Riscos do dia a dia

Levar um tombo ou bater a perna em algum móvel. Situações como essas não são raras e podem provocar pequenas lesões. Cuidar corretamente do local atingido evita infecções e inflamações de maior proporção

Nas atividades do dia a dia, não é raro bater em alguma coisa: um móvel, uma parede ou até mesmo um esbarrão em uma pessoa. Para as crianças, as quedas são mais constantes por causa das brincadeiras, que podem resultar desde pequenas marcas roxas, até cortes e ralados.

Se essas situações são por vezes inevitáveis, a população precisa ficar atenta em como cuidar desses pequenos ferimentos, tanto para a cicatrização acontecer mais rapidamente, quanto a fim de evitar infecções e problemas mais graves.

De acordo com o coordenador do centro de trauma do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Diogo Garcia, os hematomas são causados por um tipo de sangramento em qualquer parte do corpo. “Na pele, estão relacionados com traumas com sangramento e a marca roxa vai depender do tamanho da veia que estourou.”

Os hematomas, como completa o clínico geral do Hospital Santa Paula, Dr. Paulo Rocha, ocorrem quando há extravasamento e acúmulo (coleção) de sangue entre os tecidos e, normalmente, decorrem da ruptura de vasos sanguíneos em traumatismos.

Existem várias maneiras de se descrever e nomear os ferimentos e suas complicações. Segundo o Dr. Rocha, a classificação médica mais usual de ferimentos segue a lógica do mecanismo que a causou: 

• Ferimentos por meios físicos: objetos que causam contusão, cortantes, perfurantes, lacerativos, escoriativos ou até as combinações destes;

• Ferimentos por lesões térmicas: queimaduras e geladuras;

• Ferimentos por meios químicos: por exemplo, corrosões e queimaduras por ácidos.

Também é rotina a classificação e descrição dos ferimentos/traumatismos em:

• Fechados: quando não há ruptura da barreira da pele;

• Abertos: quando há ruptura da pele com exposição de tecidos internos do organismo.

Tratamentos dos hematomas

Antes de iniciar o tratamento, o Dr. Garcia orienta que é necessário saber a causa do problema para ver o tamanho da lesão. “Se o paciente sente muita dor, dificuldade para andar, por exemplo, necessita de avaliação médica. Em casos em que não apresenta nenhum desses sintomas, o corpo mesmo vai absorver a lesão e se curar sozinho.” Em caso de dores leves, o recomendado é ingerir algum medicamento analgésico para aliviar os sintomas.

O “fim do roxo” depende do organismo de cada paciente, mas o coordenador do centro de trauma do Hospital Samaritano de São Paulo destaca que um hematoma pequeno demora de cinco a sete dias para sumir, já os maiores, podem levar até 15 dias. 

“Os idosos estão mais propensos às lesões, por conta da pele mais fina. A coloração do hematoma muda ao longo do processo de cura, chegando a ficar amarelado quando está no fim do processo.” 

Ainda de acordo com o Dr. Rocha, o principal risco é o de infecção por bactérias que pode ocorrer também nos hematomas. “Em casos mais graves, com grandes extravasamentos sanguíneos, estes podem levar ao choque hemorrágico ou distúrbios de coagulação por consumo dos fatores da cadeia de coagulação até a perda de perfusão de tecidos ou membros por lesões de grandes e importantes artérias. Também pela síndrome compartimental (aumento da pressão em um espaço pequeno), onde um hematoma pode comprimir vasos (artérias ou veias) ao seu redor, prejudicando a circulação sanguínea.”

Tratamento dos ferimentos

Os tratamentos dependem do tipo e das estruturas comprometidas no ferimento, por exemplo: limpeza e suturas para ferimentos abertos, drenagem de hematomas compressivos e curativos para queimaduras, analisa o clínico geral do Hospital Santa Paula.

Para os ferimentos mais leves, o Dr. Garcia destaca que cada assepsia depende do tipo de ferimento do paciente:

• Ralado: limpar bem com água e sabão ou produto antisséptico. Após esse processo, secar bem a ferida e não cobrir, a não ser que o ralado entre em contato com alguma parte da roupa que vá incomodar, nestes casos, pode-se fazer um curativo com gaze e esparadrapo. “Quanto mais aberto, mais rápida a cicatrização. Cuidado também para não tirar a casquinha, já que, durante o processo de cicatrização, a ferida pode ficar manchada se pegar sol”.

• Cortes superficiais: demoram em média 48 horas para fecharem totalmente. O tratamento dura de sete a 10 dias, que é quando o paciente não pode fazer força com a parte cortada. “Em caso de sangramento, comprimir a ferida por quatro a cinco minutos. Esse tipo de ferimento pode ser coberto após a assepsia com água e sabão”.

• Cortes profundos: são caracterizados pelas bordas da pele abertas e com sangramento que não cessa. Nestes casos, é necessário procurar o hospital. “Lavar bem antes de procurar auxílio médico, também com água e sabão.”

Quando o paciente perceber que a região machucada está muito avermelhada ou quente, é sinal que o ferimento está infeccionado. Caso não aconteça nenhum imprevisto, os médicos aconselham fazer a limpeza do ferimento uma vez ao dia.

“Devem-se considerar a natureza, gravidade e extensão dos ferimentos. Por exemplo, a maioria dos ferimentos superficiais de pele cicatriza entre duas e três semanas. Já nos ferimentos mais profundos ou com complicações infecciosas, o tratamento pode durar muitos meses”, alerta o Dr. Rocha. 

1. Após a lesão, realizar a lavagem do ferimento, com água e sabão;

2. Assepsia completa com produto antisséptico;

3. Curativo simples;

4. Observar a evolução do ferimento;

5. Identificar possíveis infecções.

Autor: Vivian Lourenço

 

 

Eficácia comprovada

Edição 292 - 2017-03-01 Eficácia comprovada

Essa matéria faz parte da Edição 292 da Revista Guia da Farmácia.

Deixe um comentário