Medicamento mal armazenado põe em risco a eficácia do tratamento

Projeto de extensão realizado pelo UniCuritiba revela detalhes sobre a farmácia caseira: maioria dos fármacos fica exposta à luz, umidade, calor e insetos

A falta de cuidado no armazenamento dos medicamentos em casa pode comprometer a eficácia do tratamento, colocando a saúde em risco, no entanto, muita gente não se dá conta disso.

Um levantamento realizado por estudantes que participam do projeto de extensão Farmácia Caseira: uma troca de saberes realizado pelo Departamento de Saúde do UniCuritiba revelou que a maioria dos medicamentos é conservada de forma inadequada pela população:

25% são expostos ao calor, 17% à umidade e 17% à luz ou insetos.

De acordo com os professores Fernanda Bovo e Nelson Morini, que lecionam nos cursos de Saúde do UniCuritiba, guardar medicamentos em casa é, portanto, um hábito comum entre os brasileiros.

No entanto, isso não for feito de maneira adequada pode reduzir a eficácia terapêutica, interferindo no resultado do tratamento e colocando em risco a saúde do paciente.

Fernanda Bovo é doutora em Ciências Farmacêuticas e Nelson Morini Junior, doutor em Engenharia Biomédica. Ambos coordenam o projeto que conta, portanto, com o envolvimento de estudantes dos cursos de Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia.

Dessa maneira, o objetivo é levar à comunidade o conhecimento adquirido em sala de aula.

Congresso internacional

Aprovado no IX Congresso Nacional de Extensão e a VIII Jornada de Extensão do Mercosul, o projeto alerta, então, a população para o armazenamento inadequado dos medicamentos em casa e os riscos da automedicação.

No levantamento feito pelos estudantes em uma comunidade de Curitiba, mais da metade dos medicamentos (51%) não tinha prescrição médica.

Outros detalhes também foram verificados durante a pesquisa:

A via de administração mais comum identificada pelos alunos do UniCuritiba foi a oral (86%) e a maioria dos medicamentos (44%) identificada nos domicílios analisados era do tipo genérico.

Os fármacos de referência corresponderam a 37% e os similares, 17%. Manipulados e fitoterápicos somaram 2%.

Classificação

Quanto à classificação, 58% dos medicamentos encontrados nos domicílios eram sem tarja, 40% tinham tarja vermelha e 2%, tarja preta.

Os medicamentos sem tarja, chamados de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) ou OTC (over the conter, que significa sobre o balcão) são os de menor efeito colateral ou contraindicação quando comparados aos demais e, portanto, são vendidos sem prescrição médica.

Nem por isso, explicam os professores, podem ser consumidos indiscriminadamente.

As tarjas amarelas significam que os medicamentos são genéricos e as vermelhas indicam venda sob prescrição (receita) médica.

Em alguns casos, a farmácia faz a retenção da receita para controle dos órgãos sanitários, como, por exemplo, no caso de antidepressivos e alguns analgésicos.

Já os medicamentos tarja preta só podem ser utilizados com prescrição médica e também a retenção da receita pela farmácia.

Risco a eficácia

A estudante do curso de Biomedicina Alessandra Pinheiro é uma das participantes do projeto de extensão. Ela explica que após o levantamento dos dados, os estudantes orientaram as famílias participantes da pesquisa e contribuíram, inclusive, para ajustes e mudança de hábitos.

“Na primeira fase elaboramos um questionário que foi aplicado em uma comunidade de Curitiba. Depois, analisamos as informações e preparamos as orientações com possíveis intervenções para orientar as pessoas sobre a melhor forma de armazenar e ingerir os medicamentos”, explica.

9 dicas do projeto de extensão “Farmácia Caseira: uma troca de saberes”:

  1. Medicamentos não devem ficar expostos à luz, radiações (pilhas, micro-ondas, radiação solar), umidade e temperaturas elevadas.
  2. Armários de banheiros ou cozinhas estão sujeitos à umidade e, por isso, não são indicados para o armazenamento dos remédios.
  3. Mantenha os medicamentos fora do alcance das crianças. Os acidentes domésticos por ingestão acidental de medicamentos são muito comuns e as consequências podem ser graves.
  4. Conserve os medicamentos em embalagens originais e nunca junto com outros produtos, como por exemplo, artigos de perfumaria, limpeza, alimentos, baterias etc.
  5. Só faça uso de medicamentos sob orientação médica. Mesmo os remédios sem tarja apresentam efeitos colaterais importantes e podem, portanto, interferir, então, no resultado do tratamento com outras medicações prescritas.
  6. Salvo em algumas exceções indicadas pelo médico, recomenda-se a ingestão de medicamentos (cápsulas e comprimidos) com um copo de água de 250ml, longe das grandes refeições (como o almoço, por exemplo). Ingerir alimentos junto com os medicamentos pode interferir na absorção do medicamento e eficácia do tratamento.
  7. Alguns medicamentos interagem com cálcio e, portanto, não se recomenda a ingesta de remédios com leite.
  8. Antes de tomar um medicamento, observe a data de validade (tanto da caixa fechada quanto após o preparo, no caso de remédios em pó que exigem diluição).
  9. Portanto, siga a orientação indicada na receita sobre o horário e dosagem do medicamento. Em caso de dúvida, converse com o médico.

Fonte: Ânima Educação

Foto: Shutterstock

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