O Ministério da Saúde fez um alerta para o aumento e a disseminação da febre do oropouche no Brasil. Segundo o órgão, até o dia 13 de março, o País contabilizava 5.102 casos da doença, número cinco vezes maior do que o registrado no ano passado (832). Neste cenário, a pasta chama a atenção de profissionais da saúde para a importância do diagnóstico correto dos pacientes.
O vírus causador da doença é considerado endêmico – ou seja, típico –, da região amazônica. Entre os casos registrados até o momento, 2.947 estão no Amazonas e 1.528 em Rondônia. No entanto, já há ocorrências e casos em investigação em outros 11 Estados: Bahia, Acre, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro, Piauí, Roraima, Santa Catarina, Amapá, Maranhão e Paraná.
Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, acredita que o principal motivo por trás do aumento no número de casos é a descentralização da distribuição dos testes para diagnóstico do vírus em laboratório. Antes, os exames eram concentrados na região endêmica e realizados, especialmente, em ações de pesquisa, quando aconteciam surtos de outras doenças com sintomas semelhantes, como a dengue.
Agora, uma ação do MS incorporou os exames nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) das demais regiões do Brasil, o que levou ao descobrimento de diversos casos da doença pelo País.
A preocupação surgiu após o Acre decretar estado de emergência pela epidemia da dengue. O MS se dirigiu até lá e, ao fazer a investigação dos casos, foram identificadas muitas pessoas que foram notificadas com a doença, mas que, na verdade, estavam com oropouche.
Subnotificação de casos
A possibilidade de subnotificação deixa a situação mais complexa. Enquanto locais da Amazônia – principal região afetada – já tinham maior disponibilidade de exames, as demais áreas do Brasil ainda estão iniciando os diagnósticos.
Essa situação pode sugerir que o número de casos de febre oropouche seja maior do que o que se tem registro. A confusão diagnóstica também contribui para a subnotificação, pois os sintomas da doença se assemelham bastante aos da dengue. Os dois quadros costumam causar dor de cabeça, nos músculos e articulações, além de náusea e diarreia.
Por essa razão, esse vírus, muitas vezes ignorado, só pode ser identificado por exames laboratoriais. Existe apenas um teste capaz de identificar a doença, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Ainda não há mortes registradas pela doença, mas como medidas de prevenção, o MS introduziu estratégias de vigilância da doença e a construção de guias e orientações para os médicos sobre o tema.
O que é a febre do oropouche?
O vírus oropouche é transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. A transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela.
Os sintomas da febre do oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
Entretanto, enquanto os pacientes diagnosticados com dengue podem desenvolver dores abdominais intensas e, nos casos mais graves, hemorragias internas, isso não é observado na febre do oropouche.
Neste, os quadros mais severos podem envolver o comprometimento do sistema nervoso central, ocasionando meningite asséptica e meningoencefalite (processo inflamatório que envolve o cérebro e as meninges), sobretudo em pacientes imunocomprometidos.
Fonte: Estadão
Foto: Shutterstock
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