Mês de conscientização do câncer ginecológico

Apesar de mais comuns na terceira idade, os tumores que acometem o trato reprodutivo podem surgir em outras faixas etárias

Setembro é o mês em referência ao câncer ginecológico.

Dos diversos tipos de cânceres ginecológicos, como o do colo de útero, o terceiro mais comum em mulheres no Brasil, seguido, respectivamente, pelo câncer de ovário e corpo do útero, da vulva e da vagina.

Em geral, mais incidentes na terceira idade, os tumores do trato reprodutor podem também acometer mulheres de outras faixas etárias.

De acordo com o oncologista e diretor do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital BP Mirante /SP; Membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE)/SP, fundador do Instituto Vencer o Câncer (Ivoc) e Membro fundador do Grupo EVA, Fernando Maluf, “como nem todas essas neoplasias apresentam sintomas no início da doença, as mulheres precisam incluir visitas anuais ao ginecologista, realizarem os exames necessários, como por exemplo o Papanicolau, e não esquecer de contar sobre o histórico de câncer em sua família, caso haja algum caso” .

Alguns sinais, esclarece o médico, podem servir de alerta, como dores pélvicas persistentes, não restritas ao período pré-menstrual, inchaço abdominal, flatulência, dor lombar persistente, sangramento vaginal anormal, febre recorrente, dores de estômago ou alterações intestinais, perda de peso acentuada, anormalidades na vulva ou na vagina e fadiga.

“É necessário ficar atenta a qualquer sintoma persistente, uma maneira de aumentar as possibilidades de diagnóstico precoce e início imediato de tratamento. Temos à disposição um novo arsenal de terapias eficazes que atuam em diferentes frentes e conseguem impedir o crescimento do tumor, resultando em maiores chances de controle e proporcionando aumento da expectativa e qualidade de vida à paciente”, destaca.

Exames

Identificado pelo exame de Papanicolau, o câncer de colo de útero tem como principal fator de risco a infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV), que hoje pode ser prevenida com uma vacina. Além da imunização, o rastreamento para identificar lesões precursoras do tumor constitui estratégia importante para o controle desta doença. Pelo menos dois terços das mortes por câncer do colo do útero ocorrem em mulheres que não haviam sido rastreadas com regularidade.

Por outro lado, o câncer de ovário, mais letal que o de mama, costuma ser detectado em estágio avançado, justamente porque é um tumor silencioso, de difícil rastreio.

Contudo, não existem exames específicos para detectar a neoplasia que acomete o sistema reprodutor.

De cada 10 pacientes, apenas duas têm o diagnóstico precoce. Nas demais, a doença é identificada em estágio avançado“, explica o médico. Entre os fatores de risco que devem ser considerados estão: idade superior a 40 anos, histórico familiar, não ter tido filhos ou ter sido mãe após os 30 anos, além do uso contínuo de anticoncepcionais e reposição hormonal.

Outra neoplasia que afeta o sistema genital feminino é o câncer de corpo do útero, mais comum em mulheres na menopausa, embora possa incidir em qualquer faixa etária.

Este tipo de tumor pode aparecer em diferentes partes do órgão, mas o mais comum é o do endométrio, tecido que reveste internamente a parede uterina, chamado de câncer do endométrio.

Uso de imunoterápico

A saber, em abril deste ano, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou, para uso nos EUA, em caráter acelerado, o uso de imunoterápico (anti-PD1), indicado para pacientes com câncer de endométrio avançado ou recidivado com deficiência de (dMMR), previamente expostos a um regime quimioterápico baseado em platina.

Raros, os cânceres de vagina e de vulva são responsáveis por 7% dos tumores ginecológicos.

O controle desses tumores é mais fácil quando a doença é localizada, ou seja, não se disseminou para outras partes do organismo.

As causas do câncer de vagina são ainda desconhecidas, mas a infecção por HPV aparece como fator de risco. Já o câncer de vulva ocorre predominantemente em mulheres de 65 a 70 anos, e geralmente se apresenta como uma úlcera ou placa.

Evolução do tratamento

Apesar de o câncer de ovário ser preocupante, a medicina tem evoluído.

Há novas terapias disponíveis, como o niraparibe, aprovado recentemente pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), e recomendado tanto para pacientes que possuem mutações de BRCA (Breast Cancer gene 1 ou 2, genes diferentes que afetam as chances de uma pessoa desenvolver câncer de mama e ovário), como naquelas que não têm.

De acordo com Maluf, a primeira linha de tratamento do câncer de ovário, em geral, inclui cirurgia para a retirada do tumor, seguida por quimioterapia.

No entanto,  é possível contar hoje com medicamentos como o niraparibe, chamados de inibidores de PARP, enzima que atua no mecanismo de reparo do DNA das células cancerosas.

Câncer de ovário

Indicado para pacientes com câncer de ovário recém-diagnosticadas ou quando a doença reincide, e que fizeram quimioterapia à base de platina e tiveram resposta completa ou parcial a esta terapia.

A eficácia e segurança do niraparibe possuem respaldo de estudos clínicos publicados no The New England Journal of Medicine:

O PRIMA e o NOVA, em 2019 e 2016, respectivamente.

De acordo com resultados do PRIMA, estudo realizado em pacientes recém-diagnosticadas com câncer de ovário, o medicamento apontou redução de 38% do risco de progressão da doença ou morte na população geral e 57% na população com deficiência de recombinação homóloga (HRd).

Já no NOVA, estudo realizado com pacientes que apresentaram doença recorrente, houve, portanto, a redução de risco de progressão ou morte de 73% nas pacientes com mutação no gene BRCA, e de 55% nas pacientes sem essa mutação.

Saúde da mulher: Complexidade feminina 

 Fonte:  GSK

Foto: Shutterstock

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