Diferentemente de plantas ou animais, os fungos pertencem a um reino biológico próprio, o Reino Fungi. Eles são heterotróficos por absorção, ou seja, decompõem matéria orgânica no ambiente e absorvem os nutrientes. Esses microrganismos podem ser encontrados no ambiente, no corpo humano e em diversos outros locais.
“Algumas infecções fúngicas são superficiais, afetando pele, unhas ou cabelos, enquanto outras podem ser sistêmicas”, diz a ginecologista da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Karina Tafner.
Outra característica do quadro é a causa, geralmente decorrente de algum desequilíbrio da homeostase no corpo do hospedeiro. “No humano, as quedas de imunidade podem fazer com que fungos, que normalmente existem no corpo, se proliferem e causem doenças superficiais (pele, unha, mucosas), subcutâneas (atingindo gordura embaixo da pele) e sistêmicas (afetam órgãos internos)”, explica a ginecologista do Instituto Macabi, Dra. Camila Bolonhezi.
Segundo ela, os principais fungos que causam doenças no ser humano são o Candida, os dermatófitos e os esporos. “Entre os sintomas mais comuns estão: coceira, vermelhidão, descamação da pele, corrimento vaginal, dor/desconforto”, destaca a Dra. Camila.
As doenças fúngicas podem se agravar em diversas situações, geralmente associadas à fragilidade do sistema imunológico ou às condições específicas que favoreçam o crescimento fúngico.
“Alguns dos principais fatores de agravamento incluem imunossupressão, doenças crônicas ou condições subjacentes não controladas, internações hospitalares prolongadas, alterações na barreira cutâneo-mucosa e fatores ambientais ou ocupacionais”, pontua a Dra. Karina.
Micose, um quadro recorrente
A micose é uma das doenças fúngicas mais conhecidas. A Dra. Camila esclarece que é uma infecção causada por fungos que afetam a pele, unha e cabelos. Eles se alimentam de queratina e crescem em lugares úmidos e quentes e é por isso que, no verão, os casos aumentam.
“Os principais tipos são tinea, candidíase e onicomicose. Os sintomas mais comuns incluem coceira, vermelhidão, descamação da pele, corrimento vaginal, dor/desconforto. Já o tratamento normalmente se dá por medidas comportamentais e antifúngicos”, afirma.
As micoses, segundo a ginecologista da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Natalia Castro, apesar de sua grande maioria não colocar em risco a vida do paciente, têm grande impacto no aspecto físico, emocional e psíquico pela sua sintomatologia.
“Essa sintomatologia pode ser exuberante com grande desconforto pelo prurido intenso e intolerável que pode levar a paciente a buscar ajuda no serviço de emergência médica”, diz.
As micoses podem ser transmitidas por meio do contato direto com pessoas, animais, objetos contaminados ou superfícies. Elas podem ser definidas em diferentes categorias, de acordo com o local de ocorrência e o tipo de fungo.
Segundo a Dra. Karina, entre as micoses superficiais estão a Pitiríase versicolor, conhecida como ‘pano branco’, além da Tinha, que afeta pele, unhas e cabelos, e onicomicose, uma infecção fúngica das unhas.
“Há, ainda, as micoses cutâneas que envolvem as camadas mais profundas da pele, geralmente causadas por dermatófitos como Trichophyton, Microsporum, Epidermophyton; as subcutâneas com a Esporotricose, transmitida pela inoculação direta do fungo (Sporothrix schenckii), comumente associada a traumas com vegetais; a micose sistêmica que representa infecções mais graves, como histoplasmose, paracoccidioidomicose e criptococose, que podem afetar órgãos internos e, por fim, as micoses oportunistas que afetam indivíduos imunocomprometidos”, enumera.
Candidíase, o pavor das mulheres
A candidíase é causada pelo fungo do gênero Candida, sendo o Candida albicans o mais comum. Ele é encontrado na microbiota normal das mucosas do trato respiratório gastrointestinal e geniturinário das mulheres. “Estudos apontam que até 90% das mulheres irão apresentar alguma vez na vida uma infecção por Candida”, comenta a Dra. Natalia.
Segundo ela, algumas condições, tanto sistêmicas como locais, propiciam a proliferação desse fungo, como estados de imunossupressão do paciente, a exemplo do diabetes, infecção pelo HIV, uso de anticoncepcionais orais, entre outros.
“Além disso, algumas condições locais como o uso de roupas muito justas e apertadas, sabonetes para higiene íntima com muito pigmento e outros princípios químicos intensos como ‘bactericidas’ e hábitos de higiene local, como duchas íntimas e longo período exposto a um ambiente úmido podem ser gatilhos e propiciar a proliferação exuberante do Candida, levando ao quadro clínico infeccioso que chamamos de Candidíase Vulvovaginal”, conta.
A candidíase pode afetar diversas partes do corpo, incluindo a boca, a pele, o trato gastrointestinal e, mais frequentemente, os órgãos genitais, como a vagina (candidíase vaginal) e a glande (no caso de homens não circuncidados).
“O problema ocorre quando há um desequilíbrio na flora microbiana normal do corpo, permitindo que o fungo se multiplique de forma excessiva”, pontua a Dra Karina. Segundo ela, os sintomas variam dependendo do tipo de micose e da região acometida e incluem:
• Pele: coceira, ocasional e descamação.
• Unhas: espessamento, deformidade, fragilidade ou descoloração (amarelada, esbranquiçada ou escura).
• Couro cabeludo: queda localizada nos fios, lesões com crostas ou áreas inflamadas.
• Mucosas: placas brancas (como na candidíase oral) ou sensação de queimação/vaginite.
A candidíase pode se manifestar de formas variadas, dependendo da área afetada. Os sintomas mais comuns incluem nos casos da candidíase vaginal: coceira, ardência e dor na região vaginal, além de secreção vaginal espessa e sensação de ardor ao urinar ou durante a relação sexual.
Nos quadros de candidíase oral, os sintomas mais comuns são: lesões brancas na boca, língua, gengivas ou interior das bochechas, sensação de dor ou ardor na boca e dificuldade para engolir ou sensação de boca seca.
“Já a candidíase cutânea apresenta vermelhidão e coceira nas dobras da pele, como axilas, virilha e sob os seios, além de lesões na pele que podem ficar inflamadas ou ulceradas”, diferencia a Dra. Karina.
Segundo ela, o tratamento geralmente é feito com antifúngicos, que podem ser administrados de forma tópica ou oral, dependendo da gravidade da infecção.
Fonte: Guia da Farmacia
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