Testes de farmácia: Rápidos e fáceis

Os famosos “testes de farmácia” ajudam no controle e no diagnóstico de determinadas patologias ou em momentos únicos na vida da mulher, como a menopausa e a gravidez. Disponibilidade e informação corretas são essenciais para os consumidores

Na cena de filmes e novelas, a maior parte das mulheres descobre a sua gravidez após um teste feito em casa. A urgência do momento e a ansiedade até a hora de ir ao médico são os principais impulsionadores da busca por um autoteste.

Mas não são somente os testes de gravidez que estão disponíveis na farmácia. Os diabéticos, por exemplo, precisam de um acompanhamento muitas vezes diário de seu nível de glicose, o que é possível com os dispositivos eletrônicos e suas tiras reagentes.

As inovações vão além, hoje em dia, é possível checar quando a menopausa chegou e verificar o período exato da ovulação feminina, até a descoberta de doenças que, antes, demoravam dias para se obter o resultado, como o HIV (sigla em inglês para Human Immunodeficiency Virus, em português, significa Vírus da Imunodeficiência Adquirida). Conhecer os testes disponíveis e como o atendimento deve ser feito são os primeiros passos para melhorar a experiência do consumidor.

Saúde feminina

As mulheres já podem entender diferentes fases de sua vida com testes de farmácias. São comuns nas prateleiras, os de gravidez, fertilidade e menopausa. Todos eles funcionam a partir da urina, que consegue identificar a mudança de diferentes hormônios de acordo com o que a consumidora deseja descobrir.

“Ela pode realmente se autoconhecer e ter uma avaliação mais rápida, ainda que esses testes sejam uma avaliação inicial. Posteriormente, é necessário que haja um acompanhamento com o médico, mas ajuda no autoconhecimento. É importante que ela saiba que esse tipo de produto existe e está disponível, principalmente se busca uma alternativa mais rápida, não tem condição ou tem receio de procurar um médico”, explica a farmacêutica responsável da empresa Confirme, Dra. Adriana Juliani.

Como os testes permitem um resultado rápido e simples, faz a diferença para pessoas que não possuem convênio médico e demorariam para ter acesso ao exame de sangue, por exemplo. Além disso, no caso do teste de gravidez, para que a mulher possa melhorar rapidamente hábitos, como alimentação, consumo de álcool, entre outros.

Segundo o time de Marketing e Regulatório de Clearblue, esses testes são uma maneira de empoderar as mulheres, pois elas mesmas podem comprar, realizar o teste e descobrir o resultado sozinhas (sem a necessidade inicial de ir ao médico para que ele a informe do resultado).

Disponíveis no mercado

• Gravidez: pode ser feito a partir do primeiro dia de atraso do período menstrual. Detecta a presença do hormônio hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana) na urina, já que o hormônio aumenta durante os três primeiros meses de gravidez.

• Gravidez com indicador de semanas: funciona da mesma maneira que o autoteste comum, mas, com base no nível de hCG presente na urina, fornece uma estimativa de quando a mãe concebeu.

• Menopausa: detecta, por meio da urina, a presença do hormônio FSH (Folículo Estimulante), que aumenta significativamente quando a mulher chega à menopausa.

• Álcool: é um aparelho portátil que permite determinar a concentração de álcool no sangue, analisando o ar exalado dos pulmões. O princípio de detecção do grau alcoólico está fundamentado na avaliação das mudanças das características de um sensor sob os efeitos provocados pelos resíduos de álcool etílico no hálito do indivíduo.

• Fertilidade feminina: ajuda a mulher a descobrir os dias de maior fertilidade ao detectar o pico de LH (Hormônio Luteinizante). O hormônio é produzido durante todo o período menstrual, porém, no meio do ciclo, a quantidade dele aumenta, indicando o pico da ovulação, em que as chances de engravidar são maiores.

• Fertilidade masculina: detecta a quantidade de 15 milhões de espermatozoides, valor determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para dizer que um homem é fértil.

• HIV: funciona com a coleta de gotas de sangue e o resultado aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do vírus HIV (sigla em inglês para Human Immunodeficiency Virus, em português, significa Vírus da Imunodeficiência Adquirida). A presença do anticorpo mostra que a pessoa foi exposta ao vírus que provoca Aids.

• Glicose: o sangue é obtido através do dedo ou de outras áreas (como palma da mão, braço e antebraço) e colocado na tira reagente e esta é inserida no medidor. A concentração de glicose é calculada por meio da corrente gerada pela reação química entre a glicose, FAD-GDH (Enzima glicose desidrogenase dependente de FAD) e o medidor.

Fontes: Orange Life; Confirme; e G-Tech

O mais comum dos testes, o de gravidez, funciona de maneira simples. A partir de uma amostra de urina, o teste detecta a presença do hormônio hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana). Este é o hormônio que aumenta durante os primeiros três meses de gravidez. Além disso, já existem testes que revelam de quantas semanas a mulher está grávida.

“O procedimento dos dois testes é muito parecido, ambos detectam a presença do hormônio hCG. Porém, o teste de semanas consegue, com três faixas reativas diferentes, detectar quanto de hCG está presente, determinando se a mulher está grávida de uma, duas, três ou mais semanas”, ensina a Dra. Adriana.

Já os testes de fertilidade ou ovulação ajudam quem quer engravidar. Não é fácil, sem o uso de recursos laboratoriais, identificar com precisão o período fértil. Para ajudar, os testes identificam a ovulação e, consequentemente, o período fértil.

Segundo a Confirme, é possível detectar o aumento do LH (Hormônio Luteinizante). Ele é produzido durante todo o período menstrual, porém, no meio do ciclo, a quantidade dele aumenta, indicando o pico de ovulação, em que as chances de engravidar são maiores. Como o espermatozoide pode sobreviver até mais que 72 horas, é possível que a mulher engravide mantendo relações sexuais três dias antes do primeiro dia fértil.

Por fim, os primeiros sintomas da menopausa causam dúvidas e aflições. E para as mulheres que desejam tirar a prova antes de ir ao ginecologista e fazer os exames finais, já existem testes que as ajudam. Os testes de menopausa detectam a presença do hormônio FSH (Folículo Estimulante), que aumenta significativamente quando a mulher chega à menopausa.

Contra doenças

Assim como os testes de urina, pequenas punções de sangue podem ajudar – e muito – o paciente em sua saúde. Os testes mais lembrados são os de glicose, que auxiliam o controle daqueles que sofrem com diabetes. A maior parte dos testes funciona com um aparelho eletrônico, tiras reagentes e a lanceta (agulha).

O procedimento é simples: ao furar o dedo, o paciente coloca seu sangue na tira reagente e a insere no dispositivo. Ao calcular o nível de glicose no sangue, o dispositivo mostra o resultado em seu monitor.

De acordo com o head da América Latina na área de Diabetes Care da Ascensia (empresa detentora da marca Contour), Rubens Antonio Junior, existem desde produtos extremamente básicos, que fazem a leitura do nível de glicemia, até itens que têm alguns tipos de benefícios, como os de maior capacidade de exatidão, que conseguem ter um monitoramento muito mais preciso, orientar melhor sobre a injeção de insulina e informar o médico com mais precisão.

O Brasil tem uma das mais altas incidências de diabetes na América Latina. Porém, ainda existem pessoas que não sabem controlar a doença. Enquanto os pacientes de diabetes 2 já são usuários de insulina, conhecem os produtos e têm sabedoria de como gerenciar a doença, os do tipo 1 ainda têm pico de alta ou baixa.

Se o resultado for negativo, a recomendação é de que o teste seja repetido 30 dias depois do primeiro e outra vez após outros 30 até completar 120 dias da primeira exposição.

“Ter a disponibilidade dos produtos nas farmácias torna-se fundamental para que as pessoas tenham acesso mais fácil e mais rápido com relação à parte de monitoramento e ao gerenciamento de sua doença”, diz ele.

Além do controle de diabetes, no ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou o primeiro autoteste rápido para HIV no País. Desenvolvido pela Orange Life, ACTION diagnostica anticorpos contra HIV 1 e 2 (o HIV 2 produz menos partículas virais, tendo uma taxa de replicação menor no organismo) por punção digital. O teste funciona com a coleta de gotas de sangue, semelhante aos testes de glicose.

O produto inclui o dispositivo de teste, um líquido reagente, uma lanceta, um sachê de álcool e um capilar (tubo para coletar o sangue) e o resultado demora de 15 a 20 minutos para ficar pronto. É importante que haja a orientação de que a presença do HIV só pode ser confirmada 30 dias após a exposição ao vírus – seja ela por relação sexual, transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou demais formas de transmissão.

Por isso, se o resultado for negativo, a recomendação é de que o teste seja repetido 30 dias depois do primeiro e outra vez após outros 30 até completar 120 dias da primeira exposição.

“Esse produto é uma revolução para os brasileiros que, a partir de agora, terão a possibilidade de fazer o exame de forma muito mais rápida, barata e, se preferirem, poderão preservar seu direito à privacidade”, comenta o CEO da Orange Life, Marco Collovati.

A importância da farmácia

Se os autotestes são benéficos para os consumidores e para a saúde em geral, é preciso que o varejo farma dê a atenção merecida a eles. Para isso, o primeiro passo é que os farmacêuticos e balconistas saibam informar corretamente o consumidor que busca ajuda.

“O papel do balconista e do farmacêutico é fundamental. São eles que devem, em um primeiro momento, estar bem informados e bem treinados e precisam, principalmente, saber as diferenças entre cada um dos produtos. Eles devem ter um mínimo de conhecimento sobre como funcionam os aparelhos para que eles possam orientar da melhor forma possível”, comenta Junior.

Para ele, uma das principais barreiras é o fato dos profissionais sempre informarem com base somente nos preços dos produtos. Porém, a forma de educação no ponto de venda (PDV) tem de ser muito mais para atender quais as necessidades que o paciente está procurando. Ou seja, é necessário entender quais os benefícios e as diferenças de cada teste.

Ainda que as farmácias tenham espaços limitados, os produtos de glicose deveriam ser mais bem expostos. Atualmente, eles estão todos atrás do balcão, mas deveriam ter sua exposição também fora dele, para que as pessoas olhem e manuseiem.

Por outro lado, em relação aos produtos de saúde feminina, como o de gravidez e de fertilidade, é preciso que os atendentes sejam bastante discretos e respeitem a privacidade da consumidora, somente interferindo caso a mulher peça por ajuda. Nessas situações, eles devem estar prontos para entender as diferenças e o modo de utilização de cada um dos produtos.

De acordo com ClearBlue, por ser uma compra muito pessoal, é importante que a categoria esteja no autosserviço, pois muitas mulheres não sabem onde encontrá-la e não se sentem confortáveis envolvendo outra pessoa para pedir e comparar os produtos. Também é importante ter um sortimento correto dos produtos na loja, para evitar uma complexidade desnecessária e garantir que a consumidora tenha itens de confiança à sua disposição.

Junior, da Ascensia, concorda frisando que, ainda que as farmácias tenham espaços limitados, os produtos de glicose deveriam ser mais bem expostos. Atualmente, eles estão todos atrás do balcão, mas deveriam ter sua exposição também fora dele, para que as pessoas olhem e manuseiem.

“O mercado de diabetes tem um nível de incidência muito alto no Brasil, então o acesso é importantíssimo. É preciso ter disponibilidade de produtos, fácil identificação e educação. As pessoas têm de entender melhor e a farmácia entra nesse circuito como uma peça fundamental, porque ela é o ponto de como as pessoas podem tomar esse tipo de decisão”, finaliza ele.

Foto: Shutterstock

Doenças de inverno

Edição 305 - 2018-04-01 Doenças de inverno

Essa matéria faz parte da Edição 305 da Revista Guia da Farmácia.