Unhas fracas podem indicar outros problemas

A condição afeta quase 20% da população e é mais comum em mulheres e idosos

As unhas são constituídas basicamente de queratina, responsável pelo crescimento delas, mas para que cresçam saudáveis, é necessária uma grande variedade de vitaminas, minerais e aminoácidos.

Segundo a médica especialista em dermatologia e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Giselle Sanches, não há apenas uma causa para unhas frágeis, geralmente é um somatório de fatores.

“Os mais comuns são a deficiência de vitaminas gerada por má alimentação, algumas doenças crônicas, como diabetes, alterações na tireoide e anemia, e ações do dia a dia que contribuem para o enfraquecimento das unhas.”

De acordo com a dermatologista da rede de hospitais São Camilo, de São Paulo, e membro da SBD, Dra. Ana Célia Xavier, unhas frágeis também podem ser provocadas por alteração hormonal, carencial ou após recuperação de procedimentos cirúrgicos ou enfermidades. “Pessoas com alterações emocionais, em que a alimentação não ocorre regularmente, também apresentam o mesmo sintoma.”

Unha frágil é um dos primeiros sinais de que algo está faltando. “O organismo trabalha por ‘ordem’ de prioridades, ou seja, as unhas não são de extrema importância para a sobrevivência, portanto, quando em situações de déficit, principalmente de vitaminas, minerais e/ou proteínas, ele vai priorizar as funções de maior importância. Mais especificamente, unhas frágeis podem ser sinal de deficiência de cálcio, ferro, zinco, selênio, complexo B ou proteínas. Esse problema ainda pode estar relacionado com alguma alergia ou hipersensibilidade alimentar, uma vez que, neste caso, há uma alteração da permeabilidade intestinal e consequente dificuldade aumentada na absorção de nutrientes provenientes da alimentação”, revela a nutricionista especialista em Clínica Funcional, Esportiva Funcional e Antropometrista ISAK nível 2, Michelle Cecchin.

Quem sofre com o problema?

A síndrome de fragilidade ungueal pode atingir diversos públicos, mas as mulheres apresentam maior comprometimento pelo uso constante de produtos que causam ressecamento nas unhas.

“Os removedores de esmalte podem provocar degranulação das camadas superficiais das unhas, levando ao aparecimento de pequenas manchas. O processo natural de envelhecimento também contribui com a fragilidade das unhas por meio de desidratação, o que coloca os idosos em um grupo de maior vulnerabilidade para o problema. Pacientes que realizaram cirurgia bariátrica e mulheres no pós-parto também costumam procurar o atendimento nutricional com esse tipo de queixa”, explica a nutricionista especialista em Nutrição Clínica Preventiva, Renata Giudice de Oliveira Lewis.

Já a nutricionista e fitoterapeuta, Mariana Freire, afirma que, normalmente, adultos e idosos, incluindo homens e mulheres, podem vir a ter unhas frágeis, já que após os 30 anos de idade há uma redução no metabolismo basal, consecutivamente uma menor produção de queratina e colágeno. “As mulheres que entram na menopausa também podem sentir mudança na qualidade das unhas”, diz.

A condição afeta quase 20% da população geral, sendo mais comum em mulheres: estas sofrem de fragilidade das unhas com frequência bem maior do que os homens, com uma proporção de 1,6 a 1,7 mulheres para cada homem afetado.

“As mulheres estão sob maior risco, de forma geral, por acabarem se expondo mais às tarefas domésticas (uso de detergente, álcool, saponáceo), além das alterações hormonais típicas de cada fase da vida (pós-parto, pós-menopausa). Os idosos também têm maior risco de desenvolver unhas frágeis, pelo próprio envelhecimento fisiológico, mas também por muitas vezes apresentarem carências nutricionais ou usarem medicações que podem interferir no crescimento das unhas (anti-hipertensivos e anticonvulsivantes, por exemplo)”, explica a diretora da Unidade de Negócios Dermatologia do Aché Laboratórios Farmacêuticos, Mônica Branco.

Aspectos e causas

Os principais sinais do problema são unhas finas e que descamam com facilidade, têm aspecto poroso e apresentam manchas e irregularidades, além de ficarem mais vulneráveis ao ataque de fungos.

“Geralmente, há descamação das unhas em duas ou mais camadas, elas apresentam aqueles risquinhos ou manchinhas irregulares próximo da raiz ou ficam muito quebradiças”, explica a Dra. Giselle.

Como as causas das unhas fracas são várias, cada paciente desenvolve o trauma de acordo com as condições a que está exposto. “As unhas são anexos da pele, formadas por camadas de queratina; então, quando há carência de vitaminas ou proteínas, as unhas ficam menos resistentes às agressões sofridas por sabão, acetona, esmalte, retirada de cutículas”, diz.

Quando procurar ajuda?

É importante que os pacientes busquem ajuda a partir do momento em que forem detectadas quaisquer características de unhas frágeis, como descamação ou estarem quebradiças. Buscar um diagnóstico com um dermatologista para realizar um tratamento correto e completo é imprescindível.

“Quando o problema persistir, é recomendada a ajuda de um nutricionista juntamente ao dermatologista. Além disso, outros sinais, como queda de cabelo e descamação de pele, podem juntos indicar carência nutricional”, diz Mariana.

Já Michelle explica ser necessária uma avaliação mais completa, inclusive por meio de exames laboratoriais, quando o problema se torna crônico ou recorrente, assim será possível fazer o ajuste por meio da alimentação e, quando necessário, suplementação de forma individualizada.

Dietas muito restritivas, falta de hidratação e alimentação desregrada também devem ser consideradas como fatores de risco para a fragilidade das unhas.

Suplementos vitamínicos: aliados importantes

Os suplementos podem compensar ou atenuar eventuais carências nutricionais promovidas por síndromes de má absorção, pós-operatório de cirurgia bariátrica ou outras situações que cursam com uma alimentação inadequada.

“Buscar uma avaliação detalhada dos hábitos alimentares e orientar a inclusão de fontes naturais de vitaminas e minerais também devem ser sempre a prioridade, porém, especialmente no caso do ferro, é fundamental suplementar, a fim de que os níveis adequados sejam atingidos rapidamente. Um grupo com risco aumentado e que deve ter a atenção dos profissionais é o público vegetariano e vegano. É fundamental estar atento ao consumo alimentar desses pacientes, a fim de oferecer os nutrientes de forma suficiente. Ferro, zinco, vitamina B12, aminoácidos essenciais, vitamina A e outros nutrientes podem não estar presentes em quantidades adequadas nesse grupo populacional. Estudos demonstram que o uso de biotina por seis a 12 meses oferece melhora das condições das unhas e pode ser suplementado por um nutricionista”, revela Renata.

Usar óleos e base fortalecedora que contenham cálcio, amêndoa ou cravo-da-índia na composição, a concentração correta do formol e a biotina oral, e manter as unhas hidratadas ajudam a fortalecer as unhas fracas.

“Aumentar o consumo de vitaminas, proteínas e minerais, como leite, ovo, vegetais escuros pode ajudar a deixar as unhas mais fortes e bonitas. Isso acontece porque os alimentos são ricos em vitamina A, B5, ferro, proteína e cálcio e ajudam a repor o que estiver faltando no organismo. Como médica, não recomendo o consumo de suplementos vitamínicos por conta própria, pois alguns casos de unhas fracas podem estar associados a problemas de saúde mais graves”, orienta a Dra. Giselle.

Entre as opções de disponíveis no mercado, suplemento vitamínico oral à base de biotina (vitamina B7 ou H), indicado para o tratamento e fortalecimento geral das unhas até à síndrome das unhas frágeis.

Causas emocionais X alimentação

Quando se está preocupado ou estressado, o sistema imunológico cai e algumas alterações no corpo são sentidas. “Uma pele saudável, assim como uma unha saudável, está associada a fazer atividades físicas prazerosas, ter uma alimentação leve e fresca e adotar um estilo de vida mais saudável. Essas recomendações servem para todos”, orienta a médica especialista em dermatologia e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Giselle Sanches.

Há uma grande relação entre problemas emocionais e o aparecimento de unhas frágeis. Segundo a nutricionista especialista em Clínica Funcional, Esportiva Funcional e Antropometrista ISAK nível 2, Michelle Cecchin, ansiedade ou compulsão alimentar são um dos fatores.

“O paciente tem a tendência de buscar por alimentos mais açucarados, que são muito pobres em nutrientes e vão ainda provocar mudança na microbiota e permeabilidade intestinal, dificultando o correto aproveitamento do pouco nutriente que ainda vem proveniente da alimentação. Outro ponto importante é o estresse. Nos casos de estresse crônico, o organismo passa a ter uma demanda maior de nutrientes antioxidantes justamente para ajudar a reduzir os danos causados por esse sentimento, por consequência, se a demanda passa a ser maior e a oferta diminui, os níveis desses tão importantes nutrientes passam a ficar cada vez mais reduzidos”, explica.

“A biotina pode ser sintetizada pela flora intestinal e também está presente nos alimentos. Ela é encontrada em uma variedade de alimentos, principalmente de origem vegetal: amendoim, farelo de trigo, amêndoa, proteína de soja e farelo de aveia apresentam maiores concentrações. O processamento e a conservação dos alimentos podem reduzir sua concentração. Entre outras funções, a biotina é um estimulante da queratinização, o que justificaria seu uso na reestruturação da saúde e da força das unhas, além de beneficiar também a saúde dos cabelos”, revela Mônica.

Muitos são os nutracêuticos que contêm biotina em sua formulação, porém nutracêuticos só podem ter no máximo 30 microgramas de biotina. Para que ela tenha a ação desejada, deve estar na dose de 2,5 mg. “Somente nessa quantidade, ela tem ação cientificamente comprovada no crescimento e aumento da espessura da lâmina ungueal. Untral é o único suplemento à base de biotina disponível nessa dose e é registrado como medicamento específico”, explica.

Foto: Shutterstock

Terceira idade em destaque

Edição 307 - 2018-06-01 Terceira idade em destaque

Essa matéria faz parte da Edição 307 da Revista Guia da Farmácia.