Nunca se falou tanto do déficit de vitamina D e há diversos estudos científicos sobre o tema. Um deles revela que aproximadamente 16% da população com idade superior a 50 anos tem níveis insuficientes do nutriente, de acordo com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A carência dos brasileiros por esta vitamina tem algumas explicações. A primeira delas é a baixa exposição solar diária, já que a vitamina D se desenvolve no organismo naturalmente somente com a exposição ao sol. O outro motivo para o déficit é a baixa ingestão de alimentos ricos nesse nutriente.
“As fontes alimentares naturais desse nutriente incluem peixes oleosos (como salmão, sardinha e cavala), ovos, cogumelos e fígado”, enumera a reumatologista, doutora assistente do Hospital do Servidor Público Estadual e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR), Dra. Elaine de Azevedo.
Riscos para a saúde
A deficiência de vitamina D acarreta sinais, como cansaço, dores nos ossos, fadiga, dores musculares e mudanças de humor, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Além dos sintomas indesejados, a falta do nutriente passa a ser um terreno fértil para uma série de problemas para a saúde, entre elas, as doenças ósseas. Como a vitamina D ajuda o corpo a absorver e reter o cálcio e o fósforo, sendo essencial para a saúde dos ossos, a probabilidade de ocorrer fraturas fica maior.
“Quando falamos em idosos, a situação torna-se mais grave, aumentando as chances de quedas e, consequentemente, fraturas importantes”, adverte a nutricionista da NotreDame Intermédica, Patricia Mariano Rondello.
Segundo a endocrinologista do Hospital Santa Catarina, de São Paulo (SP), Dra.Priscilla Cukier, o cálcio é absorvido pelo estômago e pelos rins. Mas para que esse processo ocorra, é preciso que se tenha vitamina D.
“Se não há o nutriente, a absorção e reabsorção do cálcio são ineficientes. Além disso, toda a contração de músculo, desde o músculo cardíaco até os músculos da perna, precisa de cálcio, por exemplo”, detalha.
A ingestão diária de cálcio também é um hábito importante para prevenir e tratar a osteoporose, doença que reduz a massa óssea, ocasionando a piora da qualidade dos ossos. E quando a vitamina D é deficiente, todo esse processo é comprometido.
A importância dos níveis da vitamina D interferem até mesmo no andamento do tratamento da osteoporose, como explica o reumatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Dr. Leandro Parmigiani. “Os níveis de cálcio no sangue e de vitamina D devem estar acima do seu limite inferior para que o tratamento da doença consiga ser efetivo”, pontua.
Dosagem de vitamina D requer cuidados
De modo geral, após a realização de exames de sangue, é o profissional de saúde que escolhe a dosagem ideal de vitamina D para cada paciente, de acordo com as necessidades.
“Estes profissionais irão saber orientar, prescrever e traçar a melhor estratégia de forma individualizada para que essa pessoa consiga atingir e depois manter os níveis adequados no corpo de vitamina D”, explica a nutricionista que atende na Unidade Básica de Saúde (UBS Jardim Caiçara), gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM), Francyne Silva Fernandez.
A orientação na administração é fundamental, já que hipervitaminose D, que é a suplementação exagerada, resulta em riscos para saúde, ocasionando náuseas, vômitos, acompanhados de perda de apetite, fraqueza e, até mesmo, pressão alta. Além disso, pode levar a complicações endócrinas e cárdicas, alerta a SBEM.
Sobre as doses para tratamento, elas variam de acordo com o grau de deficiência e com a meta a ser atingida. “De maneira geral, quando está muito abaixo do desejado (abaixo de 20 ng/mL), um esquema de ataque é necessário para repor os estoques corporais”, explica a endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo (SP), Dra. Cristiane Lauretti Funaro.
O processo mais utilizado atualmente é de 50.000 UI/semana (ou 7.000 UI/dia) de vitamina D por 6 a 8 semanas. “Caso a meta não tenha sido atingida, um novo ciclo pode ser proposto. Como pode existir uma variação individual na resposta ao tratamento, a reavaliação dos valores plasmáticos após cada ciclo é o ideal”, ensina a Dra. Cristiane.
Após esse período, a dose de manutenção deve ser instituída e varia de acordo com a faixa etária e com as condições concomitantes (veja box).
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Fonte: Guia da Farmácia