento e atividade dos microrganismos recém-adicionados.
Fontes: nutrólogo e cardiologista do HCor, Dr. Daniel Magnoni; e gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, Dr. Rafael Bandeira Lages
No entanto, os resultados de estudos relativos a essas aplicações são preliminares e requerem confirmação adicional”, pondera, acrescentando que o uso benéfico de probióticos vem sendo estudado em diversas situações clínicas, como na redução do tempo e da intensidade de diarreias agudas (principalmente relacionadas ao uso de antibióticos e Clostridium difficile); na
Síndrome do Intestino Irritável (SII); na doença inflamatória intestinal; na intolerância à lactose; em casos de constipação funcional; e na redução de efeitos colaterais associados ao tratamento de Helicobacter pylori.
Sabe-se, ainda, que, de certa forma, algumas cepas (tipos) de probióticos reduzem a absorção do colesterol. As vantagens se estendem a pessoas que sofrem por obesidade. “Eles agem reduzindo a absorção de carboidratos e a glicemia e melhorando a absorção de vitaminas e minerais, bem como o metabolismo”, complementa o Dr. Magnoni.
Quando a suplementação é necessária?
A microbiota – população de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, que habita todo o trato gastrointestinal – é como se fosse a segunda impressão digital de uma pessoa. Ela é única e depende de características como exposições na primeira infância, estilo de vida, medicamentos e material genético hereditário, conforme explica o especialista do Hospital 9 de Julho.
“A correção das propriedades da microbiota desbalanceada constitui a racionalidade da terapia por probióticos. Contudo, apesar dos diversos potenciais benefícios associados ao seu uso, a indicação deve ser individualizada caso a caso com o médico. Lactobacillus, Bifidobacterium e Saccharomyces são os três mais extensamente estudados e mais comumente utilizados em humanos”, explica o Dr. Lages.
Portanto, apesar de benefícios múltiplos, para ter bons resultados, é preciso entender que existem diversos tipos de probióticos e a indicação de um especialista é fundamental para que se alcancem os resultados esperados.
“Não podemos pensar que quando falamos em probióticos, estamos falando apenas de um único produto. Eles não são iguais e é importante saber o gênero, a espécie, a cepa e quantidade de microrganismos em cada um deles, pois cada um pode ter efeitos distintos”, esclarece.
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